A Vinci Importadora realizou em 17.05.2018 degustação de vinhos portugueses da região do Alentejo Monte do Álamo. A prova foi conduzida pelo Enólogo Miguel Mendes de Almeida diante de Filipe Sevinate Pinto, proprietário da vinícola, situada no coração do Alentejo e que acaba de entrar para o catálogo da importadora Vinci – Pamplona (Rua Pamplona, 917 – São Paulo/SP).

Degustação técnica de vinhos alentejanos na importadora Vinci: todos confortavelmente acomodados, como convém!

Sobre a vinícola Monte do Álamo –

Monte Álamo é uma vinícola familiar jovem, que está conquistando uma respeitável reputação por seus vinhos de grande caráter regional e excepcional relação qualidade/preço. O produtor cultiva apenas castas portuguesas e com boa adaptabilidade na região, como Trincadeira, Aragonês, Alfrocheiro e Tinta Caiada, base para tintos. As variedades bancas são Arinto, Rabo de Ovelha, Roupeiro e Tamarez, que dão origem a vinhos macios e repletos de notas de frutas maduras e com um delicioso toque cremoso no palato.

O Clima em Portugal

Portugal possui um clima temperado marítimo com verões quentes e invernos úmidos sofrendo influências continentais e também por parte do atlântico e do mediterrâneo. Na microrregião onde está estabelecida a vinícola Monte Álamo, existe a influência da Serra D’Ossa que influência no caráter mais fresco dos vinhos.

Os vinhos foram degustados sob a coordenação de Filipe Sevinate Pinto e do Enólogo Miguel Mendes de Almeida, ambos da vinícola Monte do Álamo, sediada desde 2001 no Alto Alentejo, a poucos quilômetros de Évora. E, como se verá abaixo, são brancos e tintos muito interessantes porque vão de opções acessíveis para o dia-a-dia até o aristocrático Vinho Regional Alentejano “Vinha da Guiça”, que homenageia a matriarca da geração que atualmente comanda a vinícola, um imponente blend tipicamente Alentejano das variedades Alicante Bouschet e Alfrocheiro.

*Platéia Branco VRA 2016 – Álcool: 12,5% – Variedades: Verdelho (70%) e Antão Vaz (30%) – Preço: US$ 17,90 – Palha translúcido, aromático, notas florais e de frutas de polpa branca revezam-se entre si com boa sustentação na taça. Na boca um branco leve, fluído, razoavelmente fresco que termina com sútil amargor que não chega a desequilibrar o conjunto. Avaliação: 88/100 pts.

*ETC. Branco VRA 2016 – Álcool: 13% – Variedades: Arinto (60%), Roupeiro (30%) e Antão Vaz (10%) – Preço: US$ 25,50 – Palha verdeal. Aromas finos de nítidas sugestões cítricas com boa sustentação. Paladar seco, equilibrado, corpo médio, alguma untuosidade, final de média persistência, macio, sem amargor, com certa mineralidade. Avaliação: 88/100 pts.+

*Plateia VRA 2015 – Álcool: 13,5% – Variedades: Aragonês (60%), Tinta Caiada (35%) e Trincadeira (5%) – Preço: US$ 17,90 – vermelho-rubi médio com reflexo violáceo. Aromas de média complexidade com sugestões de frutas negras sobre uma ponta de especiarias. No paladar a adição da Tinta Caiada faz a diferença ao aportar acidez, balanço e consequentemente equilíbrio ao vinho, corretamente protagonizado por frutas negras conferindo-lhe sabor agradável e prazeroso. O álcool também está integrado ao conjunto. Enfim, um tinto fácil de beber, com boa fruta e de final harmonioso.  Avaliação: 88/100 pts.

 

*ETC. VRA 2015 – Álcool: 14% – Variedades: Aragonês (50%), Alfrocheiro (30%), Trincadeira e Tinta Caiada em partes iguais (10% cada) – Preço: US$ 25,50 – aqui a cor é bem mais intensa do que o exemplar anterior e os aromas mais complexos, tudo em razão da adição da casta Alfrocheiro, que encontra sua maior expressão no Dão, mas que revela bons resultados nas mãos de alguns produtores criteriosos dos Alentejo. Apesar de não passar por madeira (tem afinamento de oito meses na garrafa antes de sua liberação), nota-se que entre as frutas negras e especiarias há uma ligeira nota tostada enriquecendo o conjunto. A boca segue no mesmo diapasão, um pouco mais tânica (qualidade muito boa), o álcool é generoso sem incomodar resultando num tinto que tem a esperada “pegada alentejana”. Um vinho para ser bebido já consoante assinalou o produtor Filipe Sevinate Pinto. Termina com boa persistência.  Avaliação: 89/100 pts.

