No período de 8 a 10 de junho de 2018, realizou-se pela segunda vez em São Paulo (Shopping JK Iguatemi 3º Piso), evento aberto ao público denominado “Vinhos de Portugal”, que contou com a participação de 85 produtores portugueses possibilitando a degustação de algumas centenas de vinhos. Organizado por ViniPortugal Exponor (Domingos Meirelles) e apoiado pela Embaixada de Portugal, CVRA e importantes veículos da mídia do Brasil, o evento contou com a expressiva participação do público paulistano. A seguir, as nossas impressões sobre os vinhos do produtor Alentejano – Herdade do Arrepiado Velho:

Herdade do Arrepiado Velho Riesling VRA 2016 – Álcool: 12% – concentrado, acídulo, corpo médio, razoavelmente fresco, mineral e cítrico, termina medianamente persistente. Avaliação: 87/100 pts.

Herdade do Arrepiado Velho Viognier VRA 2016 – Álcool: 12,5% – aromático, denso, concentrado, untuoso, fresco, mineral e de longa persistência. Destaca-se por sua tipicidade e deve crescer à mesa. Avaliação: 89/100 pts.

Herdade do Arrepiado Velho branco Collection Reserva VRA 2016 – Álcool: 13% – Variedades: Antão Vaz (70%), Chardonnay (15%) e Riesling (15%) – amadurecido 12 meses em barricas de carvalho francês, palha claro, nariz complexo com floral, fruta tropical sobre leve esfumaçado. No paladar tem volume confirmando os aromas, é dotado de boa acidez, balanceado, harmônico, untuoso, a fruta aparece e termina macio, mineral. Avaliação: 88/100 pts.

Herdade do Arrepiado Velho Rosé 2016 – Álcool: 13% – Variedades: Touriga Nacional e Petit Verdot – bem frutado no nariz, corpo médio, tem no frescor promovido pela acidez seu maior apelo. Avaliação: 87/100 pts.

Arrepiado Velho “Brett Edition” 2016 – Álcool: 14,5% – Variedade: Syrah (100%) – amadurecido durante dezesseis meses em barrica de carvalho francês. Análise organoléptica: intenso, profundo e sobretudo concentrado na cor. Nos aromas as típicas notas de frutas vermelhas e negras sobre um fundo tostado. Na boca sua entrada revelou um vinho equilibrado, de taninos macios e ao mesmo tempo mastigáveis. Pequena sobra de álcool que não tem o condão de desequilibrar o conjunto. Concentrado, as notas de “Brett” são bem discretas. Aliás, Jancis Robinson define Brettanomyces como “uma bactéria que vive em barricas de madeira sujas e pode infectar o vinho, conferindo-lhe cheiro de rato. Um defeito que só degustadores experientes conseguem perceber, embora alguns produtores americanos associem-no com bons vinhos franceses e deliberadamente incentivem uma pequena quantidade de Brettanomyces em seus vinhos”.  Neste vinho, o toque de “Brett” é mínimo, o suficiente para dar-lhe alguma sofisticação enquanto jovem, eis que esse tipo de aroma só aparece após muitos anos de envelhecimento. O vinho é bastante agradável, vincado na tipicidade, profundo, macio, aveludado e as manifestações aromáticas de “Brett” são discretas e a fruta está mais presente do que nas versões anteriores. Avaliação: 90/100 pts.+

Herdade do Arrepiado Velho Petit Verdot Unoaked 2015 – Álcool: 14,5% – Lacônicamente, Hugh Johnson afirma que: “uva do Médoc, excelente mas desajeitada. Atualmente, cada vez mais plantada nas regiões da Cabernet em todo o mundo, para fragrância extra”. Porém, o que se pode dizer da Petit Verdot é que se tornou mais conhecida por seu caráter exótico, eis que a quem diga que é a mais exótica das uvas bordalesas. Lá, seu amadurecimento tardio só se dá satisfatoriamente nas colheitas mais quentes. Cada vez mais valorizada pelos Châteaux do Médoc, pela cor intensa e perfume que um pequeno porcentual pode dar às misturas que levam Cabernet Sauvignon, que é uma de suas principais parceiras. Devido a ela, na Espanha, o seu cultivo está se ampliando e já há vinhos feitos exclusivamente dessa varietal. Normalmente seus vinhos tem cor intensa, aromas complexos e intensos, taninos sedosos e complexos. Na Califórnia, começa a adquirir importância e na Austrália se destaca em Riverland. No Cone Sul, vem se destacando na Argentina e no Chile. Já Brasil e Uruguai cultivam muito pouco ou quase nada desta cepa. No Alentejo começa a dar seus primeiros e promissores passos…Análise organoléptica: escurão na cor,além da excelente tipicidade mostrou bons aromas o que não é fácil de encontrar num Petit Verdot. Muito redondo, picante e macio, sem notas herbáceas. Um tinto prazeroso, frutado, equilibrado (sem passagem por madeira!!), suculento e de boa tipicidade. Este tinto faz prova de que a difícil Petit Verdot da bons resultados no Alentejo! Avaliação: 91/100 pts.

Arrepiado Collection Vinho Regional Alentejano Reserva 2015 – Álcool: 15% – Variedades: Touriga Nacional (65%), Syrah (15%), Petit Verdot (10%) e Cabernet Sauvignon (10%) – intenso, profundo na cor, com reflexo púrpura, sem denunciar o peso de três anos. Aberto nos aromas complexos no qual destacam-se notas florais (violetas), especiarias, alguma fruta negra sobre tostado. Boca forte, intensa, tânica (boa qualidade), rugosa, acídula com bom entrosamento de todos seus componentes. Exibiu a típica “pegada alentejana”, eis que se trata de um tinto de muita personalidade com muita vida pela frente. Tipicidade muito boa. Avaliação: 89/100 pts.+ 

Arrepiado Touriga Nacional 2015 – Álcool: 15,5% – intenso, profundo na cor, com reflexo púrpura. Aberto nos aromas complexos no qual destacam-se notas florais (violetas), especiarias, alguma fruta negra sobre tostado. Boca forte, intensa, tânica (boa qualidade), rugosa, alcoólica, com razoável entrosamento de todos seus componentes. Somente a fruta que no momento está ocultada pela madeira, todavia, este tinto exibiu a típica “pegada alentejana”, por força da sua concentração, profundidade e tipicidade. Deve evoluir na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 90/100 pts.+ 

CONCLUSÃO –

É consabido que a maior região vinícola em extensão territorial de Portugal é o Alentejo, região essa que ano após ano se firma como área de produção de vinhos de elevada qualidade. Mas é inegável também que os brancos, de qualidade crescente, não tem o mesmo nível dos tintos. É exatamente nesse contexto que se insere a produção vinícola da Herdade do Arrepiado Velho. O inquieto António Antunes sempre está a inovar e nesta oportunidade apresentou novas safras de vinhos já produzidos ao lado de novos vinhos. O nível de qualidade alcançado por seus brancos é um fato digno de nota, destaque para o seu equilibrado Viognier e também para o complexo Collection Reserva VRA 2016, blend das variedades Antão Vaz, Chardonnay e Riesling. Na ala dos tintos, chamou atenção o excelente Petit Verdot Unoaked 2015, um incrível monovarietal sem passagem por madeira que valoriza a reputação da casta no Alentejo. Enfim, esse produtor continua sua rota ascencional no Alentejo, o que é um fato auspicioso. Mas o melhor mesmo é saber que no Brasil conta com vários importadores, sendo que no Estado e na Cidade de São Paulo, esses vinhos poderão ser encontrados na Rede Oba.

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