Prestes a completar três anos no mercado, a Vind’Ame, importadora focada em vinhos de terroir especiais, promoveu no último dia 7 de junho, uma  degustação de exemplares de seu portfólio, em seu novo endereço, no Brooklin, sito à Rua Pascoal Pais, 50 – telefone: 11 2384-6946. Na oportunidade, Michael Schütte, diretor da empresa, recebeu pessoalmente os convidados.

Com 210m², sua nova ‘casa’, localizada no Brooklin, impressiona logo na entrada: de um lado, garrafas dos vinhos de seu portfólio, dispostas em uma estante criada pelo arquiteto Paulo Alves, que também assina o projeto da casa; do outro, um grande balcão em forma de meia lua, onde acontecerão degustações dos mais diversos temas.

“Nosso novo endereço nos dá a possibilidade de convidar clientes para participar de degustações, permitindo um contato ainda maior com eles”, explica Michael Schütte, diretor da empresa. A ideia é promover degustações temáticas como: vinhos nobres de Piemonte, uma viagem pela Espanha ou ainda os tintos alemães. Os convites poderão ser adquiridos antecipadamente e os temas foram pensados para contemplar, de tempos em tempos, aqueles que começam a se aventurar pelo mundo do vinho, os que já têm alguma familiaridade, bem como aqueles que têm conhecimentos mais avançados.

Para unir um melhor espaço de exposição do portfólio da Vind’Ame a uma área que comportasse essas degustações, Paulo Alves, em parceria com a arquiteta Ana Luiza Almeida Prado, deu vida nova ao espaço. Simples e bem resolvido, o projeto “é elegante pela simplicidade e eficácia”, define Paulo. Ele ampliou os espaços, melhorando a circulação, trabalhou para favorecer a entrada de luz natural e aplicou em uma das paredes o tom Azul Klein, do artista francês Yves Klein, obtido de maneira natural, que ressalta a filosofia da empresa: aposta na matéria-prima natural, sem intervenções químicas.

Na oportunidade puderam ser degustados os seguintes vinhos:

 

Baron K Riesling Kabinett 2013 – Álcool: 10,5% – Região: Rheingau – Preço: R$ 109 – palha brilhante. Intenso nos aromas “esfumaçados” emoldurados por notas minerais (muito querosene) e cítricas. Na boca é um vinho seco, denso, corpo médio, formando um perfil tradicional calcado nas notas minerais e na acidez acentuada a colaborar para o intenso frescor. Frutado, seu final é longo, persistente, marcado por notas cítricas. Segundo apurado, é o Riesling “entry-level” da importadora. Avaliação: 89-90/100 pts. 

RK Riesling Trocken 2014 – Álcool: 10% – Região: Mosel, Saar, Ruwer – Preço: R$ 139 – palha esverdeado brilhante. Aromas intensos, sobrepujando frutas cítricas (grapefruit e lima-da-pérsia principalmente) com reminiscências de maçã verde sobre um fundo mineral (pierre-à-fusil). Na boca é seco, acídulo, com muita fruta, macio e de boa persistência. Um branco marcado pela elegância conferida por sua acidez fina e delicada. Avaliação: 90/100 pts.

Riesling Rheingau Gutswein 2014 – Álcool: 10% – Região: Rheingau – Preço: R$ 179,00 –  palha intenso. Aromas complexos com notas de frutas de caroço, apontamentos cítricos sobre um fundo mineral. Na boca sua entrada revelou um vinho ligeiramente adocicado, profundo (não parece ter 10% de álcool), mas de acidez delicada que equilibra sua leve doçura, resultando num conjunto potente, suculento, amplo e prazeroso. O final é longo, marcado por notas minerais e cítricas. Avaliação: 91/100 pts. +

Dr. Bürklin-Wolf Riesling Trocken 2015 – Álcool: 12,5% – Preço: R$ 179 – marca que já esteve no Brasil pelas mãos de outro importador, agora reaparece pelas firmes mãos da Vind’ame. Na taça um vinho de cor translúcida. O aroma mineral salta na frente sem subjugar notas florais e cítricas. Na boca é seco (trocken), revelando boa estrutura suportada pela acidez pulsante e pelo álcool integrado. Persistente, termina limpo, mineral e harmônico. Um belo Riesling! Avaliação: 91/100 pts.+

Sorriso di Cielo Malvasia Colli Piacentini DOC 2015 – Álcool: 14% – Preço: R$ 259,00 – amarelo dourado brilhante. No nariz um rico leque de aromas terpênicos e minerais sem subjugar a fruta cítrica confitada. Tem boa estrutura, é seco, fresco e balanceado. Os cinco meses “sur lie” com batonagem lhe conferiram boa complexidade. Tem acento mineral e um fim de boca a recordar avelãs. Avaliação: 89/100 pts.

Cerro Bercial Rosado 2015 DO Utiel-Requena – Álcool: 12,5% – Região: Valencia – Preço: R$ 84 –produzido com a variedade autóctone espanhola Bobal, este rosé exibiu tonalidade pêssego. Nos aromas de boa intensidade aparecem tons florais, frutas vermelhas e especiarias. Medianamente refrescante, mas sem a complexidade anunciada no seu nariz, combinou com as frutas secas servidas durante a degustação. Terminou sem amargor. Avaliação: 86-87/100 pts.