*Monte da Guiça VRA 2014 – Álcool: 13,5% – Variedades: Alfrocheiro (60%) e Tinta Caiada (40%) – Preço: US$ 38,50 – violáceo brilhante de média profundidade. Aromas complexos com uma forte nota balsâmica dominando o conjunto. Depois de alguns minutos amoras, ameixas e uma pontinha de chocolate revezam-se entre si em camadas. O paladar confirma o nariz. As duas variedades pouco comuns nos vinhos alentejanos brilham neste tinto, cada uma fazendo a sua parte. Enquanto a Alfrocheiro aporta finesse e elegância ao corte, a Tinta Caiada levanta o vinho dando-lhe um dos pilares de sustentação que é a acidez. Os taninos aqui são finos, polidos, texturados, vivos e o álcool está integrado. O conjunto final é tipicamente alentejano no melhor sentido: tem nervo, estrutura, potência e maciez, sem qualquer aspereza ou rusticidade. Aqui apenas quatro meses de carvalho francês fez a diferença: estamos diante de um tinto que se beneficiará de mais algum tempo na garrafa. Avaliação: 90/100 pts.+

*Vinha da Guiça Reserva VRA 2014 – Álcool: 14% – Variedades: Alicante Bouschet (70%) e Alfrocheiro (30%) – Preço: US$ 59,90 – A cor retinta já prenuncia um grande tinto do segmento “premium”. E, 2014, foi uma safra muito boa no Alentejo. Também é importante salientar que Graça, é a matriarca da família é quem batiza este vinho (Guiça), de aromas convidativos, finos com notas balsâmicas e de coco aportadas por doze meses de amadurecimento em barricas francesas novas. As notas frutadas não são tão generosas como as notas de barrica, mas tudo é uma questão de tempo, eis que o produtor afirmou que o exemplar da safra 2008 agora que está no auge da evolução. No momento o que se nota é um vinho denso, volumoso, tipicamente alentejano com muito corpo, suculência, potência e sabor. Outro aspecto a ser destacado é a utilização de uma das principais e das mais nobres variedades da região: a Alicante Bouschet, sempre presente nos grandes tintos e aqui também não é exceção. As leveduras são autóctones. A produção é integrada, quase orgânica. No geral, é um vinho com enorme elegância e uma complexidade que pressagia uma evolução muito favorável. Assim sendo, vale à pena ter algumas garrafas na adega para acompanhar a sua evolução. Avaliação: 92/100 pts.++

CONCLUSÃO –

A propriedade Monte Álamo está encravada  numa área maior de cerca de 1.000 hectares onde apenas 35 são destinados à vitivinicultura em Évora, numa planície tipicamente alentejana, com um sistema de rega gota a gota e inserida num sistema de proteção integrada que se aproxima muito dos protocolos da agricultura biológica/orgânica. A vinícola localiza-se no Alto Alentejo e as suas referências históricas sobre a vinha e o vinho são constantes e remontam aos princípios da nacionalidade. Como salientado por Filipe Sevinate Pinto na degustação, a opção pela utilização de variedades exclusivamente portuguesas na elaboração dos vinhos é uma forma não só de valorizar essas castas, mas também de oferecer vinhos diferenciados aos consumidores, com o que estamos plenamente de acordo. O hábil manejo, na ala das brancas, da Verdelho, Arinto, Antão Vaz, Roupeiro e das tintas Aragonez, Trincadeira sem falar nas variedades Tinta Caiada, Alfrocheiro e Alicante Bouschet já dão ideia da opção da vinícola em elaborar vinhos autenticamente portugueses, o que não deixa de ser um fato alentador. Mas também não está errado afirmar que variedades francesas ditas internacionais como Syrah, Petit Verdot e Cabernet Sauvignon (rol exemplificativo, não exaustivo) utilizadas alhures tem apenas a finalidade de conferir estrutura, elegância e longevidade aos vinhos, que não deixam de ser alentejanos por isso. Na degustação realizada nas dependências da importadora Vinci em São Paulo, ficou evidenciado que os vinhos Monte Álamo são bem feitos, sem excessos de extração, álcool e madeira. São brancos e tintos fáceis de beber, que trazem consigo a “pegada alentejana” a confirmar suas excelentes tipicidades. E, mais um detalhe: todos mostraram boa acidez, com destaque para os tintos, o que vale dizer que são vinhos essencialmente gastronômicos. Então, que venham os demais vinhos (há dois varietais, um deles Rosé de Tinta Caiada e toda linha é grande), porque os que acabaram de chegar mostraram qualidade e tipicidade.

(Visited 668 times, 677 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *