No período de 8 a 10 de junho de 2018, realizou-se pela segunda vez em São Paulo (Shopping JK Iguatemi 3º Piso) evento aberto ao público “Vinhos de Portugal”, que contou com a participação de 85 produtores de Portugal possibilitando a degustação de algumas centenas de vinhos, organizado por ViniPortugal Exponor (Domingos Meirelles) e apoiado pela Embaixada de Portugal, CVRA e importantes veículos da mídia do Brasil. A seguir, as nossas impressões sobre os vinhos do produtor Duriense Domingos Alves de Sousa, servidos por ele mesmo:

É no Douro – 1ª região demarcada e regulamentada do mundo (1756) e Patrimônio da Humanidade (UNESCO) que Domingos Alves de Sousa dá vida aos seus vinhos, seguindo uma tradição familiar iniciada pelo seu avô e à qual hoje se juntam também os seus filhos. Licenciado em Engenharia Civil, não resistiu porém ao duplo apelo (da terra e do sangue), e abandonou a sua atividade em 1987 para se dedicar em exclusivo à exploração das quintas que lhe couberam em herança e a outras que posteriormente adquiriu. Durante muito tempo foi fornecedor de algumas das mais prestigiadas casas exportadoras de Vinho do Porto. Mas os problemas que afetaram o setor nos finais da década de 80, levaram-no a olhar para as suas vinhas de uma forma diferente e a estudar o seu potencial para a produção não apenas de vinhos generosos mas também de vinhos de mesa, tornando-se num dos pioneiros dos vinhos do Douro. O desejo antigo e sempre presente de encontrar a melhor expressão de uma vinha levam-no a vinificar exclusivamente as uvas das suas Quintas e a trabalhar apenas com as castas naturais da região. A qualidade e a singularidade dos seus vinhos são amplamente reconhecidas, com distinções e referências nas mais respeitadas publicações nacionais e internacionais. Um destaque especial para a atribuição do prêmio “Produtor do ano” em 1999 e novamente em 2006 pela Revista de Vinhos, tornando-se o primeiro a receber por duas vezes a mais importante distinção para um produtor de vinhos em Portugal. Fonte: vinhoweb.pt

Branco da Gaivosa – Blogdojeriel.jpg

Branco da Gaivosa DOC Douro 2016 – Álcool: 12,5% – Variedades: Malvasia Fina, Gouveio, Arinto (vinhas com mais de 20 anos) – Preço: R$ 154,60 (2014) – surpreendente branco duriense que na taça exibiu cor palha brilhante, quase translúcido com reflexo esverdeado. Aberto e muito intenso nos aromas  complexos com tons florais, mas  a fruta tropical desponta (lichia e abacaxi maduro). No paladar, conjugou boa acidez com frutas cítricas de forma bastante equilibrada. Mineral, balanceado, apresentou boa persistência no final de boca. Sua tipicidade está muito acima da de seus congêneres. Avaliação: 90-91/100 pts.

Vale da Raposa Reserva – Blogdojeriel.jpg

Vale da Raposa Reserva DOC Douro 2015 – Álcool: 14% – Variedades: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão e Touriga Franca – importador: Decanter – Preço: R$ 121,30 – intenso na cor a denotar juventude, este verdadeiro Best Buy Duriense exibiu aromas complexos com notas alicoradas, frutas negras sobre leve vegetal. Boca no mesmo diapasão com taninos bem marcados com algum dulçor formando um perfil de médio corpo, fresco, de boa acidez, álcool integrado, frutado e de média persistência. Um vinho fácil de beber, de boa tipicidade e que continuará a evoluir nos próximos anos. Avaliação: 89/100 pts.+

Domingos Alves de Sousa é um produtor emblemático – Blogdojeriel.jpg

Caldas Reserva Touriga Nacional Douro DOC 2013 – Álcool: 14,5% – Região: Baixo Corgo/Douro – importador: Decanter – Preço: R$ 183 – Vermelho-rubi profundo bem concentrado com discreto halo granada em formação. Boa complexidade aromática com as típicas notas florais (violetas) da TN, ameixa em calda sobre uma nota levemente tostada oriunda da barrica. Muito refinado na boca com boa conjugação de álcool, acidez e taninos emoldurados por uma boa dose de frutas negras. Ótima persistência, num final de boca amplo e longo. Um ótimo vinho que pode ser bebido já ou guardado por mais alguns anos. Avaliação: 90/100 pts.+

Vinha de Lordello – Blogdojeriel.jpg

Quinta da Gaivosa Vinha de Lordello Douro DOC 2008 – Álcool: 15% – Variedades: Touriga Nacional, Malvasia Preta, Tinta Amarela entre outras (30 castas autóctones) – Região: Baixo Corgo/Douro – importador: Decanter – Preço: R$ 617,60 (safra 2009) – a Vinha de Lordelo – a mais velha das vinhas da Quinta da Gaivosa é uma surpreendente coleção de 30 castas autóctones plantadas em conjunto (incluindo raridades como a “Malvasia Preta”). Com mais de 100 anos, a sua escassa produção (um pequeno cacho por videira) levaria racionalmente à sua replantação. Mas há pouco de racional numa vinha como Lordelo. Há emoção, história, legado e um caráter único que a família Alves de Sousa tem o prazer de com este vinho partilhar. Análise organoléptica: cor profunda com bom extrato. Nos aromas sobressaem a notas típicas de violetas da casta majoritária, a Touriga Nacional. Notas de especiarias (pimenta-do-reino), mentol e ameixas revezam-se entre si com pinceladas tostadas. Encorpado com boa presença de taninos, complexo, mas sempre com frescura e grande elegância. Tem boa presença de frutas negras e excelente acidez. Ótima persistência, num final amplo, longo, marcado pela fruta. A elegância prevalece sobre a potência. Descortina-se muita vida na garrafa. Avaliação: 92-93/100 pts.+

