Por Ricardo Bohn Gonçalves –

Jerusalém. Crédito da imagem: RBG
Jerusalém. Crédito da imagem: RBG

 

Alguns de vocês vão lembrar. Certa vez fiz um evento com um convite: “Vinhos de Israel no Arábia”. (Aliás, não é um motivo de orgulho viver num país onde você pode divulgar um evento com esse mote?) Sergio e Leila Kuczynski forneceram o generoso jantar à moda árabe, que harmonizou maravilhosamente com os vinhos israelenses apresentados. Antes de começar o jantar um dos convidados, ainda meio incrédulo, perguntou: “Mas Israel faz vinhos mesmo?” A senhora que estava ao meu lado, brincalhona, respondeu de pronto: “E o senhor acha que os vinhos da Santa Ceia vieram do Napa Valley?”

Gargalhadas gerais, mas, de fato, falar de vinhos de Israel provoca ainda hoje algum espanto.

A região faz vinho desde os tempos mais remotos e agora com novas vinícolas e tecnologias de ponta vem colocando no mercado vinhos cada vez melhores.

São inúmeras, acredite, mas fui conhecer o Domaine du Castel, uma pequena vinícola familiar localizada justamente nas montanhas da Judeia, que circundam a cidade de Jerusalém e que desde os tempos bíblicos produzem vinhos. Quem sabe até tenha vindo de um daqueles terraços aquele que foi servido na última refeição de Jesus com seus apóstolos.

Crédito da imagem: RBG
Crédito da imagem: RBG

À frente do Domaine, a família — pai, Eli Ben Zaken e filhos, Ilana, Ariel e Eytan e o genro, Aron. O primeiro vinho foi uma mistura de Merlot e Cabernet, de vinhas próximas à casa, produzido em um estábulo. 1992 Castel Grand Vin. O nome veio de uma fortaleza dos Cruzados que existia nos arredores, o rótulo foi feito por um artista israelense, Ben chamou de “Gran Vin” apenas para sinalizar o tanto de esforço e de cuidado que havia sido investido na produção, e o vinho impressionou, não apenas os amigos.

Por essas vias que o destino traça por nós, uma garrafa foi parar na mesa de Serena Sutcliffe, Master of Wine, à frente do departamento de vinhos da Sothesby inglesa. E ela adorou! “Um clássico!”, escreveu na época.

A surpresa foi tanta que a família se animou a entrar no negócio prá valer e dali em diante, sempre com foco em qualidade e rigor na produção — a vinícola segue os preceitos da produção kosher – vem produzindo alguns vinhos excelentes. São somente três rótulos: um branco, Chardonnay, C Blanc du Castel, e dois tintos, Petit Castel, de vinhas mais novas, e o Castel Grand Vin, a estrela da vinícola.

Os tintos são cortes de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot, ou seja blend típico de Bordeaux. Não filtrados e não refinados, eles precisam de um tempo de guarda. Muito clássicos, sim, e elegantes.

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