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Wines of Uruguay promoveu em SP, no último dia 20 de outubro de 2016, evento com a presença de mais de vinte produtores do Uruguai. A recepção dos formadores de opinião paulistanos aos produtores uruguaios foi digna de nota, eis que o salão do hotel onde se realizou a degustação ficou lotado. A seguir nossas impressões sobre os vinhos. É bom destacar que o evento, organizado por CH2A Assessoria de Imprensa, foi conduzido pelo especialista e Presidente INAVI, José María Lez. Além de profissionais, jornalistas, blogueiros e demais formadores de opinião, estiveram presentes representantes das vinícolas: Alto de la Ballena, Antigua Bodega Stagnari, Ariano, Artesana Winery, Bracco Bosca, Casa Grande Arte y Viña, Castillo Viejo, El Capricho, Establecimiento Juanicó, Familia Dardanelli, Familia Traversa, Finca Narbona, Garzón, H. Stagnari, Juan Toscanini e Hijos, Marichal, Montes Toscanini, Pisano, Pizzorno Family States, Rodríguez Bidegain, Viña Eden Viña Progreso.

Representando uma fatia de 47% nas exportações de rótulos do Uruguai, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de países que mais consomem o vinho uruguaio. Em 2015, o consumo ultrapassou 1,3 milhão de litros, principalmente de vinhos elaborados com a uva Tannat.

Originária da região de Madiran, ao sudoeste da França, a variedade é cultivada no Uruguai desde 1870 e se adaptou às condições de solo e clima perfeitamente, tornando-se a uva-símbolo do país.

Seu cultivo é concentrado em áreas geograficamente privilegiadas, com produções familiares e colheitas 100% manuais. A variedade resulta em vinhos encorpados, com aromas e sabores de frutas escuras e especiarias. Apresentando alto teor de taninos, a Tannat é reconhecida por apresentar níveis elevados de resveratrol, antioxidante que ajuda a prevenir doenças cardíacas e o envelhecimento das células. Mas o Uruguai também comprova que vai além da Tannat, trazendo ao Brasil rótulos elaborados também com a Albariño, uva que vem se adaptando de forma excelente ao terroir uruguaio.

Ampliamos o Tannat Tasting Tour em 2016, pois há um movimento significativo durante o evento, possibilitando o contato das marcas uruguaias com alguns dos principais restaurantes, hotéis, sommeliers, lojas e supermercados de quatro importantes e expressivos mercados brasileiros”, explica José María Lez, presidente da INAVI.

Na relação entre Brasil e Uruguai, é importante destacar o essencial papel do enoturismo, que apresentou um crescimento considerável nos últimos 5 anos. Em 2015, os turistas brasileiros representaram 14,5% dos quase 3 milhões de visitantes que desembarcaram no Uruguai. ‘Los Caminos del Vino’, associação formada por 18 vinícolas que trabalham pelo desenvolvimento do enoturismo no Uruguai, participa pela primeira vez em uma edição do Tannat Tour.   A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados:

Garzón Albariño 2015 – Álcool: 13% – Região: Maldonado/Uruguai – importador: World Wine – Preço: R$ 90,20 – Localizada próximo a vários pontos turísticos uruguaios, como Punta del Leste e La Barra, a Bodega Garzón é a combinação perfeita entre história e futuro. Com grande influência da brisa do Oceano Atlântico (a apenas 18 km de distância), solos ácidos onde os pequenos vinhedos, com menos de um hectare cada, revelam toda a expressão de seus microclimas. Para a vinícola os grandes vinhos do mundo são elaborados onde a variedade de uva tem as melhores condições, tais como em Garzón, onde seus vinhos representam esta perfeita integração. Análise organoléptica: elaborado com leveduras indígenas, fermentado em piletas de concreto com controle de temperatura exibiu cor palha esverdeado brilhante. Aromas complexos com notas florais, fruta branca (melão), erva cidreira sobre toques minerais. Boca intensa, firme, rústica e fresca. Acidez vibrante quase cortante. Média persistência, final limpo, sem arestas, mas faltou a elegância da variedade. Avaliação: 88/100 pts.

