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No dia 11 de setembro de 2013, a Importadora Devinum trouxe Miguel Torres Maczasseck, Diretor Geral do grupo Miguel Torres, para apresentação de novas safras dos vinhos espanhóis por si a um grupo seleto de jornalistas. Receptivo aos presentes, Miguel esbanjou simpatia e falou dos projetos da vinícola no mundo (Espanha, Chile e EUA) e dos novos vinhos que serão produzidos, inclusive um Cava e da aquisição de vinhedos na Galícia (Rías Baixas) onde futuramente produzirá Albariños. Estiveram presentes além de Miguel, Marc Perelló, Diretor Geral da Devinum e Patrícia Aires, Coordenadora de Marketing, experts e jornalistas do setor, para degustação dos seguintes vinhos:

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Fransola é um Sauvignon Blanc parcialmente fermentado em barrica de carvalho

Fransola 2011 – variedades: Sauvignon Blanc e Parellada (5%) – álcool: 14,5% – preço: R$ 173,36 – elaborado com uvas de um vinhedo de cerca de 25 hectares de mesmo nome, o microclima da área está condicionado pela sua posição em termos de relevo: a serra de pré-Costeira, cujo microclima atua como um obstáculo às pragas naturais e aumenta a condensação das massas de ar vindo do Mediterrâneo. Estes solos argilosos de profundidade tem importante potencial, juntamente com este microclima específico permitir a colheita de safras de alta qualidade. Análise organoléptica: palha claro brilhante com reflexo verdeal. Aberto nos aromas com as tradicionais notas vegetais da variedade secundadas por leve floral (flor de maracujá) sobre um fundo cítrico, sem denunciar ter sido parcialmente fermentado e amadurecido em barrica de carvalho americano e francês durante oito meses. Na boca sua entrada revelou um vinho de acidez delicada, destacado frescor, maciez e muito boa concentração de sabor e leve mineralidade.  Persistente, seu final é limpo, sem nenhum amargor. Avaliação: 89/100 pts.

Milmanda Chardonnay 2008 - fresco, macio, não denunciou o peso dos anos!
Milmanda Chardonnay 2008 – fresco, macio, não denunciou o peso dos anos!

Milmanda 2008 – variedade: Chardonnay – álcool: 13,5% – preço: R$ 194,16 – produzido com uvas de um vinhedo de 15 hectares localizado nas margens do Rio Ebro, cujo microclima recebe influência do mediterrâneo com características continentais. O solo é profundo e tem pH básico, capacidade de retenção de água muita alta e elevado teor de cal ativo. Está composto por marga avermelhada do período Oligoceno superior. Nas áreas de conglomerados, a pedregosidade aumenta e os seixos permitem a infiltração de água. Análise organoléptica:  palha na transição para dourado brilhante. Aberto e intenso nos aromas com sugestões de frutas tropicais maduras (abacaxi, melão e leve cítrico) sobre uma gostosa nota amanteigada. Na boca é um vinho elegante, bem elaborado, que permite a livre expressão da fruta sem estar encoberta pela madeira (fermentado e amadurecido em barricas novas de carvalho francês “Nevers” durante dez meses  com a realização de bâttonnages), macio e muito lengo. Destaca-se por seu frescor e concentração de sabor. Final de bom cumprimento com leve nota de mel. Avaliação: 90/100 pts.

Ibéricos - Um Rioja de boa tipicidade
Ibéricos – Um Rioja de boa tipicidade

Torres Ibéricos DOCa Rioja 2009 – variedade: Tempranillo – álcool: 14% – região: Rioja – preço: 76,28 – fermentado em cubas de aço inoxidável e amadurecido 12 meses em carvalho francês e americano (10% novos) – Análise organoléptica: vermelho-rubi na transição para granada de média intensidade. Nos aromas as tradicionais notas de barrica  e caramelo que fizeram a fama desta celébre região espanhola, com nuances tostadas sem ocultar a fruta vermelha. Na boca taninos presentes de boa qualidade, fruta e madeira em comunhão, acidez na medica certa e álcool com discreta sobra. O final é persistente e indica que o vinho poderá evoluir na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 88/100 pts.

Salmos - produzido no Priorato, detentor de altas pontuações
Salmos – produzido no Priorato, detentor de altas pontuações

Torres Salmos 2010 – variedades: Garnacha Tinta, Cariñena e Syrah – álcool: 15% – preço: R$ 199,94 – fermentado em cuba de aço inoxidável com temperatura controlada. Amadurecido em barrica de carvalho francês entre 14 – 16 meses – Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo e concentrado. Aromas balsâmicos e de frutas negras em profusão. Repetiu no paladar a concentração de cor e de aromas, ao exibir taninos potentes e ao mesmo tempo adocicados, intensa acidez a promover boa salivação, sólida estrutura marcada pelo frescor e pela boa quantidade de fruta que se expressa livremente sem ser ofuscada pela madeira. Enfim, um grande e consistente expoente do Priorato, região marcada por suas encostas escarpadas, pelo solo pedregoso “pizzarra” ou “licorella” que conferem inegável personalidade, mineralidade, força e longevidade a este complexo e gostoso vinho. Avaliação: 90/100 pts.+

Mas La Plana, antigo "Etiqueta Negra" - um Cabernet Sauvignon que dispensa apresentação
Mas La Plana, antigo “Etiqueta Negra” – um Cabernet Sauvignon que dispensa apresentação

Torres Mas La Plana 2009 – Denominación de Origen Penedés – variedade: Cabernet Sauvignon – álcool: 14,5% – preço: R$ 306,26 – elaborado com uvas da finca Mas La Plana (39 hectares) plantadas na década de 1970, no Penedés. As uvas procedem de três parcelas: Torreta, Plana y Teula. Amadurecido em barrica de carvalho francês nova (Tronçais e Nevers) durante dezoito meses. É um dos principais expoentes de Cabernet Sauvignon no mundo, uma vez que sagrou-se campeão da “Olimpíada Mundial do Vinho” organizada pela revista Gault-Millau em Paris, com pontuação superior a vinhos como Château Latour e Château Haut-Brion; em 1990  o mesmo  Gran Coronas Etiqueta Negra (atual Mas La Plana), destavez da safra 1971, conseguiu pontuação superior a de vários Primeiros Cru do Medóc. Análise organoléptica:  vermelho-rubi intenso, profundo sem halo de evolução. Notas balsâmicas dominam o conjunto num primeiro momento, para depois ceder espaço para mentol, especiarias sobre fruta negra madura (ameixa principalmente) e uma discreta nota de barrica que confere sofisticação ao conjunto. Na boca sua entrada revelou um vinho que se destaca por conta da finesse de seus taninos amáveis e gentis, que remetem diretamente a um elegante Bordeaux margem esquerda. Tudo no sítio certo neste verdadeiro ícone espanhol, quiçá um dos melhores expoentes da casta no Velho Mundo, fora da França: álcool, acidez, madeira e fruta estão harmonicamente integrados. A persistência é longa e o final promete décadas de evolução na garrafa. Provavelmente o melhor Cabernet Sauvignon produzido na Espanha. Avaliação: 92/100 pts.++

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Grans Muralles – um vinho elaborado com variedades ancestrais e videiras resgatadas do esquecimento.

Em 5 de agosto de 1980, um viticultor entrou em contato com as Bodegas Torres para relatar uma descoberta surpreendente. Ele se deparou com uma videira numa de suas vinhas que não conseguia identificar. Isto marca o início de um dos capítulos mais emocionantes da história das Bodegas Torres, que tem um projeto em curso centrado em rastrear e trazer de volta algumas das variedades antigas consideradas  extintas após a eclosão da filoxera na Europa em 1863.

