Dada a natureza absolutamente internacional de algumas célebres castas francesas, de grande difusão por plantações em todos os países vitícolas, é preciso abordar estas uvas de um modo particularizado.

Não o fiz com o texto sobre a Pinot Noir dada a relativa raridade da mesma, mesmo em solo francês (e que no resto do mundo exige perfis climáticos restritivos, diferente das uvas de Bordeaux).

PINCELADAS GERAIS

Trata-se da casta mas plantada da região, ocupando 63% dos vinhedos ao longo de ambas as margens e não só a margem direita do estuário do Gironde, onde é majoritária nos vinhos produzidos bem como na superfície plantada. Na margem esquerda a Merlot entra com 10-50% da assemblage de uvas, na margem direita o percentual varia de 45-100%.

É muito apreciada por sua precocidade, pois pode ser colhida bem madura antes do período de chuvas que costuma ocorrer em setembro e apesar de muito sensível à doenças, sua boa produtividade (com qualidade) compensa. Vinificada, ela atenua a aspereza típica de castas como Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. Aporta baixa acidez e um potencial alcoólico elevado (ano passado provei um Saint-Émilion 2010 com incríveis 15º de álcool).

É a “Rainha da Margem Direita” que lhe acolhe com o que mais precisa: solos frescos argilo-calcários (ou somente argilosos ou calcários), arenosos.

TERROIRS E SEUS SABORES

A casta ganha identidades que variam com os solos: adquire notas florais e trufadas em Pomerol, mostra frutado maduro em solos pedregosos, frutado mais intenso e “vivo” sob calcário (Saint-Émilion). Mostra grande profundidade de cor e alguma austeridade em solos puramente argilosos de Pomerol.

O QUE ESCONDE UMA GARRAFA DE UM MERLOT DE BORDEAUX?

Boa intensidade de cor, mais intensa em solos argilosos da comuna de Pomerol

Aromas típicos de fruta “brilhante” (ou quase cozida em solos pedregosos), notas de violetas e trufas (Pomerol) e aromas animais (carnes de caça ou pelica) em terroirs argilo-calcários, além do célebre aroma de bolo inglês

Na boca mescla certo volume e corpo a uma untuosidade acariciante, seus taninos são macios salvo alguns casos como o do Château Pétrus (argila). Sob climas demasiadamente quentes apresenta notas de ameixas, que apesar de agradáveis costumam denotar um vinho de baixo potencial de guarda

Harmonize seu Merlot bordalês com carnes clássicas como carré de cordeiro, entrecôte ou com caças diversas como pato, codornas, perdizes. Risotos com cogumelos vão muito bem e enfim, queijos diversos: Emmenthal, Gouda, Brie.

Santé!

(Visited 198 times, 198 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *