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Fabian Houjeije – Gerente de Exportações

Durante o primeira semestre de 2017, este redator esteve no Uruguai para conhecer as vinícolas integrantes do grupo de vinícolas “Micro-terroir-istas”. Conhecer este projeto é valorar o esforço de pequenos produtores e a busca da excelência em vinhos e qualidade de vida: “Nos unen las diferencias” é o slogan do grupo. Receptiva ao Enoturismo, a Antigua Bodega Stagnari está situada na região de Canelones, onde fica sua sede – Ruta 5 km 20 – Santos Lugares, está a apenas 1,6 km da principal estrada do Uruguai sendo, portanto, de fácil acesso, tendo sido visitada no dia 16 de maio de 2017. Fomos recebidos pela proprietária Virginia Stagnari.

Sobre a Antigua Bodega Stagnari –

A Antigua Bodega Stagnari produz vinhos finos desde 1986 na região de Canelones, onde fica sua sede – Ruta 5 km 20, Santos Lugares. A vinícola está a apenas 1,6 km da estrada e todos seus clones são importados da França. A produção é pequena e elaborada de forma artesanal. São duas enólogas:  Mariana Meneguzzi Stagnari e Laura Casella. Mariana iniciou seu trabalho na vinícola em 2007 e fez estágio em vinícolas da Califórnia por 4 meses em 2006 e na Austrália em 2008 também por 4 meses. Já Laura Casella está há trinta anos trabalhando na vinícola como enóloga, estando em atividade desde 1980, sendo a segunda enóloga mulher do Uruguai. Dos 30 hectares de plantação própria da Stagnari, 7 hectares encontram-se em torno da vinícola e 23 hectares em Melilla distante a 5 km da mesma. A produção total é de 240.000 litros de vinhos finos e 1,5 milhão de litros de vinhos comuns. É comandada pela quinta geração da família Stagnari e sua produção está assim dividida: tintos (70%), brancos (15%) e rosados (15%). São cultivadas as seguintes variedades: Tannat, Merlot, Sangiovese, Marselán, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Syrah, Chardonnay e Sauvignon Blanc. A Antigua Bodega Stagnari adota práticas de agricultura sustentável e não utiliza irrigação artificial. Exporta seus vinhos para os Estados Unidos, Inglaterra, Europa, Ásia, inclusive China. Retomou, com êxito, as exportações para o Brasil através da Mercovino. Fabian Houjeije é o dinâmico Gerente de Exportações. 

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Degustação –

Embora os perfis tenham muitas diferenças, o princípio orientador é semelhante: vinhos frescos, frutados e projetados para se alinhar com as novas tendências de consumo.

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Trendy

Trendy 2017 – (tendência em português) – Álcool: 8% – como o próprio nome indica, “responde às tendências do consumo de menor teor de álcool, com alguma doçura e gaseificado, com o objetivo de captar novos públicos.” É um vinho rosado ligeiro e frizzante (devido ao seu menor teor de álcool de 8%). Para a sua elaboração foi utilizada a Muscat de Alexandria (na grande maioria), Chardonnay e um pouco de Syrah. A vinificação foi “mediante temperatura controlada para conservar a fruta e o frescor.” Análise organoléptica: cor salmão pálido. Alta intensidade aromática onde a fruta assume o protagonismo: pêssego e frutas brancas temperadas por notas cítricas. Na boca é muito fresco, com entrada sedosa. Leves toques cremosos e excelente acidez acompanham um final doce (tutti-fruti), persistente, sem ser enjoativo. Um vinho de nítido caráter festivo. Avaliação: 88/100 pts.

Bella Donna Marselán 2017 – resultado do cruzamento entre Cabernet Sauvignon e Grenache, este tinto de Marselán exibiu cor concentrada exalando groselha, frutas negras, leve terroso, notas tostadas, especiarias, taninos de boa qualidade. Tem uma ponta mineral, um toque de álcool e um final crocante, de média/longa persistência. Avaliação: 88-89/100  pts.

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Antigua Bodega Stagnari Prima Donna Sauvignon Blanc 2017 (prova de tanque, vinho em fase de engarrafamento) – palha brilhante, translúcido a denunciar sua juventude. Nariz fino com notas florais (flor de maracujá), frutadas (ligeiro cítrico) e algo lácteo. Boca fina, acidez delicada, excelente tipicidade esbanjando frescor e alguma salinidade (brisa marítima – vinhedos próximo do Ribera Santa Lucia, afluente do Rio da Prata). Prazeroso, destaca-se por seu equilíbrio e, principalmente, vivacidade. Avaliação: 90/100 pts.

