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Entre os dias 16 a 19 de março do corrente ano, este escriba visitou as vinícolas Emiliana e Cono Sur, através de convite da importadora La Pastina. Este escriba teve como companheiro de viagem o jornalista Mauro Marcelo Alves, editor da Revista Gula. Pela La Pastina, o solícito e eficiente Leandro Moscoso Macuco (Marketing Manager – Wines), Manuela M. Marques Oliveira, Gerente de Produto – Product Manager Marketing) e Denilson Moraes, Diretor de Operações da La Pastina.

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Algumas informações sobre a Cono Sur

Criada em 1993 com o objetivo de produzir vinhos premium, expressivos e inovadores que transmitem o espírito do Novo Mundo. Seu nome se refere à origem geográfica, vinhos do Cone Sul da América, cujo extremo ocidental são o Chile e seus privilegiados vales vitivinícolas. O logotipo sugere a silhueta da América do Sul e o lema “sem árvores genealógicas, sem garrafas empoeiradas, apenas vinho de qualidade” é o que inspira a qualidade, inovação, estilo e criatividade. Além destes pilares, a vinha é caracterizada por um trabalho sempre ligado ao empenho e respeito ao meio ambiente, sendo uma das principais bodegas em questões da sustentabilidade. Sua sede está localizada no Vale de Colchágua. A linha Bicicleta, inspirada no espírito jovem e inovador da viña, e que expressa, em cada rótulo, a preocupação com o manejo sustentável dos vinhedos – parte de sua filosofia. O nome é uma homenagem aos colaboradores da vinícola, que todos os dias pedalam até os vinhedos para dar vida aos rótulos Cono Sur. A vinícola explora diferentes tipos de solos nas diversas regiões que possui vinhedos. P. ex.: solos de barro vermelho e areia branca é o tipo do solo existente na parte mais fria do solo de Casablanca. Cerca de 20% de toda produção é orgânica e está certificada por um órgão alemão. O manejo dos vinhedos é integrado; nada é feito preventivamente como na agricultura tradicional  somente se for necessário. Corredores biológicos com o objetivo de atrair insetos para o interior dos vinhedos  e exterminá-los através do cultivo de seus inimigos naturais bem como as bactérias que atacam as uvas, poupando a utilização de defensivos agrícolas. A lombricultura (criação de minhocas) que fornece o humus que é um fertilizante natural.Ou seja apenas métodos naturais são utilizados e isso tudo repercute positivamente na qualidade dos vinhos, que sempre se destacam em concursos realizados no Chile e no Exterior.

Os gansos ficam presos na época da colheita porque comem os cachos das uvas.
Os gansos ficam presos na época da colheita porque comem os cachos das uvas.

Cono Sur Bicicleta Riesling 2013 – álcool: 13,5% – preço: R$ 36,50 –  Amarelo médio com reflexos dourados. No olfato despontam aromas cítricos e minerais (pedra de isqueiro, querosene) com boa sustentação. Na boca é rico, intenso, de ótima acidez e corpo pleno com total subscrição do olfato. Mais alcoólico do que nas safras iniciais (13,5% contra 12,5%), não é menos elegante e tem um pouco mais de corpo, o que deve contribuir para suportar mais tempo na garrafa. Enfim, um branco muito conhecido dos brasileiros que esbanja tipicidade porque tem qualidade superior ao de alguns Rieslings alemães mais baratos e insossos. Termina suave e seu retrogosto é cítrico. Avaliação: 88/100 pts. 

A Cono Sur tem por variedade principal a Pinot Noir e por isso os vinhos são amadurecidos e barricas de carvalho francês das melhores tonelarias.
A Cono Sur tem por variedade principal a Pinot Noir e por isso os
vinhos são amadurecidos e barricas de carvalho francês das melhores tonelarias.

