No último dia 21 de setembro, a CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, organismo que certifica e promove os Vinhos do Alentejo, representada na oportunidade por Maria Amélia Vaz da Silva, promoveu na Cidade de São Paulo uma degustação com mais de vinte vinícolas, que aproveitaram o momento para dar a conhecer as novidades e os rótulos que já se revelam ícones no mercado brasileiro. Além da participação na degustação livre, muitos profissionais, jornalistas, blogueiros e demais entendidos também participaram as degustações comentadas de vinhos alentejanos, conduzidas pelo jornalista brasileiro (RJ) Alexandre Lalas – “Antão Vaz e Arinto – uma dupla de respeito”.

Vinhos brancos degustados –

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Vidigueira Ato IV “A Inspiração” Antão Vaz DOC Alentejo 2016 – Álcool: 12,5 % – Preço na origem: € 4 – palha esverdeado. Aromático com notas vegetais e levemente frutadas. Paladar agradável com leve “agulha” a lembrar vinho verde. Médio corpo, bom frescor e final limpo de média persistência. Avaliação: 88/100 pts.

 

Sossego

Herdade do Peso Sôssego 2016 – Variedades: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro – importador: Zahil – preço: R$ 96 – Palha brilhante. Aromas de pouca intensidade. Na boca corpo médio, acidez razoável, fim-de-boca sem amargor num vinho simples, sem maiores apelos. Avaliação: 87/100 pts.

EA

EA Cartuxa VRA 2016 – Álcool: 12,5% – Variedades: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro – importador: Adega Alentejana – Sub-região: Évora – palha esverdeado brilhante. Aromas florais sobre um fundo cítrico. Paladar no mesmo diapasão com o frescor se destacando, faltando-lhe apenas um pouco mais de volume.  Termina macio, sem amargor. Avaliação: 88-89/100 pts.

 

Borba

Adega Cooperativa de Borba DOC 2016 – Álcool: 13% – Variedades: Roupeiro, Arinto e Antão Vaz – Preço: R$ 60 – importador: Adega Alentejana – Palha claro brilhante. Aromas florais (Roupeiro), boca razoavelmente estruturada (Arinto), untuosa com alguma maciez. Persistência média-curta. Avaliação: 87-88/100 pts.

 

Portas da Herdade VRA 2016 – Álcool: 12,5% – Variedades: Arinto (50%), Antão Vaz (45%) e Roupeiro (5%) – Preço: R$ 35 – importador: Wine.com.br – Palha claro. Aromas pouco intensos sem complexidade. Na boca sua entrada revelou um vinho simples, correto, de corpo magro e fim-de-boca curto, sem amargor.  Avaliação: 86/100 pts. 

 

DR

Dom Rafael DOC Alentejo 2015 – Álcool: 14,5% – Variedades: Arinto e Antão Vaz (45%) – Sub-região: Portalegre/Serra de São Mamede – importador: Adega Alentejana – Palha brilhante. Nariz complexo com notas frutadas e uma destacada mineralidade a enriquecer o conjunto. Boca fina, macia, elegante, profunda e de boa estrutura. Tem um toque cítrico e boa salivação. Termina persistente, sem arestas. Avaliação: 89-90/100 pts.

 

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Tapada do Coronel “Sericaia” VRA 2015 – Álcool: 13,5% – Variedades: Antão Vaz e Arinto – importador: Brasvini – amarelo-palha intenso. Nariz complexo com notas florais, frutadas sobre um fundo mineral. As sensações olfativas foram plenamente subscritas no paladar, que a par de algum refinamento, é dotado de ótimo frescor, balanço e complexidade. Termina persistente convidando para o próximo gole! Avaliação: 90/100 pts.

 

Monte da Peceguina VRA branco 2016 – álcool: 13% – Variedades: Antão Vaz, Viognier, Roupeiro e Verdelho – região: Albernoa/Alentejo – Palha brilhante com reflexo esverdeado a denotar juventude. Aromas florais e cítricos, leve nota amanteigada sobre um fundo de fruta tropical (maracujá). Na boca repete esses aromas, bom frescor, acidez delicada e corpo médio. Boa persistência num final cítrico, macio, sem aspereza. Avaliação: 88-89/100 pts.

