As dúvidas que surgem diante das folhas em branco, mui geralmente, se devem à imobilidade em que ficamos diante de duas escolhas igualmente satisfatórias (remetendo à figura expressada no paradoxo filsófico conhecido como o “Asno de Buridan”, dêem um “Google” e entenderão!).

A HISTÓRIA E A POESIA

Tanto em Portugal, nas sub-regiões de Monção e Melgaço, como na Espanha galiciana, nas Rias Baixas (onde se exige 100% da uva na composição), a história mostra que monges e peregrinos foram os responsáveis pela difusão desta cepa, muitos percorrendo o “Caminho de Santiago de Compostela”. Trata-se de um casamento “Divino” não concretizado apenas por uma questão sócio-política.

Vejam a expressão lusitana da dicotomia (a casta é legítimo “rebento”)

“Vendo-os assim tão pertinho
A Galiza mail’o Minho
são como dois namorados
Que o rio traz separados
Quase desde o nascimento!
Deixa-los, pois, namorar,
Já que os paes para casar
Lhes não dão consentimento”

AS QUESTÕES DA CASTA E TERROIR

Uva ibérica antes de tudo, um pouco lusa e outro tanto espanhola, dividem na fronteira norte dos dois países um perfil geológico similar (graças ao Maciço Ibérico rico em granito, xistos e gnaisses) e fizeram de lá, seus berços históricos. Hoje, já é difundida por outros países, algumas vezes com resultados bastante bons como na Austrália, nos EUA e Uruguai.

Para aspectos “sensíveis” (degustação) faz lembrar castas como Pinot Gris, Riesling e até Gewürztraminer. Pelo lado genético, as teorias recaem sobre a Riesling e a Petit Manseng. De fato, da cepa renana ela tem um de seus valores mais expressivos: a acidez!

O QUE ESCONDE UMA GARRAFA DE ALVARINHO/ALBARIÑO?

Coloração amarelo-pálido a concentrado (se há madeira), brilhante.

Aromas de frutas e flores, dominam os cítricos que lhes fazem aproximar da Riesling, além de peras, maçãs verdes e mineralidade intensa.

Boca de notável frescor, equilíbrio alcoólico resultando em maciez. Os portugueses podem dar as célebres “agulhadas” na língua.

As compatibilizações gastronômicas são relativamente óbvias pois pedem o frescor do mar, além de excelentes aperitivos. Experimente-os com toda sorte de frutos do mar e moluscos, com patinhas de caranguejo, casquinhas de siri, bolinhos de bacalhau e particularmente, os recomendo com “Polvo à Lagareiro”, tanto em sua versão “seca” (somente grelhado com batatas) ou “úmida” (acompanhado de vegetais, legumes e sobre uma “banheira” de azeite)! Saúde!

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