Quinta da Gaivosa – Blogdojeriel.jpg

Domingos Alves de Souza “Quinta da Gaivosa” DOC Douro 2013 – Álcool: 14% – Variedades: Tinta Amarela, Touriga Nacional e Sousão – importador: Decanter – um dos principais vinhos deste produtor confirmou as expectativas e, degustado pela segunda vez consecutiva no espaço de três meses justificou sua grande fama. Um verdadeiro ícone, que seduz já na cor profunda, brilhante com leve evolução. Exibiu aromas florais, frutas vermelhas e negras em profusão, uma pontinha animal sobre ligeiro terroso. Muito complexo aromaticamente. Boca no mesmo diapasão, firme e solidamente estruturada com taninos finos a lhe conferir notável elegância: um Duriense cujo estilo acompanha a escola Borgonhesa: privilégio, leveza, potência e finesse. Tem um final de boca amplo e persistente. Avaliação: 94/100 pts.+

Abandonado – Blogdojeriel.jpg

“Auxiliado pelo filho Tiago, Domingos Alves de Sousa agora produz vinhos de mesa de alta qualidade no Douro. Ele tem cinco propriedades (Quinta da Gaivosa, Quinta do Vale da Raposa, Quinta das Caldas, Quinta da Estação e Quinta da Avaleira) no Baixo Corgo que, juntas, ocupam 110 ha. Domingos que de início só cultivava videiras, passou a fazer vinhos em 1991, com qualidade melhor ultimamente. O Gaivosa é um tinto tradicional, denso, bom para guarda. O Abandonado, de videira muito antigas da Quinta do Vale da Raposa, é melhor ainda. O denso, doce e maduro Vinha de Lordelo, de lotes selecionados da Quinta da Gaivosa, talvez seja o melhor”. Fonte: O Grande Livro dos Vinhos – Publifolha – 1a. Edição – 2012

Abandonado Douro DOC 2013blend de vinte castas oriundas de vinhas muito velhas, com destaque para Sousão, Touriga Franca e Tinta Amarela – Álcool: 14,5% – Preço: R$ 809 – Uma vinha a passar os 80 anos de idade, com várias falhas derivadas de um parcial abandono durante alguns anos. Numa zona de intensa exposição e com enormes afloramentos de xisto à superfície onde nem uma única erva subsiste. As gentes da Quinta depressa a apelidaram de “Vinha do Abandonado”. Análise organoléptica: retinto, profundo na cor. Apresenta um nariz harmônico entre fruta madura e madeira secundado por notas de alcatrão e café tostado. No paladar a elegância se repete. Tem uma significativa concentração de fruta que não se intimida na presença da madeira. Um vinho de muita classe, viscoso, equilibrado, soberba expressão das Vinhas Velhas do Douro. Persistência bem próxima do infinito. Vinho ímpar, um verdadeiro “state of art”. Avaliação: 95/100 pts.++

 

Porto Vintage Alves de Sousa – Blogdojeriel.jpg

Alves de Sousa Porto Vintage 2015 – Álcool: 20% – Variedades: Touriga Franca, Touriga Nacional e Sousão da Quinta da Gaivosa e da Quinta da Oliveirinha – vermelho-rubi escuro na cor. Aromas complexos com notas de frutas vermelhas e negras concentradas (ameixa, figo e cereja). O paladar é rico, equilibrado, harmônico, suave, encorpado e bem estruturado com taninos de textura finíssima. Impressiona por sua densidade e concentração de sabor que confirma os aromas emoldurados por notas de chocolate e amoras. Denso mas extraordinariamente equilibrado.  Volumoso, complexo e de final longo. Tem longa e auspiciosa vida em frente. Uma das melhores harmonizações do Porto Vintage é com queijo (queijos cremosos, queijo azul e queijo curado), mas este aristocrático vinho também pode ser apreciado escoltando muitas sobremesas ou simplesmente por conta própria. Avaliação: 95/100 pts.++

Um raro Porto branco 10 anos – Domingos Alves de Sousa – Blogdojeriel.jpg

Quinta da Gaivosa Porto White 10 years – Álcool: 19,5% – engarrafado no ano de 2017 por aquele que já foi considerado produtor do ano em Portugal nos anos de 1999 e 2006: Domingos Alves de Sousa – garrafa 500 ml – Amarelo intenso com reflexo ligeiramente acobreado. Aberto nos aromas convidativos e abundantes, com uma profusão de notas florais, frutas secas (nozes), marmelo sobre favo de mel com ampla sustentação. Paladar rico e ao mesmo tempo volumoso com finesse, muita finesse. Álcool integrado. Acidez plena sem perder de vista a esperada delicadeza do Porto branco. Termina longo. Servido frio faz um excelente aperitivo, mas brilhará com crème brûlée, bolos, pudins ou poderá simplesmente ser saboreado sozinho após as refeições. Avaliação: 95/100 pts. 

 

Os vinhos de Domingos Alves de Sousa não são baratos. Mas tipicidade e outras qualidades não lhes faltam! Blogdojeriel.jpg
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