A ligação da família Reynolds ao ramo dos vinhos em Portugal tem quase dois séculos de história. Em 1825, Thomas Reynolds estabeleceu-se na cidade do Porto como negociante de vinhos para Inglaterra. Algumas décadas depois, um dos seus filhos, Robert Hunter Reynolds, envolveu-se no negócio da cortiça e adquiriu um número razoável de propriedades alentejanas.

A Herdade do Mouchão, junto à aldeia de Casa Branca, foi uma delas com área aproximada de 900 hectares, 70% dos quais com plantação de sobreiros, a árvore de onde se extrai a cortiça. A Herdade do Mouchão possui um terroir muito específico e impossível de se reproduzir. A casta Alicante Bouschet, há muito tempo o ex-libris do Mouchão, encontrou aqui as condições que lhe permitem um ótimo desenvolvimento com excelentes resultados enológicos. Proveniente da França, esta casta é para os franceses uma verdadeira dor de cabeça. O clima quente e seco do Alentejo garante o número de horas de sol que o Alicante Bouschet necessita, os solos de várzea, profundos, com uma camada de argila no subsolo que armazena água, as condições de relevo que rodeiam as vinhas e condicionam o seu microclima, permitem que as uvas desta casta sejam colhidas no ponto ótimo de maturação. No Mouchão também são plantadas as castas tintas Trincadeira e Aragonez e em menor escala as brancas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro.

Visitar a adega construída em 1901 nos passa a sensação que o tempo parou. Em cada canto respira-se a história dos seus vinhos. É a única adega em todo o Alentejo que mantém o sistema antigo de fermentação, em lagares com pisa a pé, para todos os seus vinhos tintos. Também podemos observar o sentido da tradição e do conservadorismo na manutenção da mesma família de adegueiros há três gerações. Desta forma está assegurado que, na elaboração dos vinhos dentro da adega, teremos sempre presente alguém que sabe e vive a produção destes néctares de forma muito especial. O Sr. Iain Reynolds Richardson, atual gestor desta empresa, afirma: “o vinho do Mouchão tem uma cor tipicamente muito intensa e escura e um corpo fora do normal, mesmo para o Alentejo”. Estas qualidades permitem que este vinho tenha uma longevidade muito acima da média.

Os sócios desta importadora tiveram o privilégio de degustar o Mouchão 1954 com 50 anos de vida, o Mouchão 1974 com 31 anos, o Mouchão 1979 com 26 anos e o Mouchão 1984 com 22 anos. Todos estavam maravilhosos e certamente aguentam mais alguns anos na garrafa. Por isso sempre sugerimos que os nossos clientes comprem pelo menos 12 garrafas de cada safra e, calmamente, degustem 1 garrafa a cada 12 meses. Desta forma poderão acompanhar, de forma bem prática, a evolução deste grande vinho. Fonte: Adega Alentejana

 

 

Mouchão VRA 2009 – uma das grandes expressões do Alentejo, este delicioso vinho é uma demonstração da profundidade dos vinhos elaborados com essa espetacular casta luso-francesa. Muito mentolado nos aromas. Um tapete de veludo no paladar. Excelente acidez. Concentrado, chega a ser voluptuoso na boca. Ao contrário do imaginado este 2009 nao é austero. Muito amigável. Mastigável. Nitidamente português, profundamente alentejano

Degustação –

Mouchão 2009 – álcool: 14,5% – Variedades: Alicante Bouschet (90%) e Trincadeira (10%) –Importador: AA – preço médio: R$ 400 (safra 2011) – intenso e profundo na cor sem denunciar o decurso de quase uma década. Nariz de boa complexidade com notas de farmácia, tintura de iodo e algum vegetal típico da casta majoritária sobre um fundo mentolado. Na boca a sua entrada revelou um vinho cheio, de taninos marcantes, já sem a força da juventude mas ainda presentes encontrando anteparo na acidez e no álcool integrados. Escasso na fruta, é um Alentejano numa das suas acepções, isto é, cheio de nervo e muito bem feito. Clama por comida e é impressionante ver como este vinho se agiganta na taça! Avaliação: 91/100 pts.+

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