No último dia 10 de junho de 2015, a importadora La Pastina e a vinícola italiana Torrevento ofereceram aos jornalistas e formadores de opinião almoço harmonizado com pratos e vinhos da Puglia. O local escolhido foi o EAT – Trattoria, sito à Rua Cardoso de Mello n° 1.191 (EAT = atividades encerradas), Vila Olímpia, Capital, São Paulo. Estiveram presentes: pela La Pastina Celso La Pastina e sua esposa Liliane. Pela Torrevento, Andrea Fabiano (Diretor) e o Chef Domenico Merra (Mimmo), que executou o menu e apresentou os vinhos Torrevento. A seguir a relação dos vinhos degustados:

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Pezzapiana Bianco DOC 2013 – Álcool: 13% – Variedades: Bombino Bianco (70%) e Pampanuto (30%) – Preço: R$ 58,00 –

Bolonero Rosso DOC 2012 – Álcool: 13% – Variedades: Nero di Troia (70%) e Aglianico (30%) – Preço: R$ 58,00 –

Vigna Pedale Rosso Riserva 2010 – Álcool: 13% – Variedade: Nero di Troia  – Preço: R$ 110,00 –

Ottagano Nero di Troia Riserva DOCG 2011 – Álcool: 13% – Variedade: Nero di Troia – Preço: R$ 172,00 –

Dulcis in Fundo Moscato DOC 2009 – Álcool: 13% – Variedade: Moscate Reali di Trani – Preço: R$ 88,00 –

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Sobre a Torrevento

Torrevento é um dos maiores produtores de vinho da Puglia, com 400 hectares de vinhas. Como a maioria das grandes vinícolas Puglia, começou a vender vinhos de cisterna, tânicos e com teores de álcool elevados que os vinicultores do Norte compravam para serem transportados em caminhão tanque para reforçar sua produção. No entanto, quando a geração mais jovem passou a administrar as vinícolas na década de 1990, decidiram começar a colocar seu próprio nome nas garrafas. Demorou um pouco para se notar a elevação da qualidade, mas com o tempo um fluxo constante de sucessos se seguiu dando boa fama aos vinhos. Francesco Liantonio foi um dos primeiros a trabalhar seriamente com a casta Nero di Troia,  variedade do Norte da Puglia que atualmente está atraindo muita atenção. Não foi sempre assim, porque, em comparação com algumas outras uvas do Sul os rendimentos dela são muito baixos o que lhe permite fazer vinhos de razoável padrão de qualidade (especialmente mais ao Norte, onde o sol é menos intenso), sem adicioná-la a outras uvas para fazer lucrativos vinhos de mistura. Assim, enquanto outros produtores foram abandonando-a, Francesco e seus companheiros estavam entre os poucos que olhavam para a Nero di Troia com uma visão diferente e gostando do que viram. Eles também souberam valorizar outras variedades autóctones do Sul elaborando vinhos que se destacaram.

Puglia

Sobre a variedade Nero di Troia

A Basilicata e Abruzzo tem apenas seis DOCS, a maioria de varietais mirando um trio de uvas: Montepulciano, Trebbiano e Aglianico. Já a casta indígena Nero di Troia tem crescido nas colinas de Puglia, em particular nas áreas ao redor de Andria e Barletta e na província de Bari. É púrpura, com aromas de violetas e um paladar macio, aveludado, cheio de sabores de frutos vermelhos escuros. O nome provavelmente deriva da cidade de Tróia, na província de Foggia, cujo lendário fundador foi o herói grego Diomédes, que havia destruído a antiga Tróia. Sinônimos incluem: Uva di Troia, Sumarello, Uva di Canosa, Uva di Barletta, Troiano, Tranese e Uva della Marina. A seguir os pratos servidos e depois as descrições e avaliações dos vinhos degustados:

Mil folhas de Beringela com frutos do mar e crustáceos –

Orecchiete com molho de tomate cereja, alcaparras, rúcula e ricota – 

Entrecôte ao azeite extra virgem com purê de batatas –

Panetto di Minervino Murge agli agrumi con salsa al Moscato Reale –

Torrevento Pezzapiana DOC 2014 – álcool: 12% – preço: R$ 58 – Variedades: Bombino Bianco (70%) e Pampanuto (30%) – região: Murgia de Monte Castel Monte/Puglia – importador: La Pastina – Palha brilhante denunciando sua juventude. Nariz envolvente com notas florais secundadas por frutas tropicais maduras com razoável sustentação na taça. Na boca a sua estrutura é leve e confirma os aromas. Bom equilíbrio entre açúcar, acidez e frescor. Discreta mineralidade aportada pelo solo calcário. De média persistência, termina frutado, limpo, sem amargor. Vinho de bom frescor, fácil de beber Avaliação: 87-88/100 pts.