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Prima Donna Antigua Bodega Stagnari Crianza en Roble Shiraz 2015 – Álcool: 13% – novidade no portfólio desta dinâmica vinícola, na taça exibiu cor vermelho-rubi intenso com reflexo púrpura, e logo no início, um toque de groselha se faz muito presente, mas cedeu rapidamente espaço para um verdadeiro caleidoscópio de aromas: amoras, ameixas e especiarias, tudo com elegância e finesse. Na boca, a qualidade dos taninos se destaca, álcool integrado, acidez correta e o sabor do vinho agrada bastante, num perfil guloso que lembra exemplares do Novo Mundo. Não lembra o Rhône, mas tem alguma semelhança com Syrah chilenos que este redator tanto aprecia. Amadurecido oito meses em barricas francesas e americanas de segundo e terceiro usos. O final é  longo e empolgante convidando para o próximo gole. Avaliação: 89-90/100 pts.

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Prima Donna Antigua Bodega Stagnari Crianza en Roble Cabernet Franc 2015 – Álcool: 13% – vermelho-rubi com reflexo púrpura brilhante. Aberto nos aromas com notas de grafite, groselha, especiarias sobre um fundo mineral. Na boca é um redondo, macio, de taninos de excelente, os quais encontram contraponto na acidez plena, no álcool integrado, resultando num conjunto equilibrado, elegante e de invejável tipicidade no Uruguai. Sua passagem por madeira (carvalho francês) durante oito meses lhe conferiu perfil autêntico e muita personalidade. Fresco, seu final é harmonioso. Um Cabernet Franc platino tem muita estirpe! Avaliação: 90/100 pts.+

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Prima Donna Antigua Bodega Stagnari Crianza en Roble Cabernet Sauvignon 2015 – Álcool: 13% – vermelho-rubi com reflexo púrpura. Aberto nos aromas com notas de licor de cassis, ameixas, especiarias sobre um fundo tostado. Na boca é um vinho de estrutura sólida, de taninos de ótima qualidade, os quais encontram contraponto na acidez salivante, no álcool integrado, resultando num conjunto equilibrado, suculento, de invejável tipicidade no Uruguai. Sua passagem por madeira (carvalho francês) durante seis meses lhe conferiu perfil autêntico e muita personalidade. Fresco, seu final é longo e harmonioso. Um tinto cheio de vibração! Avaliação: 89/100 pts.+ 

Il Nero Tannat 2009 – Álcool: 14,5% – é o topo de linha da Stagnari, amadurecido durante 36 meses em barricas novas e usadas de carvalho americano e francês, elaborado com uvas de vinhedos específicos de baixo rendimento e afinado na garrafa por mais dois anos antes de sua liberação ao mercado. É o vinho que homenageia o fundador da vinícola falecido faz poucos anos. Análise organoléptica:  retinto na cor, complexo nos aromas com sugestões de especiarias, tons alicorados,  notas tostadas, chocolate com ampla sustentação na taça. No paladar a sua entrada revelou um tinto profundo, potente, de taninos instigantes, álcool generoso, fruta preta em calda e um delicioso sabor que evoca chocolate recheado com cerejas – bombom cherry brandy. Com muita vida na garrafa pela frente, já pode ser desfrutado, mas recompensará aqueles dotados de um virtude rara nos dias que correm: paciência! Degustado pela primeira vez em 2015, o tempo praticamente não passou para este imponente tinto. Avaliação: 92/100 pts.++

 

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Virginia Stagnari e Álvaro Galvão

Antigua Bodega Stagnari Tannat  “Santos Lugares” 2013 – Álcool: 13,5% –  degustação, realizada em 15 de maio de 2017, conduzida pelo sommelier Pablo Rodriguez Mezzetta – quase retinto na cor intensa, profunda. Intenso aromaticamente, notas de barrica fundem-se ao tons vegetais típicos da Tannat resultando em aromas levemente caramelados. Depois de algum tempo alcatrão e café torrado. Paladar encorpado, denso e volumoso, como convém ao Tannat. Não é repleto de fruta, mas seu taninos aveludados, álcool integrado, acidez razoável  formam um tripé equilibrado. Um vinho cheio de classe e distinção. O vinho que teve a “melhor boca” do painel. Avaliação: 91/100 pts.+

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Mariana e Virginia Stagnari

 

Conclusão

Nesta vinícola familiar degustamos diversos vinhos e  nenhum decepcionou. Ao contrário, a qualidade chamou-nos atenção e talvez por isso que já tiveram sua regular importação para o Brasil, através da extinta Vinho Sul. Hoje, são importados e distribuídos pela Mercovino, que conta com boa rede de distribuição. Preparada para o Enoturismo, integrante do grupo Micro-Terroir-Istas é uma vinícola que não pode deixar de ser conhecida pelos turistas, principalmente brasileiros que visitam com frequência o Uruguai!

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