Cabaço

Monte dos Cabaços Colheita Seleccionada VRA 2015 – Álcool: 13,5% – Variedades: Roupeiro, Arinto e Antão Vaz – importador: Adega Alentejana – palha claro. Aromas complexos com nozes, frutas secas, castanhas envoltos em especiarias doces. A boca confirma o nariz: fina, elegante, sápida, delicada, com longa persistência. Um dos melhores brancos do painel. Avaliação: 91/100 pts.

Procura 2014 VRA – Álcool: 13% – Variedades: Antão Vaz e Arinto – Região: Portalegre/Serra de São Mamede – Preço: R$ 335 – Importador: Adega Alentejana – informa o importador que: “vinho que simboliza “a procura” da enóloga Susana Esteban por vinhas velhas é impressionante o caráter de frescor e o toque cítrico que conserva apesar do estágio de oito meses em barrica (usada). Aqui, o papel do carvalho é basicamente conceder um pouco mais de estrutura. O nariz austero mostra notas de aromas cítricos e de palha seca. Mineral e muito elegante oferece uma enorme complexidade de aromas mostrando-se elegante e complexo, concentrado e com uma acidez firme e final tenso”. Análise organoléptica: Palha claro brilhante. Aromas intensos, agradáveis e convidativos: frutas secas (castanhas e nozes principalmente), geleia sobre um fundo que recorda mel. No paladar a sua acidez é simplesmente formidável, proporcionando uma sensação gustativa marcada pela vivacidade, fruta e frescor. Tudo aquilo que se espera de um branco de castas autóctones. Ainda na boca tem uma nota salina que o distingue dos demais brancos, eis que não cansa o degustador. A madeira também não incomoda. Enfim, trata-se de um branco elegante, concentrado, sofisticado, que acaricia o paladar e revela todo potencial do Alentejo na elaboração de brancos de nível internacional. Deve surpreender ainda mais à mesa. Avaliação: 92/100 pts. +

Herdade Grande Reserva Vinho Regional Alentejano 2013 – Álcool: 14% – Variedades: Chardonnay (70%), Antão Vaz (20%) e Arinto (10%) – amarelo intenso com reflexo dourado. Aromas de frutas tropicais maduras, mel sobre ligeiro defumado. Na boca a sua entrada revelou um branco potente, encorpado, com a madeira saltando na frente da fruta. Tem boa concentração mas ressente-se de frescor eis que a acidez não é muito alta. O fim-de-boca é longo.  Avaliação: 86/100 pts.

Jornalista Alexandre Lalas
Jornalista Alexandre Lalas

 

CONCLUSÃO –

A degustação coordenada pelo jornalista brasileiro Alexandre Lalas demonstrou a evolução do brancos alentejanos. Variedades como Antão Vaz (aromas, untuosidade e maciez) e Arinto (acidez, estrutura e longevidade) merecem ser reconhecidas internacionalmente eis que permitem a elaboração de vinhos de elevada qualidade. Lalas salientou que o resultado da junção dessas duas castas portuguesas “é maior que a soma das partes”. Já Pedro Garcias, na sua coluna no jornal português “Público”, assinala que “Partimos quase do zero e em menos de duas décadas já alcançamos um nível assinalável. As pontuações das revistas da especialidade confirmam-no. Há cada vez mais vinhos brancos com notas acima dos 90 pontos em 100 possíveis, algo que até há poucos anos era só reservado aos tintos”.  Enfim, a decisão da CVRA de promover os brancos alentejanos num momento em que Portugal assumiu a vice-liderança do mercado brasileiro de vinhos importados foi acertada, eis que há mercado e apreciadores dispostos a consumir esses vinhos. Na degustação ficou evidenciado que há vinhos para todos os bolsos. Mas quem conhece a diversidade da produção alentejana sabe que essa pujante região também produz excelentes espumantes que merecem ser conhecidos pelos consumidores brasileiros. Então, fica a nossa sugestão: que venham os espumantes!

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