Sobre a casta Sousão

Também conhecida por  Sousão Forte, Sousão de Comer, Sousão Vermelho a melhor explicação vem de Rui Falcão, na Blue Wine 20: “As suas origens são inegavelmente minhotas, região onde é reconhecida pelo nome Vinhão. Mas responde igualmente pelos nomes Tinto, Tinto Nacional, Negrão, Pé de Perdiz, Espadeiro Preto, Espadeiro de Basto, Tinta Antiga e Tinta de Parada. Curiosamente, é igualmente considerada e conhecida em Espanha, na região da Galiza, onde é apelidada de Souson. Não é difícil descobrir um traço comum nas várias sinonímias conhecidas, a referência à cor negra e intensa, a característica mais distintiva da casta Sousão. Porque é a cor que verdadeiramente singulariza e diferencia esta casta nacional. Por natureza dá origem a vinhos pretos, escuros, opacos, fechados, quase impenetráveis à luz. Curiosamente, e ao contrário do que é habitualmente afiançado, a casta Sousão não é uma casta tintureira. Ou seja, a casta Sousão não contém matéria corante na polpa, no sumo da fruta. Tal como na maioria das castas tintas, a matéria corante apenas se encontra presente na película…embora no caso da Sousão em quantidades pungentes que a tornam numa das castas internacionais com maior intensidade corante! Foram estas características tão peculiares que a tornaram apetecível no Douro, a segunda região de adoção desta casta tão original. Foi o Douro que melhor aproveitou a sua capacidade tintureira, em compensação direta à escassez de matéria corante em castas autóctones, como a Mourisco ou a Rufete. A Sousão cedo mostrou as suas virtudes colorantes no Vinho do Porto, região onde se celebrizou pela relevância no lote final do Quinta do Noval Nacional. Mas os vinhos de Sousão são, por regra, vinhos rústicos, de acidez muito elevada, vinhos fortes e marcantes… pela incrível acidez. Na região do Vinho Verde, onde é a casta tinta mais plantada, os resultados são conhecidos… e geralmente detestados por quem não é natural da região. Perdeu admiradores ao longo da história, mas hoje assiste-se a um revivalismo da casta, a novas plantações, a novos vinhos extremes da casta. Se é uma moda passageira ou um movimento consistente é algo que só o futuro poderá confirmar. Certo, certo é que a casta também é plantada na África do Sul, Brasil, Austrália e Califórnia”.

Degustação –

Quinta do Vallado Douro DOC Sousão 2007 – 13,5% de álcool – Elaborado à partir de vinhas velhas de Sousão, com passagem por barrica de carvalho francês durante vinte meses. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo, com reflexo violáceo e halo púrpura nas bordas sem denunciar o peso de dez anos. Aromas florais com destaque para violetas, frutas negras sobre um fundo vegetal. Boca no mesmo diapasão, taninos presentes contrabalançados por acidez pungente. Álcool integrado sem incomodar. Frutado (ameixa e figo), seu estilo é bastante fiel à variedade que lhe deu origem. Maduro e com um toque de amoras, é rústico, ácido, intenso, persistente e deixa uma nota de especiarias (cravo) no fim-de-boca. Recebeu de RP 89/100 pts. em 31.12/2009, 92/100 pts. da WS em 28.02.2010 e 93/100 pts. da Revista Adega em 27.01.2011 – Avaliação: 89/100 pts. +

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