No período de 8 a 10 de junho de 2018, realizou-se pela segunda vez em São Paulo (Shopping JK Iguatemi 3º Piso) evento aberto ao público “Vinhos de Portugal”, que contou com a participação de 85 produtores de Portugal possibilitando a degustação de algumas centenas de vinhos, organizado por ViniPortugal e Exponor (Domingos Meirelles) e apoiado pela Embaixada de Portugal, CVRA e importantes veículos da mídia do Brasil. A seguir, as nossas impressões sobre os Vinhos José Maria da Fonseca, degustados na presença do produtor Domingos Soares Franco e Tomás Baião, responsável pelo vinhos JMF no mercado brasileiro (Area Manager) –
Periquita Branco 2017 – Variedades: Verdelho, Viosinho, Viognier e Sauvignon Blanc – a rubrica de Domingos Soares Franco está na etiqueta deste delicioso blend de castas brancas, de cor límpida e brilhante, aromas intensos nos quais se notam tons florais e de frutas de polpa branca com ampla sustentação. No paladar, sua estrutura revelou um branco cujo frescor é o seu maior destaque. Além disso, sua relação preço-qualidade é muito favorável ao consumidor, por se tratar de vinho prazeroso e bem elaborado.
Periquita Rosé 2017 – Variedades: Touriga Nacional, Castelão e Aragonez – também leva a rubrica de Domingos Soares Franco na etiqueta este rosé lote de variedades tipicamente portuguesas, aberto nos aromas com a prevalência das notas de cerejas sobre tons levemente florais. Na boca tem tudo aquilo que se espera de um bom Rosé: leveza e sapidez. Termina harmônico e sem qualquer amargor.
Periquita tinto 2016 – Variedades: Castelão, Trincadeira e Aragonês – mais um vinho com a rubrica de Domingos Soares Franco na etiqueta, este tinto é um verdadeiro “Ex-Libris” da Península de Setúbal. Na taça coloração vermelho-rubi, aromas florais e de frutas vermelhas sobressaem ao lado de uma ponta de madeira. No paladar é um vinho seco, cuja maciez dos taninos logo se impõe ao lado da boa acidez e da madeira bem colocada. Sua relação preço-qualidade é tamanha que este é o principal vinho português no mercado brasileiro há décadas!
Periquita Reserva Vinho Regional da Península de Setúbal 2016 – álcool: 13% – Variedades: Castelão, Touriga Nacional e Touriga Francesa – Região: Setúbal/Algeruz – oito meses em carvalho francês – vermelho-rubi intenso com reflexo violáceo nas bordas. Nariz francamente apetecível com frutas vermelhas e negras em profusão, notas florais (violetas), tudo sem interferência da madeira que está no lugar certo, qual seja, o de coadjuvante. No paladar subimos mais um degrau. Taninos firmes, texturados e assertivos, acidez gastronômica, acidez “ajustada” promovendo uma agradável sensação de boca fresca, álcool integrado, ótima concentração de fruta (doce) sem interferência do carvalho. Ligeiro acento mineral, corpo médio/pleno, final franco, sem arestas. Mais um JMF detentor de relação preço-qualidade.
José Maria da Fonseca “Montado” Vinho Regional Alentejano 2017 – Álcool: 13,5% – Variedades: Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Syrah – importado pelo Supermercado Pão de Açúcar onde seu preço gira entre R$ 28,90 (promoção) a R$ 39,90 – este tinto se tornou conhecido por apresentar destacada relação preço-qualidade. Equilibrado, macio e com boa fruta, se destacou na mesa da José Maria da Fonseca no evento Vinhos de Portugal realizado recentemente em SP, em razão de sua “pegada” tipicamente alentejana.
Ripanço Private Selection 2016 – Álcool: 13,5% – Vinho Regional Alentejano – Região: Alentejo/Distrito de Évora/Conselho de Reguengos de Monsaraz: Syrah (48%) Aragonês (32%) e Alicante Bouschet (20%) – importador: Decanter – vinho amadurecido 6 meses em barricas usadas de carvalho francês e americano. Trata-se de tinto que representa muito bem a região do Alentejo, Centro-Sul de Portugal, elaborado a partir do blend de três variedades, duas portuguesas e uma francesa – Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso. Apresenta aromas de frutas vermelhas e negras sobre um fundo levemente tostado. No paladar taninos macios, boa acidez e o álcool generoso ajuda a confirmar a maciez e doçura do conjunto. Termina quente, com boa persistência, sem amargor. Vinho tipicamente alentejano, fácil de beber, de personalidade e equilibrado.
