No período de 8 a 10 de junho de 2018, realizou-se pela segunda vez em São Paulo (Shopping JK Iguatemi 3º Piso) evento aberto ao público “Vinhos de Portugal”, que contou com a participação de 85 produtores de Portugal possibilitando a degustação de algumas centenas de vinhos, organizado por ViniPortugal e Exponor (Domingos Meirelles) e apoiado pela Embaixada de Portugal, CVRA e importantes veículos da mídia do Brasil. A seguir, as nossas impressões sobre a degustação comandada em 10.06 pelo jornalista português Luís Lopes denominada “Curso Academia de Vinhos de Portugal – Uvas do Portugal Clássico”  

A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados:

Cabo da Roca DOC Bucelas 2017 – Álcool: 12,5% – Variedade: Arinto – A degustação coordenada pelo jornalista Luís Lopes demonstrou as variedades de uvas existentes em Portugal. Antão Vaz (aromas, untuosidade e maciez) e Arinto (acidez, estrutura e longevidade) merecem ser reconhecidas internacionalmente eis que permitem a elaboração de vinhos de elevada qualidade. Normalmente, a junção dessas duas castas portuguesas “é maior que a soma das partes”. A Arinto é a segunda variedade branca mais plantada em Portugal (a primeira é a Fernão Pires/Maria Gomes/Pedernã), tem semelhança com a Riesling, é perfeita para lotes/blends e gosta do mar. Análise organoléptica: palha esverdeado brilhante. Aromas florais sobre um fundo cítrico. Paladar no mesmo diapasão com o frescor se destacando, faltando-lhe apenas um pouco mais de volume. Termina macio, sem amargor. Avaliação: 87/100 pts.

Kelman DOC Dão Encruzado Grande Escolha 2014 – Álcool: 13% – Variedade: Encruzado – A Encruzado é uma variedade nova, descoberta em 1942 e dá bons resultados nos solos graníticos de altitude (Dão). Nos vinhos leva até 12 meses para mostrar seus aromas, mas seus vinhos duram de dez a quinze anos. Análise organoléptica: palha na transição para dourado. Nariz aberto dotado de notas cítricas, algum vegetal, flores brancas sobre um fundo mineral com boa sustentação na taça. Na boca, sua entrada revelou um branco crocante, denso, viscoso e de grande frescor proporcionado por sua plena acidez. O fim-de-boca é razoavelmente persistente, marcado pela fruta cítrica. Um branco de exceção. Avaliação: 89/100 pts.+ 

Anselmo Mendes Parcela Única Alvarinho DOC Vinho Verde 2015 – Álcool: 12% – Sub-região: Monção e Melgaço – importador: Decanter – vinho amadurecido nove meses em barrica de carvalho de primeiro uso, com levantamento semanal das borras (a famosa bâtonnage). Análise organoléptica: Palha límpido brilhante. Aberto nos aromas com notas predominantemente de frutas tropicais como manga, maracujá e abacaxi sobre um elegante fundo mineral. Na boca sua entrada revelou um alvarinho rico, marcado pelo frescor e pela elegância de sua mineralidade e delicadeza da sua acidez. Termina macio convidando o degustador para mais um gole. Esplêndido, firme, assertivo, elaborado após dez anos de estudos sobre vinte parcelas, onde apenas uma se destacou nesse período, este Parcela Única na humilde opinião deste escriba é um dos melhores brancos de Anselmo Mendes, consequentemente um dos melhores de Portugal. Anselmo Mendes é um dos expoentes da moderna vinicultura de Portugal, que tem por destaque a valorização das castas autóctones. Avaliação: 92/100 pts.++

Foral de Catanhede Gold Edition Grande Reserva DOC Bairrada Baga 2009 – Álcool: 14,5% – a Baga é uma variedade de película fina, prolífica, rústica e tardia, cujos vinhos são medianamente aromáticos, encorpados e longevos. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, concentrado, profundo, sem denunciar nove anos de idade. Aromas abertos com pouca fruta. Aqui as notas tostadas, defumadas, de chocolate amargo sobre um fundo defumado se destacam. Paladar de forte estrutura tânica conferindo rusticidade e concentração ao conjunto. Acidez integrada, álcool generoso e longa persistência são algumas das características deste potente tinto, de personalidade vincada e grande longevidade. Avaliação: 89-90/100 pts.+

Bridão Colheita Seleccionada DOC Tejo Alicante Bouschet – Álcool: 15% – a Alicante Bouschet é uma variedade franco-lusitana, tintureira, originária do Sul da França. Seu suco é tão intenso que inviabiliza, por exemplo, a elaboração de um Blanc de Noir. Outra informação relevante sobre essa casta é que ela cresce nos blends de Aragonês  e Trincadeira. Análise organoléptica: quase retinto na cor, pouco aromático mas com alguma fruta, é no paladar que essa variedade se destaca gerando vinhos amplos, vigorosos e profundos como este Bridão, vendido em Portugal por cerca de € 7,00. A Alicante Bouschet pontifica no Alentejo, mas no lindeiro Tejo também dá bons resultados. Aqui temos um vinho austero, concentrado, desambicioso, mas de longa sobrevida na garrafa e de surpreendente tipicidade. Avaliação: 90/100 pts.+

Quinta de S. José DOC Douro Touriga Nacional 2015 – Álcool: 14% – Região: entre Pinhão e Tua (Cima Corgo) – segundo Luís Lopes, no século XVIII, a Touriga Nacional era conhecida por Dão Preto de Mortágua. Touriga é o nome de uma vila da região do Dão. A viabilidade genética dessa variedade no Dão é maior do que no Douro. Seu aroma floral é inconfundível, mas não é incomum exalar notas cítricas. No vinhedo, a Touriga Nacional rende pouco e foi levada ao Douro pelos lavradores locais. Há cerca de 25 anos, ela representava apenas 3% das variedades cultivadas no Douro, onde o solo é de xisto; no Dão é de granito. A casta clássica do Douro por excelência é a Touriga Franca. No Dão, cresce nos lotes com Jaen e Alfrocheiro. No Alentejo o blend clássico é Alicante Bouschet, Tinta Roriz, Aragonez. No Dão além dos aromas florais, os vinhos exibem um frutado (cítrico) elegante, fino. Já no Douro, os vinhos são concentrados. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo, halo púrpura sem indicar a idade. Os aromas iniciais são florais (violetas) para ceder para uma camada de frutas vermelhas e negras sobre ligeiro vegetal e um defumado que começa a despontar. No paladar destaca a maciez dos taninos, acidez vivaz e o álcool generoso perfazendo um conjunto de boa envergadura, equilibrado, prazeroso. Encorpado, o fim-de-boca é longo, sem adstringência. Avaliação: 91/100 pts. +

(Visited 303 times, 303 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *