O Consorzio Vino Chianti promoveu Masterclass Vinhos Chianti em São Paulo em 19 de outubro de 2018. Essa degustação foi seguida de tasting exclusivo para os participantes da masterclass.  

Apostando no mercado brasileiro, o Consorzio Vino Chianti desembarcou em São Paulo no dia 19 de outubro com uma comitiva de representantes de 17 de suas mais expressivas vinícolas para uma série de ações que incluíram reuniões com importadores de diversos Estados do Brasil, além de degustações para profissionais do segmento. A manhã do dia 19 de outubro foi dedicada às reuniões B2B entre agentes das vinícolas e importadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. O objetivo foi promover negócios e ampliar a presença dos vinhos de Chianti na América Latina.

Sommelier Luca Alves, do Consorzio Chianti – Blogdojeriel.jpg

No período da tarde, profissionais do segmento de vinhos participaram de degustações conduzidas por enólogos que apresentaram as principais características dos rótulos Chianti – uma das denominações de vinhos mais famosas e apreciadas da Itália, rica em histórias e sabores.

As vinícolas que integraram a programação de atividades em São Paulo foram: Tenuta di Artimino, Camperchi, Villa Travignoli, Cantina Sociale Colli Fiorentini – Valvirginio, Val di Botte, Casa Vinicola Bartali, Podere Marcialla, Vi&Mo – Azienda F.lli Cei, Fattoria L’Arco, Guidi 1929, Il Palazzo, Fattoria Betti, Fattoria Montecchio, Podere dell’Anselmo – Fabrizio Forconi, Vino Sorelli, Pieve de’ Pitti e Fattoria Il Muro. 

Vinhos Chianti – Blogdojeriel.jpg

Os vinhos de Chianti  

Considerar a história dos vinhos italianos é considerar a história do próprio país. Os vinhos da Itália estão entre os melhores do mundo por conta do solo e clima favoráveis, ampla variedade de uvas e práticas de viticulturas trazidas há milhares de anos pelos gregos, que já conheciam a importância da viticultura quando batizaram a região de “Enotria” ou “Terra dos Vinhos”. Além da qualidade, o país se tornou um dos maiores produtores de vinhos no mundo. Em 2017, foi o principal produtor do continente europeu, à frente da França e da Espanha.

Com territórios nas províncias de FlorençaSienaPisaPistoiaPrato e Arezzo, a região de Chianti é uma denominação controlada, ou seja, só podem ser chamados vinhos de Chianti os rótulos elaborados ali e que atendam a determinadas especificidades de microrregiões e envelhecimento. Atualmente, são protegidos pelo Conzorcio Vino Chianti cerca de 3 mil fabricantes, com mais de 15.500 hectares de vinhedos, que produzem 80.000 hectolitros de vinhos Chianti – que tem a uva Sangiovese como uma das responsáveis por seu sucesso. A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados, destacando que o evento foi organizado por CH2A Assessoria de Imprensa:

 

Chianti Colli Senesi Riserva – Blogdojeriel.jpg

Chianti Colli Senesi Riserva “Terre del Fico” 2015 – Álcool: 14% – Variedades: Sangiovese (85%), Colorino, Canaiolo e Merlot em partes iguais (5% cada) – o primeiro vinho foi elaborado numa safra excelente que teve chuva no momento certo:  2015. Na taça cor violácea intensa, com toques florais que logo cedem para frutas vermelhas e negras que passam a dominar a paleta de aromas. Na boca sua entrada revelou um vinho jovem, tânico e quente. Na verdade sua acidez pujante combina com seus taninos formando um conjunto estruturado. Rico nos aromas é um vinho que combina bem nas harmonizações. Bem aos três anos de vida manterá essas características até 2020! Avaliação: 88/100 pts.

Chianti Montalbano DOCG Riserva “Cantagallo” 2014 – Blogdojeriel.jpg

Chianti Montalbano DOCG Riserva “Cantagallo” 2014 – Álcool: 13,5% – Variedade: Sangiovese – 2014 não foi uma safra tão boa quanto 2015. Foi chuvosa com um bom mês de setembro segundo observou Jorge Lucki. Na taça cor violácea com discreto halo de envelhecimento nas bordas. Nos aromas fruta em compota, mentol. Os aromas decorrem do tipo de solo: marga – rocha em decomposição. No paladar é um Chianti de bom acabamento  eis que seus taninos são macios, a acidez é plena, poderoso, potente, sutil, dotado de convidativas notas de baunilha, chocolate, sendo do tipo que “limpa a boca”. Como a safra não foi lá essas coisas aqui se nota o trabalho do produtor em elaborar e conseguir fazer um ótimo vinho. No retrogosto ervas aromáticas. Muito elogiado na degustação. Avaliação: 92/100 pts.+ 

Chianti DOCG DOCG “Moro di Pava” 2013 –

Chianti Colline Pisano Riserva DOCG “Moro di Pava” 2013 – Álcool: 14,5% – a safra 2013 foi a melhor delas depois da memorável safra 2010. Colline Pisano fica a 110 m.s.n.m. e essa pequena altitude reflete na qualidade do vinho. Vamos a ele: violáceo com halo granada límpido, brilhante. Nos aromas o perfil é unidimensional com alcaçuz (liquirizia). Melhor na boca. Rico, taninos macios, acidez ok, a madeira (16 meses em carvalho francês) confere-lhe riqueza de aromas e sabores com uma ponta de chocolate branco. Afinou na garrafa de 10 a 14 meses antes da sua liberação ao mercado. Enfim,  sem ser exuberante um Chianti de grande equilíbrio gustativo. Avaliação: 89-90/100 pts.

Chianti Montespertoli DOCG Riserva 2012 – Blogdojeriel.jpg

Chianti Montespertoli DOCG Riserva Podere dell Anselmo “Ingannamatti” 2012 – Álcool: 14,5% – Variedades: Sangiovese e Colorino – a safra 2012 foi considerada quente e isso se reflete na cor e ainda mais nos aromas: vermelho-rubi com discreto halo granada, aromas de fruta em compota, fruta cozida. Na boca é seco, de taninos macios, boa concentração de sabor mas revelou uma certa adstringência final. Não tem a acidez dos exemplares anteriores, mas está no auge da evolução. Avaliação: 89/100 pts. 

Chianti Colli Arentini DOCG Riserva 2011 – Blogdojeriel.jpg

Chianti Colli Arentini DOCG Riserva “Il Palazzo” 2011 – Variedades: Sangiovese (95%) e o restante de outras uvas autorizadas – violáceo intenso com halo de evolução. Quase unidimensional nos aromas com mentol e alcaçuz sobre um fundo terroso. A fruta aparece mais na boca sem denunciar os vinte meses de amadurecimento em barrica de carvalho. Os taninos são macios, a acidez próxima do ideal e  o  álcool está integrado. O resultado é um vinho balanceado, fresco, prazeroso, elegante, encorpado, rico e bem frutado. Avaliação: 91/100 pts.

Chianti Rufina DOCG Riserva 2009 – Blogdojeriel.jpg

Chianti Rufina DOCG Riserva “Riserva del Don Colognole” 2009 – produzido numa safra quente, Ruffina  se caracteriza por sua posição setentrional, com uma altitude mais elevada e consequentemente maior amplitude térmica. O resultado é um vinho mais estruturado em decorrência do frescor das uvas (acidez). Aqui a acidez é sempre maior. Vamos ao vinho: vermelho-rubi com nítido reflexo granada. Tem o floral da Sangiovese que logo cede espaço para notas de evolução com toques animais, couro, tabaco e chocolate. Um vinho com tudo no lugar certo. Os 24 meses de amadurecimento em “botti” da Eslavônia estão integrados. Na boca sua entrada revelou um Chianti de sólida estrutura de taninos, álcool na medida e acidez pulsante, como convém. O sabor é concentrado, elegante e sofisticado, com seus taninos marcados pela finesse. O vinho é pura expressão da complexidade auferida em nove anos de evolução na garrafa. Está pronto e termina com longa persistência. Sem dúvida, uma dos melhores eventos da prova! Avaliação: 92/100 pts.

Chianti Colli Fiorentini Riserva 2006 – Blogdojeriel.jpg

Chianti Colli Fiorentini Riserva Fattoria di Fiano “Ugo Bing” 2006 – Álcool: 13,5% – Variedades: Sangiovese (75%), Canaiolo (20%) e outras uvas (5%) – o último vinho da prova não era o menos importante. Ao contrário. Produzido com uvas da excepcional colheita de 2006 oriundas das colinas de Florença. A cor nitidamente granada indica sua idade. No nariz um perfil terciário com tons animais sobre mentol. Na boca é um vinho pleno, com tudo no lugar certo. 30% do vinho passou por cubas de cimento e o restante em “botti” de 27 hectolitros de segundo e terceiro usos. O fim-de-boca é sedoso, macio e persistente. Está prontíssimo!  Avaliação: 90/100 pts.

A degustação de vinhos “Chianti DOCG: um excepcional retrato vertical através de suas safras e territórios” – ocorreu no dia 19.10.2018 e foi conduzida por Jorge Lucki. Houve a prova de sete sub-regiões das safras 2006 a 2015

CONCLUSÃO –

As castas base utilizadas na produção de chianti são: no mínimo 70% Sangiovese, uvas adicionais até 30%, com um máximo de 10% para as castas brancas e 15% para as variedades Cabernet Franc, Sauvignon e Merlot. O vinho Chianti tem uma cor vermelha-rubi, que tende ao granada com o envelhecimento. Tem um sabor harmonioso, seco, tênue, ligeiramente tânico, com aromas vinosos intensos e notas de violeta. Alguns tipos podem ser consumidos jovens e frescos que agradam ao paladar, enquanto algumas áreas são mais conhecidas pelos seus vinhos de meia-idade, que apresentam uma cor mais madura, aromas e sabores inconfundíveis.

Degustação Consorzio Chianti em SP 2018 – Blogdojeriel.jpg

A área de produção do vinho Chianti é constituída por territórios que são demarcados por lei, localizados nas províncias de Arezzo, Florença, Pisa, Pistoia, Prato e Siena. Este ambiente é caracterizado por colinas com grandes terraços e vales atravessados por rios. A origem do Chianti se perde ao longo de séculos, mas o vinho recebeu seus primeiros reconhecimentos no século XIX, a primeira demarcação oficial em 1932 e foi obtida a Denominação de Origem Controlada (DOC) por meio de um Decreto do Presidente da República Italiana de 9 de agosto 1967, que estabeleceu as características do vinho através de regulamentos constantes de um “Caderno de Especificações de Produção”.

Degustação Consorzio Chianti SP 2018 – Blogdojeriel.jpg

A designação “Chianti” pode ser integrada com as menções especiais a “Colli Arentini”, “Colli Fiorentini”, “Colli Senesi”, “Colline Pisane”, “Montalbano”, “Rufina” e “Montespertoli”, as primeiras correspondendo às subzonas geográficas na primeira demarcação territorial estabelecida pelo Decreto Ministerial datado de 31 de julho de 1932, enquanto a última, Montespertoli, foi reconhecida pelo Decreto datado de 8 de setembro de 1997. Nestas áreas específicas foram estabelecidos métodos de produção mais restritivos e requisitos especiais para os vinhos. É interessante notar o retorno da tipologia “Superiore”, que tem características superiores e potencialmente se refere a todo o distrito vinícola de Chianti.

Degustação Chianti SP 2018 – Blogdojeriel.jpg

O valor particular do vinho Chianti também foi reconhecido criação da Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG), atribuída por Decreto do Presidente da República Italiana de 2 de julho de 1984. A partir de então, além dos controles existentes, os vinhos Chianti também tiveram que ser submetidos a um exame organoléptico pelo Comitê Estadual de Degustação da Câmara de Comércio, bem como análises químicas específicas. Somente uma vez que o Chianti passou nesses exames,  pode ser engarrafado e uma marca de verificação adicionada atestando sua validade. O Decreto Ministerial de 5 de Agosto de 1996 alterou os regulamentos anteriores, emitindo dois conjuntos distintos de regulamentos para os vinhos Chianti e Chianti Classico.

Jorge Lucki conduziu a degustação de Chiantis em SP 2018 – Blogdojeriel.jpg

A designação “Colli dell’Etruria Centrale” está posicionada ao lado da designação DOCG Chianti e permite a produção, na mesma área, de vinhos de qualidade diferente do Chianti, sendo os vinhos tintos unidos por brancos, rosés, “novello” e o famoso Vin Santo.

Por fim, o reconhecimento da designação “Vin Santo del Chianti”, com a possibilidade de utilizar as várias subzonas, marca um importante passo na valorização deste produto que tanto representa as habilidades tradicionais de produção da região de Chianti e para as quais o Consorzio Vino Chianti tem demorado tanto tempo.

Fonte: Consorzio Vino Chianti

Vinhos Chianti – Blogdojeriel.jpg

 

De acordo com os ensinamentos de Jorge Lucki:
  • os vinhedos localizados nas encostas são sempre superiores aos das planícies.
  • no rótulo do vinho não é obrigada a indicação da sub-região.
  • Chianti DOCG tem que ter no mínimo 70% de Sangiovese e os 30% de outras uvas assim divididas: 10% brancas e  15% entre Cabernet e Merlot. Essas duas últimas aportam corpo ao vinho.
  • O Chianti Classico Riserva amadurece dois anos em carvalho e afina mais três meses na garrafa antes da sua liberação ao mercado.
  • O Chianti Classico só é liberado ao mercado nove meses após o ano seguinte ao engarrafamento.
  • A Sangiovese não gosta do mar. Prefere colinas e planícies.
  • O amadurecimento em carvalho da Eslavônia é porque nele a resposta da Sangiovese é melhor.
  • A tudo isso acrescentamos que a qualidade dos vinhos oscila muito assim como seu preço também. Uma pena que no evento a nova categoria “Gran Selezione” não ter sido abordada. São verdadeiros “superchiantis” de alta qualidade (preço idem) que pretendem reforçar o prestígio dessa região.
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