O enorme esforço envolvido para ressuscitar a variedade desconhecida era claramente válido dada a possibilidade de encontrar respostas para estas perguntas. Quinze anos depois e após o teste na produção de vários vinhos, a variedade agora identificada como Garró, mostrou-se excelente como parte do vinho Grans Muralles. Outras variedades desconhecidas já foram descobertas, graças a viticultores que responderam às solicitações de Miguel Torres para procurarem variedades não identificadas. Na verdade, Torres está trabalhando atualmente com um total de 32 variedades descobertas na Catalunha, das quais apenas oito  possivelmente têm potencial.

Renato Frascino e o Diretor Geral da Devinum no Brasil, Marc Perelló
Renato Frascino e o Diretor Geral da Devinum no Brasil, Marc Perelló

Garró e Querol

Em 1996, depois de sua recuperação, a variedade Garró gradualmente foi adicionada à mistura da primeira vindima do vinho Grans Muralles, que logo se mostrou verdadeiramente sublime. A variedade Garró acrescenta grande complexidade aromática e seus taninos emprestam estrutura tornando o vinho vigoroso no paladar.  Em setembro de 1998 foi descoberta da variedade Querol no município de mesmo nome. Essa variedade adiciona suas excelentes características para o blend Grans Muralles: frescura, grande comprimento no paladar e excelente acidez, resultando num vinho de excepcional potencial de envelhecimento. Por fim, Grans Muralles é o símbolo do convicção dissidente e não-conformista de Miguel Torres, expressão viva da maneira particular de entender viticultura: apaixonada, inovadora e fiel a um legado que exige a compreensão da terra e da história da vinícola….

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O terroir do Grans Muralles

O solo da Finca  “Les Muralles” formou-se com materiais modernos da Serra de Prades, onde há fluxos de detritos de ardósia principalmente angulares. A espessura desta camada varia de acordo com a sua localização na propriedade. Nas camadas do subsolo, existem materiais alterados a partir do período geológico denominado Eoceno em uma área que é menos acessível para as raízes. Estas características especiais, juntamente com um clima mediterrânico continental privado da influência marítima, permite que vinhos de qualidade inquestionável possam ser obtidos. O resultado deste processo é a obtenção de 32 hectares cuidadosamente selecionados com muito material mineral, terreno pedregoso, ideal para a produção de vinhos “Single Vineyard”, muito específicos, de qualidade refinada e de boa concentração de sabor.

Degustação –

Grans Muralles 2005  – Denominación de Origen Conca de Barberá – álcool: 14,5% – variedades: Monastrell, Garnacha Tinta, Garró, Samsó y Cariñena da Finca Grans Muralles – preço: R$ 654,13 – vermelho- rubi intenso de média profundidade e brilho, com aromas intensos e delicados de violetas, figos, ameixas sobre notas de madeira nobre (cedro), mentol e licor de cacau. O perfil aromático se assemelha a um Gran Cru Classé de Saint-Émilion, com toda sofisticação que se espera de um caldo dessa envergadura. Boca no mesmo diapasão com taninos finíssimos, volumosos os quais encontram contraponto na excelente acidez e no álcool plenamente integrado. A fruta dá o ar de sua graça e lembra frutas confitadas. O estilo privilegia a elegância, sem arestas, muito fresco, marcado pela sobriedade, para ser degustado somente nas grandes comemorações. O final é aveludado, sedoso, marcado por sua longa persistência.  Avaliação: 94/100 pts.++ 

Torres Floralis, apresentação caprichada, vinho de sobremesa tão gostosa que a sobremesa poderá ser o próprio vinho!
Torres Floralis, apresentação caprichada, vinho de sobremesa tão gostosa que a sobremesa poderá ser o próprio vinho!

Floralis Moscatel Oro – variedade: Moscatel de Alexandria – álcool: 15% – garrafa 500 ml – preço: R$ 76,28 – amarelo com reflexo dourado. Aromas terpênicos com uma profusão de ervas aromáticas, flores, mel sobre uma notinha defumada. Na boca grande equilíbrio entre doçura e acidez resultando num vinho gostoso, fresco, ótimo acompanhamento para sobremesas não muito doces ou como própria sobremesa. Avaliação: 90/100 pts.