José de Souza Mayor Vinho Regional Alentejano 2015 – Álcool: 14% – Região: Alentejo – Distrito de Évora – Conselho de Reguengos de Monsaraz – lote das variedades Grand Noir (proporção de 54%, variedade criada por Henry Bouschet, cruzamento das variedades Aramont e Petit Bouschet, sua expressão máxima no Alentejo é atingida nas regiões da Vidigueira e de Portalegre), Trincadeira (24%) e Aragonês (22%) – Importador: Decanter – Elaborado com uvas pisadas em lagar e fermentadas em ânforas de barro, seguido de amadurecimento em barricas novas de carvalho francês durante nove meses e foi engarrafado sem filtração. Domingos explicou para este redator, didaticamente, o papel de cada variedade no corte: a Aragonês tem forte impacto no paladar, a Trincadeira confere estrutura e a Grand Noir aporta acidez. Análise organoléptica: vermelho-rubi profundo com reflexo violáceo. Aberto nos aromas com notas de especiarias, balsâmicos e frutas negras maduras sobre um discreto tostado. Na boca seu perfil é clássico, com a pegada típica dos tintos alentejanos, dotado de taninos macios que lhe conferem elegância. De grande concentração, seu conjunto é equilibrado, harmônico, com o álcool, acidez, fruta e madeira entrosados resultando num conjunto solidamente equilibrado. Produzido com uvas de uma safra generosa no Alentejo, irá ganhar complexidade na garrafa, porque reconhecidamente é um vinho de grande longevidade.
Alambre Moscatel de Setúbal 2012 – Álcool: 17,5% – Região: Península de Setúbal/Vila Nogueira de Azeitão – o “entry level” dos Moscatéis da JMF, exibiu bonita cor topázio com reflexo alaranjado. Aromas frutados com sugestões de caramelo, tâmaras, anis e uma leve ponta cítrica. Na boca é um vinho incrivelmente fresco, suave, elegante, fácil de beber. Seus 17,5% de álcool não são notados. Um vinho generoso ótimo para acompanhar sobremesas conventuais portuguesas. Servi-lo aos 10° C. Bom para aperitivos. Final de prova longo e macio.
DSF Moscatel Roxo 20 Anos (500 ml) – Álcool: 18% – O Moscatel Roxo é um vinho fortificado produzido a partir da uva Moscatel na sua versão de pele arroxeada: Moscatel Roxo. É uma uva rara, que correu risco de extinção e apesar de ser similar à sua homônima branca, a aparência é bem diferente dada a sua cor. Ideal para ser consumido como vinho de sobremesa ou acompanhando queijos intensos, possui intensos e complexos aromas que remetem a frutas secas, mel e especiarias. Perfeito equilíbrio no tripé açúcar-acidez-álcool. Análise organoléptica: âmbar intenso. Os aromas são de uma complexidade sem igual, com notas de melaço de cana, mel, frutas cristalizadas, damasco, etc… Na boca em nenhum momento denunciou seus 18% de álcool, mas impressionou por sua perfeita concentração de sabor. Extremamente macio, é um vinho superlativo em todos os sentidos, inclusive no frescor, na sua quase infinita persistência e na doçura que harmoniza de maneira lapidar com sua acidez.
Informação: os vinhos Periquita são importados no Brasil pela Interfood e os Moscatéis e demais vinhos José Maria da Fonseca pela Decanter. Alguns rótulos também são importados pelo GPA/Grupo Pão de Açúcar, p. ex.: Montado –
CONCLUSÃO
A Casa Vinícola José Maria da Fonseca, sediada na Vila Nogueira de Azeitão (Sul de Lisboa), pioneira na venda de vinho de mesa engarrafado é uma das maiores vinícolas de Portugal e isso se reflete na sua organização e extensa linha de produtos. Está nas mãos da mesma família e desde há sete gerações dedicada às vinhas e aos vinhos. A JMF não produz somente vinhos de qualidade mundial. Ela consegue cativar e apresentar muito bem seus produtos – cuja qualidade sempre está a justificar a fama – nos diversos mercados que atua. Seus afamados Moscatéis que o digam. Last but not least, o vinho tinto Periquita é um vinho histórico da José Maria da Fonseca, que também produz o raro Moscatel Roxo e vinhos de excelente tipicidade no Alentejo.