Verrenberg Spätburgunder Trocken 2012 – Variedade: Pinot Noir – Álcool: 12,5% – Região: Württemberg – Preço: R$ 139 – coloração violácea escura a denotar concentração. Aromas de boa qualidade, denotando a marcante e esperada presença de frutas vermelhas e, alguma complexidade com sutis notas de etéreas e resinosas.  Na boca mostra-se equilibrado e de bom corpo com acidez/álcool em plena sintonia. O frutado evidente conforma um estilo moderno, por vezes lembrando alguns dos bons exemplares do Novo Mundo. A presença de madeira está mitigada, provavelmente por força da maturação em grandes toneis por seis meses, adocicando o persistente fim de boca. Avaliação: 90/100 pts.

Albino Rocca Barbera d’Alba DOC 2015 – Álcool: 13% – Região: Piemonte – Preço: R$ 169 – vermelho-rubi intenso no nariz trouxe aromas frutados sobre um fundo vegetal (erva doce) e toques de especiarias (pimenta do reino e cravo). Na boca a sua entrada revelou um tinto potente, balanceado, de taninos macios e acidez conjugada com nuances minerais. Persistência media/longa, retrogosto frutado. Expectativa de boa evolução na garrafa. Avaliação: 90/100 pts.

Roccamora DOC Nardò 2013 – Álcool: 13,5% – Região: Puglia/Salento – Preço: R$ 139 – vermelho-rubi intenso com reflexo na transição para granada. Muito agradável nos aromas com frutas negras maduras, fruta doce sobre um fundo crocante. Gustativamente apresentou taninos macios configurando corpo médio com alguma elegância, álcool integrado, acidez correta e um leve amargor a confirmar sua tipicidade. É um tinto de perfil atraente, bem desenhado, de persistência média e que no retrogosto lembra alcaçuz. Vinho pronto para ser bebido. Avaliação: 89/100 pts.

Cubardi Primitivo 2013 – Álcool: 15% – Região: Puglia/Salento – Preço: R$ 229 – vermelho-rubi intenso, intransponível com reflexo granada, no olfato despontam geleia de frutas vermelhas sobre um fundo a recordar especiarias doces emolduradas em toques de cedro, café e baunilha confirmados no paladar. Taninos presentes e finos (quase doces), harmonizados com acidez e álcool equilibrados resultam num tinto de corpo médio/pleno, de boa persistência e de retrogosto a lembrar alcaçuz. Um Primitivo equilibrado na doçura, na estrutura e pronto para o copo. Avaliação: 91/100 pts.

CONCLUSÃO –

Com um portfólio enxuto e variado, focado nos vinhos do Velho Continente a Vind’Ame se apresenta ao mercado, agora em uma nova sede no bairro do Brooklin, a menos de 100 metros da Avenida Morumbi, local de fácil acesso. Tem em seu portfólio vinhos espanhóis, italianos, franceses e alemães. Na ala tedesca é a importadora que mais Rieslings possui: mais de trinta!! Do Piemonte vem o excelente produtor Albino Rocca e da Espanha uma bodega Riojana que já esteve no mercado na década passada: Baron Ladrón de Guevara. Para finalizar, rótulos franceses do concorrido produtor da Borgonha Jean-Michel Guillon, apenas para citar alguns exemplos. Mas o que nos chamou atenção foi além da organização germânica da importadora, seu proprietário Michael Schütte recebia amavelmente os convidados num clima de descontração bem diferente da empáfia de alguns pequenos importadores que se aventuram no nosso complicado mercado de vinhos. A Vind’Ame tem uma bandeira: “vinhos de terroir especiais” e uma série de critérios para a inclusão de novos produtores no seu catálogo. E, pelo que pudemos observar e provar, tem uma gestão profissional e foco nos segmentos de mercado que apreciam algumas das preciosidades que importa, tudo isso revestido do ineditismo exigido por um mercado ávido por novidades como o nosso. E os preços? Se se considerar a caótica realidade brasileira de altos impostos, alta do dólar, alta dos combustíveis, etc.. o que notamos é que Michael Schütte se mostra cauteloso na precificação dos vinhos, o que não é fácil, porque estamos falando de pequenos produtores europeus, cujos preços praticados na origem não são baratos (Borgonha, Piemonte, etc..), portanto, se os vinhos da Vind’Ame não custam menos, podemos afirmar que nas mãos de outros importadores poderiam custar bem mais!

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2 thoughts on “Vind’Ame apresenta nova sede”

  1. Agradecemos muito o seu artigo, Jeriel! Muito bem escrito, concordo com as suas avaliações. Entendeu bem o que estamos fazendo, até a tinta azul usada em algumas paredes: sem intervenções químicas, como gostamos também a produção dos vinhos que trazemos. Esperamos que concorda que vamos publicar o seu artigo no blog da VINDAME, com link para essa página de seu blog. Abraços! Michael

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