 

 

Conclusão

Importa destacar que a Vinícola Miguel Torres é uma companhia familiar fundada em 1870 que ocupa posição de destaque entre as estrelas mundiais do vinho. Produz os melhores vinhos de Penedés – Catalunha, que atualmente é uma D.O. – Denominació d’Origen. Seus vinhos são exemplares e primam pela elevada qualidade. Atualmente, é comandada por Miguel Torres  Maczasseck, seu presidente e representa a quinta geração da família Torres. Seu pai, Miguel Augustin Torres, já foi eleito o “Homem do Ano” pela revista britânica Decanter. No Chile, Miguel Torres é referência dos vinhos do Vale de Curicó e também justamente apontado como o grande responsável pela modernização da vitivinicultura desse importante país produtor de vinhos finos.

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Na Espanha, a Vinícola Miguel Torres é uma empresa moderna que está em constante renovação e expansão e que possui vinícolas nas principais regiões produtoras: Penedès, Priorato, Rioja, Ribera Del Duero, Rueda, Rías Baixas, Jumilla e Toro. Também possui vinícolas no Chile e nos Estados Unidos (Califórnia). No Chile, foi a primeira vinícola européia a se instalar no Vale de Curicó no fim da década de 1970 e por isso liderou a modernização vinícola daquele país. Até hoje seus vinhos são premiados e se destacam na equação “preço-qualidade”. Cite-se, como exemplo, o paradigmático Santa Digna Sauvignon Blanc, primeiro vinho feito exclusivamente a partir da casta que lhe dá nome e que até hoje é uma referência naquele país. Na Califórnia, a vinícola é comandada pela irmã de Miguel, Marimar Torres que produz vinhos a partir das castas Cabernet Sauvignon e Chardonnay. Miguel Torres possui hoje 1.700 hectares de vinhedos na Cataluña e é a maior vinícola do país, entregando ao mercado 35 milhões de litros de vinhos por ano. A casa é bastante conhecida dos brasileiros, que há muito se habituaram a rótulos como Coronas, Gran Coronas, Sangre de Toro, Viña Sol. Miguel Agustin Torres, pai de Miguel Torres Maczasseck,  formado em enologia na França, começou a trabalhar na empresa em 1961 e assumiu definitivamente o lugar do pai, Miguel Torres Carbó, em 1991. Representando a quarta geração da família, foi ele quem comandou a ampliação dos negócios na Espanha, há alguns anos, com novas vinhas em Rioja, Ribera del Duero, Rueda e no Priorato, Toro e Jumilla. Além disso, em 1994 comprou a vinícola de Jean Leon, mais em homenagem ao amigo espanhol que fez sucesso com um restaurante em Los Angeles, nos Estados Unidos, com quem mantinha amistosa rivalidade. Jean Leon foi o primeiro a plantar Cabernet Sauvignon no Penedés, logo seguido por Miguel Torres (texto extraído do portal Winexperts – 24.11.1996). Atualmente, a Miguel Torres emprega 1.300 trabalhadores, possui vinotecas em Shanghai, Barcelona e Santiago, tem firme atuação nas redes sociais e tem por lema “Cuanto más cuidamos la tierra, mejor vino conseguimos”.  Exporta seus vinhos para mais de 150 países  e tem um objetivo a ser atingido até 2020: reduzir as emissões de CO2 de cada garrafa produzida a partir de 2008, uma vez que o respeito ao meio ambiente, a ecologia faz parte da estratégia da vinícola Torres no mundo todo. Enfim, dos vinhos degustados nenhum decepcionou e o Grans Muralles, vinho de cepas autóctones pré-filoxéricas recuperadas por Torres  junto com o conhecidíssimo Mas La Plana Cabernet Sauvignon, foram os mais elogiados pelos presentes, sem exceção de nenhum outro vinho.

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