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Em 9 de agosto de 2017, a Wines of Chile, com apoio do ProChile – Escritório Comercial do Chile no Brasil (São Paulo), promoveu degustação anual em São Paulo com organização da CH2A Assessoria de Imprensa. O tema foi “Qualidade e Diversidade” e na oportunidade puderam ser provados entre brancos e tintos, onze vinhos representativos da diversidade de terroirs do país andino. A degustação foi conduzida pelo especialista Jorge Lucky. Também estiveram presentes Maria Julia RiquelmeDiretora ProChile Brasil e a Diretora Comercial da Wines of Chile – Angelica Valenzuela. 

Maria Julia Riquelme, Angelica Valenzuela e Alessandra Casolato
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Potência vitivinícola do chamado Novo Mundo, o Chile fechou 2016 com 47% do mercado de vinhos importados no Brasil, ranking que lidera desde 2002 e onde apresenta crescimento constanteNo último ano, o aumento foi de 8,97% em valor e 14,53% em volume (os dados são da Intelvid) e o Brasil segue entre os cinco principais mercados de exportação para os vinhos do Chile, que registram presença maciça nas prateleiras de lojas e supermercados, em restaurantes, na mente e no paladar dos apreciadores no Brasil.

Reforçando a importância do mercado brasileiro para a indústria do vinho no Chile, uma delegação de produtores e enólogos de 37 representativas vinícolas do país desembarcou em São Paulo (SP) no dia 9 de agosto para a 7ª edição anual do Tasting Wines of Chile, um dos principais eventos de vinhos no Brasil realizado no Hotel Unique.

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Na ocasião, também foi apresentada a campanha ‘Amo Vinho.Amo Chile’desenvolvida especialmente para o mercado brasileiro – a exemplo do que a associação tem realizado em outros importantes mercados mundiais – com peças comunicacionais e ações focadas na experiência do consumidor e na inserção do vinho em diversos momentos do dia-a-dia. Em 2018, além das atividades direcionadas ao trade (profissionais, importadoras, lojas, varejo, restaurantes), serão realizadas ações dirigidas ao consumidor e que irão promover o consumo de vinhos de maneira informal e descontraída.

“A geografia privilegiada do Chile e suas barreiras naturais permitem a elaboração de vinhos nos mais diversos terroirs: em vales que são joias de nosso país, como Colchagua e Apalta, e em regiões extremas, como oDeserto do Atacama. São condições desafiadoras para extrairmos a expressão máxima de cada vinhedo e isso estimula o desenvolvimento de novas tecnologias na indústria vitivinícola chilena, uma das mais expressivas no mundo”, resume Angelica Valenzuela, diretora comercial da Wines of Chile, associação responsável por difundir em todo o mundo os vinhos chilenos.

 

 

María Julia Riquelme, diretora do ProChile Brasil, reafirma a importância da exitosa e consistente relação comercial entre os dois países: “A oferta exportável de alimentos e bebidas chilenos é variada e de reconhecida qualidade, o que faz com que nossos vinhos sejam tão bem aceitos nos mercados em que atuamos. Chegamos à 7ª edição de um grande evento que reforça as parcerias comerciais entre Brasil e Chile em um dos setores mais importantes da nossa economia, que é a indústria vitivinícola. Há mais de 15 anos consecutivos o Chile é o principal fornecedor de vinhos importados para o Brasil e confiamos que a qualidade e a diversidade dos nossos rótulos farão com que sigamos no topo da preferência dos brasileiros”.

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7º Tasting Wines of Chile em São Paulo

Apaltagua, Bodega y Viñedos Korta, Casas Del Bosque, Concha y Toro, Cono Sur, Emiliana, Encierra, Espiritu de Chile, Garcés Silva Family Vineyards, Miguel Torres Chile, Santa Rita, Siegel Family Wines, Veramonte, Viña Alto Quilipin, Viña Anakena, Viña Aresti, Viña Bisquertt, Viña Carmen, Viña Casa Donoso, Viña Casa Silva, Viña Casablanca, Viña Cousiño Macul, Viña Doña Javiera, Viña Echeverria, Viña El Principal, Viña Errazuriz, Viña Las Niñas, Viña Montes, Viña Perez Cruz, Viña Requingua, Viña San Esteban/In Situ, Viña San Pedro, Viña Santa Carolina, Viña Tarapacá, Viña Undurraga, Viña Valdivieso e Viña Ventisquero.