Casa Grande Arte & Viña Merlot 2015 – Álcool: 12,5% – Região: Canelones – Importador: não tem – vermelho-rubi com reflexo violáceo intenso. Aromas herbáceos que logo cederam espaço para um toque de figo/ameixa sobre um fundo terroso. Na boca vinho de médio corpo, taninos presentes conferindo-lhe alguma maciez, acidez e álcool entrosados. Tem tipicidade mas faltou-lhe personalidade. Avaliação: 87/100 pts.

Prima Donna Cabernet Franc “Crianza en Roble” 2015 – Álcool: 13,5% – Região: Santos Lugares/Canelones – amadurecido oito meses em barricas francesas usadas, exibiu cor vermelho-rubi intenso com boa profundidade. Aromas abertos com notas lácteas (barrica), licor de cassis sobre um fundo defumado. Na boca é um vinho solidamente constituído, de taninos macios (ótima qualidade), álcool integrado, acidez salivante, boa presença de fruta e madeira presente sem exagero, com algumas capas de sabores. Persistente, termina macio, sem adstringência e deixa uma gostosa nota de ameixa no palato. Sem dúvida que a Cabernet Franc é uma das variedades bordalesas de melhor adaptação ao excelente terroir uruguaio! Avaliação: 89/100 pts.

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Familia Traversa Noble Alianza 2014 – Álcool: 13,5% – Variedades: Tannat (50%), Marselan (30%) e Merlot (20%) – Região: Sauce/Canelones – Importador: Angeloni (SC) – A Família Traversa está na quarta geração e sua produção corresponde a cerca de 14% de toda produção do Uruguai. Este blend amadureceu em barricas de carvalho americano de segundo uso. Análise organoléptica:  vermelho-rubi intenso. Aromas finos de baixa intensidade. Notas herbáceas, algum vegetal sobre uma ponta de baunilha. No paladar os taninos instigantes dão o tom. Álcool generoso sem incomodar. Termina limpo, sem amargor, ressentindo-se de um pouco de fruta. Avaliação: 88/100 pts.

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Toscanini Tannat Reserve 2014 – Álcool: 14% – Região: Paso Cuello/Canelones – sem importador para o Brasil – vermelho-rubi intenso, brilhante, luminoso. Nariz complexo com licor de cacau, framboesa sobre um fundo herbáceo. Boca tânica, corpo pleno, acidez equilibrada, álcool generoso, vinho maduro de longa persistência e de ótima tipicidade. Potente, de bom frescor, deve manter seu frescor por mais 3-5 anos. Avaliação: 89/100 pts.+

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Viña Edén Cerro Negro Gran Reserva 2013 – Variedades: Tannat (75%), Merlot (15%) e Marselan (10%) – Região: Maldonado/Pueblo Edén – importador: RJ – quase retinto na cor, este vinho foi uma das agradáveis surpresas da degustação. No começo estava fechado. Bastou alguns minutos na taça para mostrar suas virtudes que não são poucas. Notas de coco, especiarias, framboesa sobre um fino herbáceo. Na boca sua entrada revelou um tinto quente, salivante, tânico (excelente qualidade), de muito nervo e personalidade, como convém. Novo, sem evolução, vai muito longe. Avaliação: 90/100 pts.

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Pizzorno Tannat Reserva 2011 – Álcool: 13,5% – Região: Canelón Chico/Canelones – Importador: Grand Cru – Preço: R$ 153 – quase retinto na cor viva, intensa, com reflexo arroxeado, este opulento e gentil Tannat exibiu aromas clássicos oriundos das barricas (12 meses de carvalho americano judiciosamente utilizado) que não sufocaram a fruta – cerejas e framboesas em profusão, num perfil que chega a lembrar um bom Porto (álcool/fruta, barrica e chocolate). Na boca é simplesmente um tinto monumental, complexo, estilo “Cherry Brand”, quente, com uma acidez gostosa, taninos presentes e um final muito longo. Sem dúvida, um dos melhores representantes da variedade no Uruguai. Avaliação: 90/100 pts.

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Viña Progreso Sueños de Elisa Tannat “barrica aberta” 2011 – importador: Vinci – Preço: R$ 321,39 – Álcool: 13,5% – Região: Canelones/Progreso – um vinho exótico – uma das principais novidades dessa vinícola comandada por Gabriel Pisano, sobrinho de Daniel Pisano, “Sueños de Elisa” é um Tannat elaborado pelo método da “barrica aberta”que lhe dá mais complexidade. Deliciosos aromas de geleia de framboesa sem perder de vista, no palato, a riqueza de taninos da Tannat tendo como contraponto o equilíbrio, elegância e profundidade gustativa. Um vinho que vale à pena ser provado. Análise organoléptica: violáceo quase retinto. Aromas complexos com sugestões lácteas, cereja ao maraschino,  couro, algum terroso sobre um fundo mentolado. Na boca a sua entrada revelou um tinto potente, denso (não é filtrado nem clarificado), que usa leveduras nativas para lhe conferir personalidade. Sua cor está longe de denunciar sua idade e a maciez de seus taninos faz supor tratar-se de um vinho prazeroso. Longo, mineral, seco, sem superextração e persistente, inegavelmente um dos destaques da degustação, prova de que há Tannats elegantes. Avaliação: 91-92/100 pts.

Vinhos da Finca Narbona
Vinhos da Finca Narbona

Narbona Tannat Roble 2013 – Álcool: 14%Região: Colonia/Carmelo – Importador: Devinum – Preço: R$ 140 – exibiu cor profunda, aromas complexos com notas de framboesa, ameixa, cana de açúcar, garapa, balsâmico e um toque de fortificação a lembrar Porto. Na boca os poderosos taninos da Tannat estão presentes sem agredir o palato. Quente, encorpado, potente, bom na acidez, mastigável, taninos firmes, os quais encontram contraponto na acidez e no álcool sintonizados entre si. Aqui a fruta também assume a dianteira, mas o fim-de-boca recomenda mais um tempinho na garrafa para o completo afinamento do conjunto. Avaliação: 89-90/100 pts.+

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Aripuca Licor de Tannat Clásico 2014 – Álcool: 16,6% – Região: Sauce/Canelones – Sem importador para o Brasil – Granada brilhante. Aromas finos e convidativos com notas de licor de cacau e chocolate branco. Na boca sua entrada revelou um vinho de grande untuosidade, quente, de taninos finos e de boa doçura compensada pela acidez pulsante. No retrogosto uma nota de bala toffee. Merecia um rótulo de melhor qualidade. Avaliação: 89/100 pts.

Conclusão –

O Uruguai continua avançando e a prova disso é que novos produtores (que terão posts publicados oportunamente) participaram da degustação (alguns exemplos: Artesana Winery, Bracco Bosca, Casa Grande Arte y Viña, El Capricho, Familia Dardanelli, Familia Traversa, Finca Narbona, Garzón, Juan Toscanini e Hijos, Rodríguez Bidegain e Viña Eden) e mostraram vinhos de qualidade internacional. A produção uruguaia a cada ano se esforça para demonstrar que outras variedades além da Tannat pontificam no terroir local. A grande aposta na ala das brancas e com a Albariño e nas tintas os blends provam que a Tannat também cresce nas parcerias, ganhando fruta e suavidade. Enfim, a degustação, repleta de novidades,  não caiu na mesmice. Enfim o Uruguai avança a passos largos rumo à almejada diversidade com muita qualidade.

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