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Durante os dias 13 a 16 de maio, este redator esteve no Uruguai para conhecer as vinícolas integrantes do grupo denominado “Micro-terroir-istas”. Conhecer este projeto é valorar o esforço de pequenos produtores e a busca da excelência em vinhos e qualidade de vida: “Nos unen las diferencias” é o seu slogan. A segunda vinícola a ser conhecida, no dia 14, foi a BraccoBosca, comandada pela dinâmica Fabiana Bracco, líder do grupo.

Os vinhos degustados - homogeneidade qualitativa com destaque para o incrível Cabernet Franc. Sinal que o Uruguai não é somente a "terra da tannat"
Os vinhos degustados – homogeneidade qualitativa com destaque para o incrível Cabernet Franc, sinal  que o Uruguai não é somente a “terra da tannat”

Bracco Bosca está estabelecida na Carretera Sosa Diaz km 43.500 – Piedra del Toro, Atlantida – Uruguai – email: sales@braccobosca.com – Tel: +598 (0) 95 225853. É uma vinícola verdadeiramente familiar fundada em  2005, localizada a 8 km de distância do litoral uruguaio e já é conhecida pelos seus já clássicos exemplares de Tannat. Elaborados minunciosamente pelas famílias Bracco e Bosca, os vinhos Ombú são cultivados em um microterroir, na região do Rio Del Plata. Ombú é homenagem à árvore nativa do Uruguai que também está presente na região da vinícola. Segundo uma história local, os antigos proprietários das terras da vinícola tinham o costume de guardar suas riquezas sob a árvore Ombú. Com o passar dos anos, a árvore acabou sendo atingida por um raio e perdeu suas folhas. Com o surgimento da vinícola, a árvore ganhou vida novamente, trazendo um significado para a BraccoBosca de que seus vinhedos são a sua maior riqueza, eis que estão localizados numa “cuenca ecologicamente protegida” segundo assinalou Fabiana. Os vinhos são produzidos pelo habilidoso Enólogo Marcelo Laitano, que também assessora as vinícolas Pizzorno e Casa Grande. A vinícola possui 4 + 7 hectares de vinhedos, tem foco na sustentabilidade e não usa pesticidas, portanto, tem cuidado especial com o meio ambiente. Fabiana Bracco é uma mulher dotada de grande iniciativa, fala diversos idiomas, conhece  o mercado internacional de vinhos como ninguém sendo o tipo de liderança que se impõe naturalmente em decorrência de suas atitudes. Enoturismo: a pequena BraccoBosca já nasce com a inequívoca vocação de crescer, eis que está sediada em local de fácil acesso e seus vinhos são bem conhecidos. Além disso, Fabiana pretende instalar uma pousada inicialmente de quatro habitações e recuperar um VW Kombi alemã ano 1962 que funcionará como uma espécie de “Wine Kombi”.  A seguir descrições e respectivas avaliações dos vinhos degustados:

Bracco

Ombú Sauvignon Blanc 2016 – Álcool: 13% – Região: Piedra del Toro/Atlántida/Canelones – De fato, os vinhedos localizados a apenas oito quilômetros do mar entregam muito frescor e intensidade ao aroma deste Sauvignon Blanc. Análise organoléptica: palha brilhante a denunciar sua juventude. Nariz fino com notas florais (flor de maracujá), frutadas (ligeiro cítrico) e vegetais (arruda). Boca elegante, acidez delicada, excelente tipicidade esbanjando frescor e mineralidade. Prazeroso, destaca-se por seu equilíbrio e, principalmente, vivacidade. Avaliação: 89-90/100 pts.

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Ombú Tannat 2015 – Álcool: 13,6% – Região: Piedra del Toro/Atlántida/Canelones – violáceo intenso, profundo, essa intensidade de cor intensa é típica da variedade. Aberto nos aromas com framboesa sobre um leve fundo herbáceo. Na boca é tânico, mas a boa acidez e o álcool integrando dão suporte e equilíbrio ao conjunto. Fácil de beber, um típico Tannat, bem feito, alegre e vivaz. Avaliação: 89/100 pts.

