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Quem escreve essas linhas esteve no Uruguai entre os dias 12 a 18 de abril do corrente ano, este escriba viajou para o Uruguai, a convite da Wines of Uruguay  “programa de visitas às bodegas do Uruguai”.  No segundo dia (14 de abril), visitamos Bodegas Ariano e lá fomos recebidos por Sebastián Ariano, Daniel Ulah e Maria Paula Vica. 

Família Ariano e Álvaro Galvão
Maria Paula Vica, Daniel Ulah, Sebastián Ariano e convidado

Fundada em 1929 por Adélio e Amilcar Ariano, imigrantes italianos do Piemonte, a Bodega Ariano Hermanos S. A., herdou toda cultura de tradicionais produtores de vinhos. A região escolhida foi Canelones, perto de Montevidéu, cujo terroir é apropriado para o cultivo de vitis vinifera. Essa região é a maior e mais importante região vinícola do Uruguai. Atualmente, a bodega conta com mais de 80 anos e produz somente vinhos finos de mesa. A direção da empresa segue a cargo das 3a. e 4a. gerações o que a caracteriza como “familiar”. Possui 100 ha de vinhedos nas regiões de Las Violetas e Santa Luzia e nos Deptos. de Canelones e Paysandú. As principais cepas brancas cultivadas são Muscat Ottonel, Chardonnay e Sémillon. Tintas: Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah e Grenache. Seus vinhos contam com inúmeros prêmios internacionais e estão disponíveis em 15 países e o Brasil é um dos principais mercados ao lado de México, EUA, Canadá, Polônia, Espanha, França, Suécia, Finlândia, Emirados Árabes, Equador, Colômbia e Hong Kong. Está localizada no Km 15 da Ruta 48 – Las Piedras, El Colorado – Depto. de Canelones, telefones 598 2 3652066 e 598 2 3645290. Portal: www.arianohermanos.com – E-mail: ariano@adinet.com.uy  –  A seguir a relação dos vinhos degustados:

Ariano Muscat Ottonel 2015 – Álcool: 13% –

Ariano Chardonnay 2015 – Álcool: 13% –

Ariano Cabernet Sauvignon 2015 – 

Ariano Merlot 2013 – Álcool: 12,5% –

Ariano Tannat 2013 – Álcool: 12,5% –

Don Adelio Ariano Tannat-Syrah 2010 – Álcool: 13,5% –

Don Adelio Ariano Tannat 2010 – Álcool: 13,5% –

Cuatro Gatos 2010 –

Tannatino – Licor de Tannat – Álcool: 17% – 

Vinhos das Bodegas Ariano também participaram da degustação. Destaque para o delicioso Tannat-Syrah

Ariano Muscat Ottonel 2015 – Álcool: 13% – o primeiro vinho da safra 2015 é de um clone da Moscatel que vem da Alsácia. De cor palha na transição para dourado brilhante, aromas terpênicos com notas florais (madressilva) e de biscoito sobre um fundo vegetal, na boca sua entrada revelou um branco macio, de acidez delicada, médio frescor  e final sem amargor. Um Moscatel de personalidade, bastante diferente do que estamos acostumados.

Muscat Ottonel, especialidade da Ariano. Um branco fresco e equilibrado
Muscat Ottonel, especialidade da Ariano. Um branco fresco e equilibrado

Ariano Chardonnay 2015 – Álcool: 13% – cor amarelo palha com ligeiro reflexo dourado. O nariz é rico e abre com aromas envolventes, com flores brancas e frutas cítricas. Na boca expressa bom frescor, harmonia e caráter frutado, com persistência média-longa e ótima concentração de sabor, decorrente de videiras de mais de vinte anos. Um Chardonnay Cisplatino de boa tipicidade.

Ariano Cabernet Sauvignon 2015 – amostra de tanque, intenso na cor, aromas fechados, macio no paladar em decorrência de seus taninos de boa textura, irá amadurecer de oito a doze meses em barricas de carvalho francês e americano de segundo uso. Um Cabernet promissor.

Ariano Merlot 2013 – bastante evoluído na cor castanha de reflexo telha, aromas de média complexidade e um paladar equilibrado mas sem sofisticação, boa acidez e álcool equilibrado (apenas 12,5%), num vinho macio e de final curto, sem amargor.

Surpreendente Tannat-Syrah da safra 2010 - o vinho está num ótimo momento de sua evolução para ser provado
Surpreendente Tannat-Syrah da safra 2010 – o vinho está num ótimo momento de sua evolução para ser provado

Ariano Tannat 2013 – intenso na cor com discreto halo de envelhecimento. Nos aromas a típica nota vegetal de alguns Tannats, frutas secas sobre uma notinha de caramelo e ligeiro tostado (entre 30 a 35% do vinho amadurece seis meses em barricas americanas e francesas). Boca firme, assertiva, equilibrada por força do tripé álcool (12,5%), acidez e taninos em plena harmonia. Final intenso e robusto. O seu forte é a tipicidade. Um vinho que se mostra verdadeiramente à mesa.

Família Ariano

Don Adelio Ariano Tannat-Syrah 2010 – apesar dos cinco anos exibiu cor viva, brilhante e sedutora. O nariz é rico, cheio de especiarias doces (destaque para canela e cravo), coco, frutas negras, violeta sobre um fundo defumado. A Syrah desponta nos aromas, já que a Tannat, como sabemos, não é uma variedade aromática. Aliás, a Syrah provém de um vinhedo que fica no Departamento de Paysandú (cidade localizada sobre a margem leste do rio Uruguai, fica a 368 km de distância da capital do país, Montevidéu e é fronteiriça com as cidades argentinas de Colón e Concepción del Uruguay). Na boca, um tinto potente, de taninos mastigáveis, com a fruta despontando e a madeira judiciosamente utilizada (carvalho de segundo e terceiro usos), álcool provocando um discreto aquecimento sem incomodar (13,5%), enfim, um vinho gostoso e, sobretudo, bem feito e o melhor: não custa caro e que pode ser encontrado no Brasil.

 

Don Adelio Ariano Tannat 2010 – intenso na cor e de aromas agradáveis com notas de cerejas e framboesas, este Tannat de perfil sério tem passagem de doze meses em barricas de carvalho francês, o que lhe confere um estilo sóbrio sem a austeridade tão comum aos vinhos dessa variedade. Longo, persistente e mastigável, é um tinto que conserva sua fruta por anos à fio.

Quatro Gatos, um poderoso Tannat de excelente qualidade

Quatro Gatos, um poderoso Tannat de excelente qualidade, tem rótulo assinado pelo saudoso pintor uruguaio Carlos Paéz Vilaró, desaparecido há pouco mais de um ano. Vilaró era pintor, escultor, muralista, escritor, compositor e empresário, proprietário da famosa galeria de arte e hotel Casapueblo (Punta Ballena, perto de Punta del Leste), monumento modelado com suas próprias mãos.

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Cuatro Gatos 2010 – com rótulo que traz pintura do saudoso pintor Carlos Paés Vilaró, este poderoso Tannat com uma pitadinha de Cabernet Sauvignon e Syrah, elaborado com uvas de um vinhedo de baixíssima produção (dois quilos por hectare), sem micro-oxigenação, amadurecido em barricas novas francesas “Odyssée” e americanas de tostado médio durante vinte e quatro meses, na taça exibiu cor intensa e profunda sem denunciar cinco anos, ao contrário, a cor é de um vinho bem mais jovem. No nariz é muito perfumado e complexo, com aromas de frutas vermelhas e negras bem como licor de cereja sobre um fundo de especiarias e de madeira nobre (cedro). Na boca mostra taninos de grande envergadura que não agridem o palato, que ostentam uma agradável doçura, em harmonia com o álcool, acidez e fruta que não está sobreposta pela madeira. Sem dúvida, um vinho cuja beleza do rótulo está confirmada pelo conteúdo da garrafa que contém um dos melhores Tannats do Uruguai.  O final é persistente, longo e frutado, com longa vida na garrafa pela frente. Apenas 1.500 garrafas produzidas.

Tannatino – Licor de Tannat – Álcool: 17% – este licor de Tannat teve suas uvas colhidas tardiamente e maceradas no sol e amadurecido por seis meses em barricas de carvalho francês e americano – Análise organoléptica:  exibiu cor quase retinta e intensos aromas de geleia de frutas negras (amora, framboesa e ameixa) e chocolate. Na boca a sua entrada revela os taninos da Tannat, com efeitos potencializados pela acidez característica e pelo álcool generoso (na casa dos 17%), que causa algum aquecimento do palato, sem no entanto ofuscar a fruta. A doçura está na medida certa e o frescor é ótimo. Interessante e de personalidade única, de grande potencial de guarda e que vale à pena ser provado. Apesar de lembrar um bom Porto Ruby, é um vinho de sobremesa que é a marca registrada do Uruguai.

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A safra 2015 para Bodegas Ariano Hermanos S/A.

A Enóloga Maria Paula Vica explicou que a safra também foi ótima para a sua vinícola. Em novembro de 2014 choveu e logo depois parou possibilitando a maturação das uvas sem enfermidades. Tal fenômeno se verificou nas quatro localidades onde a vinícola possui vinhedos: Paysandú (Noroeste limite com Argentina), Canelones (Colorado), Santa Lúcia (Norte) e Las Violetas. E, de fato, de todos vinhos provados da safra 2015, todos demonstraram grande equilíbrio e harmonia. Até o Cabernet Sauvignon ainda não finalizado demonstrou seu potencial. Em São Paulo, os vinhos Ariano podem ser encontrados nas grandes redes de supermercados. Quem faz a importação e distribuição é a Santar. No Rio Grande do Sul a rede Zaffari e Peterlongo Menegotto Comércio de Bebidas Ltda. e em Brasília a Compar Comercial Importadora Exportadora Ltda também importa e distribui os vinhos Ariano.

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