#WinesofChileSP #amovinhoamochile

 

A degustação trouxe várias surpresas, demonstrando o avanço da vitivinicultura chilena na procura por novos terroirs para dar “sentido de lugar” aos vinhos e, além disso, formas modernas de vinificação convivem ao lado de tradicionais. Apenas fazendo um parêntese, não podemos esquecer que no começo deste ano, o Chile foi afetado por incêndios florestais nunca vistos (com fartas informações neste blog), com perda de muitos vinhedos, principalmente de pequenos produtores. Mas as grandes vinícolas também foram afetadas, mas é espantosa a capacidade de recuperação da indústria chilena. Há que salientar que existe um movimento em marcha que pugna pela recuperação/vinificação de variedades antigas, esquecidas, “ancestrais”, tendo como exemplo o singular vinho Sucesor Romano da Casa Donoso, que utiliza uma variedade esquecida na Borgonha denominada de Yonne. Já a gigantesca Concha y Toro apresentou um Pinot Noir da linha Marques de Casa Concha que seguramente pode ser apontado como o tinto dessa variedade que mais se aproxima de um autêntico Borgonha. Dos setores mais frescos dos Vales do Maipo e de Colchágua vêm os melhores Cabernets chilenos e aqui citamos o consistente El Principal, o denso Pircas de Liguai e o aristocrático Neyén de Apalta, vinícola associada ao Grupo Veramonte que recentemente foi comprado pelo poderoso grupo espanhol Gonzalez Byass. Do longínquo Atacama vem um dos brancos mais intrigantes, o “Tara” da Ventisquero, um vinho que, a despeito de sua excelente qualidade, ainda não conseguiu deixar clara qual é a sua proposta. A seguir, as descrições e avaliações dos dez vinhos degustados na ordem de serviço:

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Undurraga T. H. Sauvignon Blanc 2016 – álcool: 13,5% – região: Vale de San Antonio/Lo Abarca – Palha esverdeado brilhante. Aberto nos aromas complexos que remetem diretamente às características olfativas da SB (clone 242) no Novo Mundo com notas vegetais, frutas cítricas e de polpa branca sobre um fundo mineral que se destaca no conjunto. Boca no mesmo diapasão, com potência, largueza e grande profundidade de sabores marcados pelo frescor que vinca a personalidade deste branco, que exibe um bom contraste entre mineralidade, doçura e leve amargor cítrico. Final refrescante a “limpar a boca”. Avaliação: 91/100 pts.+

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Ventisquero Tara White Wine 1 Chardonnay D. O. Atacama 2014 – Alcool: 13% – Região: Atacama – Preço médio: R$ 250 – Amarelo-palha com ligeira turbidez. Notas de madeira predominam inicialmente para ceder espaço para aromas que lembram damasco, carambola, pêssego em calda sobre uma ponta de madeira. Na boca é seco, intenso, encorpado, mineral (quase salino), com uma nota de fruta cítrica bem madura dominando o conjunto. Tem boa tipicidade, mas poderia ter mais frescor (acidez). Terminou persistente, sem amargor. Avaliação: 89-90/100 pts.

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Marques de Casa Concha Pinot Noir Edição Limitada 2016 – álcool: 14% – região: Quitralmán/Vale de Bio Bio – importador: VCT Brasil – amadurecimento: 100% do mosto estagiou 12 meses em barricas francesas, 20% novas e o restante de acordo com o uso. Elaborado pelo experiente Enólogo Marcelo Papa, na taça exibiu cor intensa e profunda com discreto halo púrpura. Nos aromas, as notas terrosas típicas da variedade, chão de bosque para minutos depois ceder espaço para frutas negras (cereja, amora e groselha) sobre nuances defumadas. Na boca, os taninos sólidos e de firme textura confirmam as sensações olfativas com elegância, refinamento e sedosidade. Enche o palato e causa intensa salivação! Um vinho de perfil clássico, que exibe sofisticação, esbanja tipicidade e que termina longo e suave, aquecendo levemente o paladar. Às cegas não será difícil confundi-lo com um A. O. Bourgogne, eis que é muito redondo e de fruta bem aparente, como convém a um Pinot do Novo Mundo, foi uma das agradáveis surpresas da degustação. Avaliação: 92/100 pts.++

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Casa Donoso Sucesor Romano Limited Release 2015 – Álcool: 13,5% – Variedades: Cesar Noir (85%) e Carignan (15%) – Preço: R$ 200 – vermelho-rubi brilhante de média intensidade. Aromas eminentemente frutados (morangos, amoras e cerejas) com boa sustentação. No paladar, exibiu boa estrutura, graças à Carignan que além disso aportou-lhe acidez e suculência. Ao contrário do afirmado por Jorge Lucki e outros degustadores presentes não sentimos o traço rústico da variedade (alguém lembrou que a Cesar é a mesma Yonne da Borgonha) que antigamente estava plantada nos mesmos vinhedos da Cabernet Sauvignon. Ao contrário, trata-se de um tinto elegante, marcado pela leveza e maciez de seus taninos e pela fruta que não foi subjugada pela madeira (a totalidade do mosto amadureceu em barricas durante oito meses). Terminou frutado, harmonioso. Avaliação: 89-90/100 pts.

