A Pinot Noir é uma variedade emblemática, que seduz não só aos consumidores mais exigentes, mas também enólogos de todo o mundo que, conhecendo-a, sabem-na extremamente difícil de trabalhar e tentam incansavelmente alcançar o Pinot Noir perfeito.
Por Pablo Rodríguez Mezzetta para Bodegas del Uruguay
Por que parece tão indescritível ? O que tem este vinho translúcido que tanto atrai?
A Pinot Noir é uma variedade de grãos pequenos, casca muito fina, cachos compactos e grande sensibilidade climática. Incomoda-se com as altas temperaturas e só atinge a sua melhor expressão nos anos que tem período dilatado de maturação, com uma menor quantidade de precipitações e temperaturas muito estáveis.
Embora a origem de seu prestígio é reconhecidamente na Borgonha, França, há agora vinhas muito famosas no mundo todo, que são muito procuradas pelos apreciadores e colecionadores.
O Oregon, mais precisamente Willamette Valley, Estados Unidos, é um dos rincões de importância para essa variedade. Tem um elevado número de produtores que desenvolveram um tipo de Pinot Noir rico, facilmente identificável para os conhecedores, com vinhos frescos, de baixo teor de álcool e de aromas também frescos e terrosos.
Outro lugar de destaque é Central Otago, uma região situada na Ilha Sul da Nova Zelândia. Aqui se produzem vinhos de uma acidez invejável e aromas muito frescos de frutas vermelhas frescas, porém menos terrosos do que os do Oregon.
A Alemanha é um dos jogadores de destaque. Em regiões como Baden e, acima de tudo, Ahr, muito perto da fronteira com a França. Aqui a variedade é conhecida como Spätburgunder e produz um vinhos muito mais escuros do que seu vizinho França, mas com um menor grau de álcool e aromáticos frutados.
Mas, é claro, como já dissemos, o coração desta variedade é 99% a França, particularmente a Borgonha. Esta região se estende de norte a sul em uma tira delgada apostada no leste do país, produzindo vinhos únicos e distintos ao largo de seu território. Os de maior reconhecimento pertencem à área conhecida como Côte de Nuits, da qual vinhos de renome mundial elaborados em parcelas muito pequenas como Vosne-Romanée o Nuits-Saint-Georges, entre outros.
O prestígio desses poucos metros quadrados de terra é tanto que o produto de algumas safras excepcionais pode atingir valores de alguns milhares de dólares, tornando-se as jóias mais procuradas pelos fãs, colecionadores e conhecedores. Esta região não é apenas conhecida pela qualidade dos seus vinhos, mas também pelo belo entorno onde as vinhas estão, entre colinas levemente inclinadas, pequenas aldeias de estilo medieval de antigas e sólidas raízes religiosas entre si.
No Uruguai, por tudo que ocorreu no início, é muito difícil de alcançar um bom Pinot Noir de forma constante entre as safras, devido à instabilidade do nosso clima e, acima de tudo, à umidade. Ainda assim, há boas exceções, perfeitamente elaborados e diferentes, apresentados a seguir:
Marichal Reserve Collection Pinot Noir 2015 | Marichal Winery
Os consumidores avançados não deve se surpreender com a aparição deste vinho aqui. Se você tivesse que nomear uma especialidade de Marichal seria precisamente o Pinot Noir. 2015 foi uma grande colheita para este vinho procedente de Paraje Etchevarría em Canelones, que conseguiu uma acidez pulsante no paladar e aromas delicados de fruta vermelha fresca com uma presença de barrica delicadamente fundida.
Juan Carrau Pinot Noir 2015 | Bodegas Carrau
E por falar em clássicos, este é um. Estilo claramente francês, com um longo mas suave amadurecimento em barricas de carvalho francesas e americanas usadas, atinge um equilíbrio quase perfeito entre a presença de carvalho e frescor no paladar. Oriundo de terrenos argilosos e coloridos de Rivera, este Pinot Noir em boas colheitas normalmente alcança um desenvolvimento muito interessante de suas fragrâncias com o passar dos anos se for bem conservado.
Bouza Viñedo Pan de Azúcar Pinot Noir 2015 | Bouza
É a novidade desta selecção, uma vez que faz relativamente pouco tempo que foi colocado à venda os vinhos do novo terroir de Bouza, localizadas em Pan de Azúcar, mais especificamente nas encostas da colina homônima. Como uma opinião totalmente pessoal, penso que este Pinot Noir em poucos anos dará o que falar, porque este vinhedo atualmente produz um vinho muito bom estruturado com videiras ainda jovens e este tipo de variedade alcança todo seu encanto e esplendor com plantas maduras. A isto se soma a brisa do oceano que recebe, fundamental para moderar as altas temperaturas e barrar as geadas matinais, todos fatores que permitem apostar no futuro deste vinho.
Finca Agostina Pinot Negro 2014 | De Lucca
Um vinho selvagem com todas as letras, com o toque típico del Tano De Lucca. Cor potente (para o que é geralmente a Pinot), aromas animais e de especiarias escuras, deixando a delicadeza dos estilos clássicos franceses. Fermentado e envelhecido em barricas usadas, tem uma boca seca de presença imponente. Rompe os moldes clássicos sem perder o toque de complexidade que deve ter essa variedade. O mais gastronômico de todos nesta lista.
Narbona Pinot Noir 2015 | Narbona
Um poderoso Pinot na sua categoria. Enquanto não há um histórico de colheitas, este Pinot tende a se tornar uma referência em termos de estilo. A área de Carmelo, em Colônia, onde está localizada a vinícola, tem um terroir maravilhoso para essa variedade, porque seu entorno, cercado por rios (de la Plata e Uruguai), ajuda a moderar os extremos climáticos, tanto o frio intenso como o calor exauriente. Em geral o álcool tem baixo teor, o que lhe dá um toque refrescante. É amadurecido em carvalho americano e francês com uma interessante contribuição de vários aromas decorrentes de seu amadurecimento.
Fonte: http://www.bodegasdeluruguay.com.uy/notas/leer/en_busca_del_pinot_noir_perfecto
Traduzido para o português (Brasil) por Jeriel da Costa, que foi autorizado pelo autor a fazer essa tradução. Proibida a reprodução sem autorização.