Bolonero Rosso DOC 2012 – Álcool: 13% – Variedades: Nero di Troia (70%) e Aglianico (30%) – Preço: R$ 58,00 – 3 Bicchieri 2015 Gambero Rosso – amadurecido em tanque de inox por oito meses, no rótulo consta meio-seco mas sua doçura (6-7 g/l de açúcar) não desequilibrou o conjunto. Análise organoléptica: exibiu cor vermelho-rubi brilhante de média intensidade. No nariz prevalece o toque frutado sobre especiarias (pimenta-do-reino e cravo). Na boca a sua estrutura é leve, com taninos equilibrados, boa acidez e álcool integrado. De média persistência, termina harmonioso e sem amargor. Avaliação: 87-88/100 pts.

 

Torrevento “Vigna Pedale” Castel del Monte DOC Rosso Riserva 2010 – Álcool: 13% – Região: Murgia/Puglia – Variedade: Nero di Troia – preço: R$ 110 – produzido por Torrevento – Trebicchieri por sete anos consecutivos – Nero di Troia é uma variedade cujo terroir são as colinas de Puglia, em particular as áreas ao redor de Andria e Barletta e na província de Bari. Produz vinhos Púrpura, com aromas de violetas e de paladar macio, aveludado, cheio de sabores de frutos vermelhos escuros. O nome provavelmente deriva da cidade de Tróia, na província de Foggia, cujo lendário fundador foi o herói grego Diomédes, que havia destruído a antiga Tróia. Este “Vigna Pedale” permaneceu oito meses em tanques de aço inox e amadureceu 12 meses em barricas de carvalho. Está classificado como “meio seco”. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso com reflexo arroxeado. Nariz cativante com notas de anis, violetas, ameixas e leve tostado da madeira. Na boca, taninos firmes, sólidos, dão sustentação a este tinto de sabor exótico, fresco, acídulo, de uma das variedades mais destacadas da Puglia na atualidade. Termina frutado, bem resolvido, equilibrado e prazeroso. Avaliação: 89/100 pts.

Ottagano Nero di Troia Riserva DOCG 2011 – Álcool: 13% – Variedade: Nero di Troia – Preço: R$ 172,00 – permaneceu oito meses em cubas de cimento e amadureceu doze meses em barricas de carvalho francês. Elaborado com “vinhas velhas” de mais de 30 anos, exibiu na taça cor vermelho-rubi intenso com reflexo violáceo. Aromas complexos com sugestões frutadas sobre uma nota floral. Na boca seus taninos intensos confirmam sua estrutura que encontra equilíbrio na acidez e no álcool integrados. Encorpado, poderoso, denso, com a fruta bem aparente e a madeira aportando sugestões de tabaco e um discreto toque de chocolate completando o perfil deste imponente vinho, agraciado com medalha de prata no Decanter Awards 2014 e dois Bicchieri no Gambero Rosso. Avaliação: 89-90/100 pts.+

 

Dulcis in Fundo Moscato DOC 2009 – Álcool: 13% – Variedade: Moscate Reali di Trani – Preço: R$ 88,00 – permaneceu oito meses em tanques de aço inox e obteve 90/100 pts. da Wine Enthusiast. Análise organoléptica: Amarelo-limão luminoso, brilhante, sem indicar sua idade. Aromas complexos com boa sustentação na taça. Nuances florais com notas de jasmins e flores do campo. Depois frutas tropicais maduras – damasco, manga, casca de laranja e ameixa branca sobre um toque mineral.  No paladar a doçura logo se impõe, mas a acidez faz sua parte compensando o açúcar e o álcool. O vinho flui na boca por força de sua untuosidade com o frescor se destacando. Termina untuoso, com média persistência, remetendo o degustador às notas olfativas iniciais. Foi bem na harmonização com “panetto di Minervino Murge agli agrumi con salsa al Moscato Reale”. Avaliação: 89/100 pts.

Conclusão –

A base dos vinhos da Torrevento é a variedade autóctone Nero di Troia, que possibilita a elaboração de vinhos de vários estilos. Desde os mais leves em parceria com outra uvas ou individualmente até tintos potentes e encorpados. Aliás, uma pena que o varietal de Nero di Troia denominado apenas Torrevento não pôde ser degustado, vinho de custo acessível (menos de R$ 70) que serve de exemplo do potencial da variedade. Mas a degustação contemplou outros vinhos de estilos e preços diferentes e demonstrou de forma clara que todo empenho na recuperação dessa variedade começa a dar resultados. Não poderia terminar este artigo sem destacar o sucesso da harmonização encetada por Domenico Merra, que como ninguém soube preparar os pratos que harmonizaram perfeitamente com os vinhos da mesma região. Aqui verificamos o princípio da Identidade Cultural Regional que estabelece que: o vinho foi produzido e aprimorado lentamente ao longo dos séculos para consumo próprio do vinhateiro, família e amigos somente depois para o comércio inicialmente na mesma região. O certo é combinar vinhos da região com pratos da região, porque “são clássicos que os séculos se encarregaram de aperfeiçoar” – Marcelo Copello. Para encerrar, cabe informar que os vinhos Torrevento são importados com exclusividade por La Pastina mas podem ser encontrados na rede de supermercados Carrefour, Empório Vip e demais lojas especializadas.

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