Garces Silva Boya Syrah 2015 – Álcool: 13,5% – Região: Leyda/San Antonio – Preço US$ 39,90 – Importador: Mistral – María Paz Garcés, proprietária da vinícola esbanjou simpatia ao falar de seu vinho no evento. Disse que a primeira ordem de exportação dos vinhos Garcés Silva partiu do Brasil e que graças a esse mercado tão fiel pôde desenvolver outros produtos se mostrando grata ao nosso país. Disse também que é um fato inconteste que outras vinícolas, mesmo as de maior porte, também se beneficiam das vendas expressivas de vinhos ao Brasil e que graças a isso tornou-se possível o desenvolvimento de outras linhas em outros terroirs do extenso país Andino, por exemplo. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo como que prenunciando tratar de um vinho concentrado. Nos aromas a decantada elegância dos tintos chilenos de clima frio com frutas confitadas, especiarias doces, groselha, tudo em profusão harmonicamente entrelaçado. Paladar no mesmo diapasão num dos vinhos de melhor equação preço-qualidade do painel. Mineral, suculento, sedoso, álcool generoso sem incomodar, longo e persistente. Avaliação: 90-91/100 pts.

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Casa Silva Microterroir de Los Lingues Carménère 2011 – álcool: 14% – Região: Los Lingues/Colchágua – importador: Vinhos do Mundo – preço: R$ 240 – um dos tintos mais antigos do painel não deu sinais de cansaço (excelente safra). Análise organoléptica: vermelho rubi intenso quase retinto com discretíssimo halo granada em formação. Aromas típicos da casta com pimentão, café torrado sobre uma nota herbácea. Na boca é um vinho denso, de taninos firmes, crocante, envolvente, de acidez média, um pouco alcoólico e bastante concentrado. Termina longo. Este foi um dos primeiros Carménères de alta gama do Chile, mas seu estilo tradicional está sendo superado por vinhos mais modernos, menos herbáceos, menos barricados, de melhor acidez e fluência no paladar. Será que mais alguns anos na garrafa trará novidades? Difícil responder, mas inegavelmente estamos diante de um tinto de guarda. Avaliação: 89/100 pts.+

Las Niñas Premium Orgânico 2015 – Álcool: 14,5% – Variedades: Syrah (80%), Mourvédre (10%), Cabernet Sauvignon (5%) e Merlot (5%) – Região: Colchágua/Apalta – vermelho-rubi com reflexo violáceo. Nariz unidimensional dominado por nota herbácea. Paladar no mesmo diapasão. Taninos incisivos, álcool generoso sem incomodar, acidez e corpo médios. Pouco frutado, terminou com alguma adstringência que não incomodou. Apenas vincou sua personalidade. Avaliação: 88/100 pts.+

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Neyen Espíritu de Apalta Colchágua 2011 – Álcool: 13,5% – Variedades: Carménère (50%) e Cabernet Sauvignon (50%) – Região: Santa Cruz/Apalta/Colchágua – vermelho-rubi violáceo com reflexo na transição para granada brilhante, a tingir a taça. Aromas abertos com notas de chão de bosque, licor de cassis, balsâmico dominando o conjunto inicialmente, para depois exibir tons (violetas), ligeiro terroso e humus. No paladar, sua entrada revelou um vinho de nítida feição bordalesa (lembra Pauillac), de taninos macios “aterciopelados”, madeira integrada (18 meses em carvalho francês 50% novo). O sabor deste tinto é denso, concentrado, uma vez que seus vinhedos têm entre: 35 – 120 anos, um dos mais antigos de Apalta. O álcool na casa dos 13,5% está presente mas não incomoda. Enfim, um tinto potente, dotado de “coluna vertebral”, muito balanceado, tem excelente acidez (a safra 2011 foi destacada na região) seu final é persistente, longo, macio, sem arestas. Avaliação: 93/100 pts.++

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Os três destaques da degustação

El Principal 2013 – Álcool: 14,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (93%) e Petit Verdot (7%) – Região: Pirque/Alto Maipo – importador: Decanter – Preço: R$ 781,90 – cor profunda, aromas típicos da variedade que domina o corte com especiarias, frutas vermelhas, licor de cassis, caixa de charutos sobre uma notinha de compota que vinca a personalidade do conjunto. No paladar, taninos aveludados num vinho denso, profundo, sedoso e elegante. Tudo em sintonia: álcool, acidez, fruta e madeira (16 meses em barricas novas de carvalho francês – barricas de 400 – 500 litros) a formar um conjunto elegante, que chega a lembrar um potente Pauillac ou um elegante Margaux. Um dos grandes Cabernets chilenos, que tem a vantagem de melhorar a cada ano que envelhece na garrafa. Tem no mínimo 10-15 anos de vida na garrafa pela frente. Avaliação: 93/100 pts.++

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Pérez Cruz Pircas de Liguai Cabernet Sauvignon 2013 – Álcool: 14% – Região: Alto Maipo Andes/Fundo Liguai de Huelquén – Vermelho-rubi intenso, profundo com halo violáceo. Bons aromas com destaque no herbáceo típico de alguns Cabernet do Alto Maipo, uma pitadinha de licor de cassis sobre um fundo tostado. Tem fruta (ameixa). No paladar é um vinho poderoso, de taninos sólidos, firmes e ao mesmo tempo amáveis. Acidez mediana, álcool generoso, alguma fruta e barrica por se integrar. Expansivo, tem um grande e persistente final, prometendo evoluir na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 90/100 pts.++

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