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Ombú Tannat/Syrah/Petit Verdot 2015 – Álcool: 12,8% – Região: Piedra del Toro/Atlántida/Canelones – A Tannat participa com 40% e confere estrutura. A Syrah contribui com fruta e a Petit Verdot longevidade. O resultado é um vinho de cor acentuada, aromas tostados, taninos  macios, álcool integrado e boa expressão de fruta. Suculento, fresco, jovem, o tempo será seu grande aliado eis que tem plenas condições de evoluir na garrafa. Um vinho que já conquistou sete mercados e pelo visto, outros mercados serão conquistados. Avaliação: 89/100 pts.+

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Ombú Petit Verdot Reserve 2016 – Álcool: 13,8% – Região: Piedra del Toro/Atlántida/Canelones – Uma das estrelas desta pequena mas muito promissora vinícola, este Petit Verdot tem cor intensa e profunda, aromas finos (frutas negras, leves cassis) e no paladar, taninos presentes, acidez média, boa presença de fruta num tinto balanceado, fácil de beber e surpreendente, eis que a Petit Verdot é pouco cultivada no Uruguai. Recentemente, amealhou medalha “grande ouro”em concurso de sommeliers “Vino Sub” realizado no Uruguai. Avaliação: 89/100 pts.+

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Ombú Tannat Reserve 2016 – Álcool: 14,5% – Região: Piedra del Toro/Atlántida/Canelones –  aqui 50% do vinho permanece 5 meses de maturação em barricas de carvalho e as uvas são oriundas de dois vinhedos – Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo. Aromas abertos com leves notas florais e de baunilha. Bom volume de boca num tinto massivamente potente, quente, tânico,  integrado, de boa acidez e ótima persistência final. Avaliação: 89-90/100 pts.+

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Ombú Cabernet Franc 2016 – álcool: 14% – região: Piedra del Toro/Atlantida/Canelones – vermelho-rubi intenso, brilhante, profundo sem halo de evolução. Aberto, intenso e elegante nos aromas com a fruta vermelha sobressaindo sobre um fundo a lembrar terra úmida. Depois de algum tempo na taça apresentou o toque herbáceo característico da Cabernet Franc, mas com finesse. Paladar poderoso, equilibrado, nitidamente francês, taninos aveludados que encontram suporte na acidez plena e no álcool integrado. Perfeita comunhão entre fruta e madeira, com a primeira assumindo o papel de protagonista num dos melhores exemplares da casta no Uruguai. O tipo de vinho de grande plenitude, bem delineado, sem arestas. O fim de boca é longo, persistente, marcado pela fruta e pelo prazer! Avaliação: 92/100 pts.+

 

Pensamentos. Segundo Fabiana “…não herdamos as terras de nossos pais; pedimos emprestadas a nossos filhos”.

 

CONCLUSÃO

Para uma vinícola que acaba de lançar os resultados são promissores, mas a tendência é a de que esses vinhos entusiasmem ainda mais nas próximas edições. Por ora, os Tannats são ótimos, mas o Sauvignon Blanc realmente se mostrou de elevada qualidade por refletir com fidelidade o terroir local que tem nítida influência do Atlântico. Os Tannats, por exemplo, são modernos, fáceis de beber e sem a rusticidade característica da variedade. São de estilo moderno porque já estão prontos para a taça. Essa é a vantagem da clara opção feita pelo enólogo Marcelo Laitano de fazer vinhos para beber logo. O blend de variedades se mostrou promissor. Seu Cabernet Franc foi apontado pelos participantes do lançamento do Guia Descorchados 2017 como um dos três melhores ao lado nada menos do Enemigo de Alejandro Vigil e do exemplar elaborado por Carmelo Patti, ambos argentinos, o que é um fato que não pode ser desprezado. Enfim, os vinhos BraccoBosca tem tudo para conquistar seu lugar no mercado brasileiro, porque a vinícola está no caminho certo, inclusive a opção pelo Enoturismo. Reitero: vamos aguardar atentamente as próximas safras!

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