Engenheiro-agrônomo Jaime

A importadora Terruares (São Paulo) promoveu, no dia 2 de junho de 2017, o lançamento do vinho chileno Acrobata N° 3, produzido com uvas das regiões de Peumo e Apalta com uma seleção do melhor das safras 2012-2013 e 2014, das variedades Cabernet Sauvignon, Carménère e Syrah. A degustação (às cegas) foi conduzida pelo engenheiro agrônomo e bodeguero Jaime Roselló Larrain. O vinho foi elaborado pelo famoso enólogo franco-chileno Patrick Valette e já recebeu 95/100 pts. do crítico britânico Tim Atkin (Master of Wine).

Degustação Acróbata –

O Acróbata foi elaborado pela primeira vez em 2011 por Jaime Roselló Larrain – corte de Cabernet Sauvignon (69%) e Carménère (31%); em 2012 o corte alterou-se: Cabernet Sauvignon (69%), Carménère (21%) e Syrah (5%). O vinho não foi produzido nas safras 2013 e 2014 e, finalmente, surge o número 3, blend de safras (2012, 2013 e 2014) e de variedades (Cabernet Sauvignon 51%, Carménère 39% e Syrah 10%). É também um blend de sub-regiões. As uvas são do Vale de Rapel, parte vem de Apalta (Colchágua) e a outra de Peumo (Cachapoal). O vinho amadureceu durante dezoito meses em barricas de carvalho francês, sendo 50% novas. O que mais chamou atenção foi a decisão ousada do engenheiro agrônomo Jaime Rosello Larrain que também já produziu o ícone Neyen de Apalta de apresentar sua nova criação: o Acrobata n° 3 – blend de safras e de variedades numa incrível degustação as cegas. E não é que dois de seus vinhos se destacaram? O Acrobata que lançou nesta oportunidade e o gigantesco Neyen.

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A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados às cegas e na ordem decrescente de preferências deste redator, destacando que todas garrafas foram trazidas do Chile mesmo aquelas de vinhos que já contam com importador no Brasil:

5° El Principal 2013 – Álcool: 15% – Variedades: Cabernet Sauvignon (93%) e Petit Verdot (7%) – Região: Pirque/Alto Maipo –

4° Caballo Loco XVI – Regiões: Vale de Maipo, Vale de Colchágua e Vale de Curicó – Variedades: Cabernet Sauvignon, Malbec, Carménère, Merlot, Cabernet Franc, Syrah e Carignan – Álcool: 14,5% – irreconhecível este Caballo Loco. Na taça exibiu cor vermelho-rubi intenso, profundo demonstrando concentração. No nariz é complexo porque revela nuances intensamente frutadas com sugestões de cassis, groselha, amora secundadas por uma suave nota mentolada. No paladar a situação foi bem diferente. Boca tânica, álcool sobrando, uma ponta de rusticidade, acidez salivante e fim-de-boca de média longa-persistência. Degustado às cegas, exibiu perfil que se distância do Caballo Loco a que estamos acostumados, um tinto potente e elegante; aqui um vinho rústico, irreconhecível às cegas, mesmo por hábeis degustadores como os presentes no evento. Avaliação: 88/100 pts.

3° Altair 2008 – Álcool: 14,7% – Região: Vale de Cachapoal – Variedades: Cabernet Sauvignon (82%), Syrah (13%), Carménère (3%) e Petit Verdot (2%) – vinho amadurecido 10 meses em barricas de carvalho francês, sendo 50% em barricas novas e 50% em barricas usadas. Análise organoléptica:  vermelho-rubi com reflexo granada. Nariz complexo – aromas intensos com notas balsâmicas, cânfora e mentol. No paladar é exibiu corpo médio, taninos macios, saboroso, ressentindo-se de um pouco mais de potência, mas seu final harmonioso lhe porpoprcionou muitos elogios. Avaliação: 90/100 pts.

2° Acróbata N° 3 – Álcool: 13,5% – Regiões: Colchágua (Apalta) e Cachapoal (Peumo) – Variedades: Cabernet Sauvignon (51%), Carménère (39%) e Syrah (10%) –  Preço: R$ 169 – vermelho-rubi intenso, profundo, brilhante. Aromas florais, licor de cassis, frutas vermelhas e negras sobre uma discreta nota de compota. Na boca exibiu excelente evolução na taça eis que com o passar do tempo ganhou maciez e elegância. Corpo bom, álcool integrado e acidez na medida certa. Enfim, um conjunto bem resolvido, de perfil gastronômico, ostentando boa fruta, taninos aveludados e alguma suculência. O segundo melhor vinho da degustação para a maioria dos presentes, eis que não se intimidou na presença de vinhos de categorias superiores. Avaliação: 92/100 pts.+

1° Neyen Espíritu de Apalta Colchágua 2009 – Álcool: 13,5% – Variedades: Carménère (50%) e Cabernet Sauvignon (50%) – Região: Santa Cruz/Apalta/Colchágua – vermelho-rubi violáceo com reflexo na transição para granada brilhante. Aromas abertos com uma forte nota balsâmica dominando o conjunto inicialmente, secundada por notas florais (violetas), ligeiro terroso e humus. No paladar, sua entrada revelou um vinho de nítida feição bordalesa (lembra Pauillac), de taninos macios “aterciopelados”, madeira integrada (14 meses em carvalho francês 70% novo). O sabor deste tinto é concentrado, uma vez que seus vinhedos têm entre: 35 – 120 anos, um dos mais antigos de Apalta. O álcool na casa dos 13,5% está presente mas não incomoda. Potente, balanceado, seu final é persistente, longo, macio, sem arestas. Avaliação: 93/100 pts.+

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CONCLUSÃO –

O engenheiro agrônomo Jaime Rosello Larrain integra o MOVI – Movimento Independente dos Vinhateiros Chilenos no qual o vinho Acróbata se insere. Com preço estimado na casa dos R$ 169, o Acróbata n° 3 mostrou que tem qualidade para tanto. A decisão de degustá-lo às cegas no meio de vinhos que custam até três vezes o seu valor serviu para atestar sua qualidade. Tal decisão poderia ser seguida pela maioria dos produtores que categoricamente afirmam produzir o “melhor vinho”, eis que nada melhor do que um jurado imparcial para apurar a “verdade da taça”. O curioso é que se o Acróbata não foi o melhor, o escolhido coincidentemente também tem as mãos de Jaime, que produziu o famoso Neyen de Apalta juntamente com o famoso enólogo Patrick Valette. Os degustadores mais experientes conseguiram apontar às cegas quais os melhores vinhos. Tacitamente o Neyen arrebatou a primeira colocação sob o argumento de lembrar um Pauillac. Em seguida, mas bem perto veio o Acróbata que se destacou por seu perfil equilibrado, fresco e elegante. Os demais confirmaram sua qualidade, mas um dos mais comentados foi o Caballo Loco XVI, que surpreendeu negativamente os competentes degustadores.

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