Cono Sur Bicicleta Gewürztraminer 2013 – álcool: 13,5% – preço: R$ 36,50 – a linha Bicicleta, inspirada no espírito jovem e inovador da vinícola, e que expressa, em cada rótulo, a preocupação com o manejo sustentável dos vinhedos – parte de sua filosofia. O nome é uma homenagem aos colaboradores da viña, que todos os dias pedalam até os vinhedos para dar vida aos rótulos Cono Sur. Este vinho, consoante nos declarou o enólogo Adolfo Hurtado é elaborado com uvas dos Vales de Casablanca e Bio-Bio (550 km ao Sul de Santiago – mesma latitude da Nova Zelândia – parte central da Ilha Sul. Chove bastante, solo arenoso que contribui para a boa acidez). Sem maloláctica, com 7 g/l de açúcar residual, sem passagem por madeira. Segundo Adolfo Hurtado, as uvas oriundas de Bio Bio contribui com frescor (acidez) e fineza. Já Casablanca aporta aromas e concentração de sabor. Análise organoléptica: palha claro brilhante. Aberto, intenso nos aromas terpênicos com as tradicionais notas de lichia, pétalas de rosa e um toque jasmim com ampla sustentação na taça. Na boca subscreveu totalmente esses aromas,  mas também exibiu um frescor raro nos Gewürztraminer do Novo Mundo. Macio, redondo, expansivo, com leve acento mineral, termina com média persistência, sem nenhum amargor, subscrevendo as sensações olfativas iniciais. Ótima relação preço-qualidade. Avaliação: 88/100 pts.

Na sala das barricadas, de tempos em tempos água é borrifada de forma que o ambiente fique úmido sem ressecar as barricas de carvalho
Na sala das barricas, de tempos em tempos água é borrifada de forma que o ambiente fique úmido sem ressecar as barricas de carvalho

Cono Sur 20 Barrels Sauvignon Blanc  2013 – Álcool: 13% – Região: Vale de Casablanca/El Centinela Estatepreço: R$ 130,00 – cor palha brilhante translúcido. Este vinho é produzido na parte mais fria do vale de casablanca e não realizou fermentação maloláctica. Aberto nos aromas vegetais (arruda, grama) secundados por notas de frutas tropicais (maracujá e lima principalmente) com ampla sustentação na taça. Na boca é um vinho untuoso, solidamente estruturado, ricamente frutado e sobretudo refrescante. Cresceu na harmonização com ceviche de salmão. Final longo, sem defeitos. Avaliação: 91/100 pts.

Pinots da Cono Sur - tipicidade chilena: vinhos frescos e frutados, sem excesso de extração, madeira ou álcool. E o melhor: preços acessíveis!
Pinots da Cono Sur – tipicidade chilena: vinhos frescos e frutados, sem excesso de extração, madeira ou álcool. E o melhor: preços acessíveis!

Cono Sur 20 Barrels Chardonnay  2013 – Álcool: 13,5% – Região: Vale de Casablanca/El Centinela Estate – preço: R$ 130,00 – cor palha na transição para dourado brilhante. Este vinho é produzido com uvas oriundas na parte mais fria do vale de Casablanca e fermentou em barrica durante cinco-seis semanas e battônage. Aberto nos aromas  com sugestões de maçã verde, pêra sobre uma ponta de abacaxi fresco com razoável sustentação na taça. Na boca é um vinho de acidez firme, de caráter amanteigado com evidentes notas de frutas tropicais maduras com destaque para abacaxi, carambola, marmelo sobre um leve toque de favo de mel. Refrescante, denso, seu final é longo, sem arestas. Avaliação: 89/100 pts.

A linha Cono Sur se caracteriza pela ênfase em algumas variedades brancas, cultivadas nos melhores terroirs para cada uma delas.
A linha Cono Sur se caracteriza pela ênfase em algumas variedades brancas, cultivadas nos melhores terroirs para cada uma delas.

Cono Sur Single Vineyard Block n° 21 “Viento Mar” 2012 – Álcool: 14% – Variedade: Pinot Noir – Região: Valle de San Antonio – Preço: R$ 80 – Violáceo intenso com reflexo púrpura na taça. Aromas  de frutas vermelhas com notas de licor de cereja, geleia de morango sobre um fundo ligeiramente herbáceo. No paladar taninos amáveis, acidez média e corpo médio, leve, com o tradicional acento mineral aportado pela região de San Antonio, cujo terroir é apontado como um dos melhores do Chile para variedades brancas e Pinot Noir. Ressentiu-se de um pouco mais de concentração de sabor, mas tem tipicidade. Amadureceu 12 meses em carvalho francês de segundo uso e o resultado é que no fim-de-boca se revelou fresco, fluído e sobretudo macioAvaliação: 87/100 pts.

Ocio Pinot Noir - um dos mais antigos e consistentes Pinots de alta gama do Chile.
Ocio Pinot Noir – um dos mais antigos e consistentes Pinots de alta gama do Chile.

Cono Sur 20 Barrels Pinot Noir 2012 – Álcool: 13,5% – Região: Vale de Casablanca/El Triangulo Estate – preço: R$ 130,00 – cor violácea intensa com reflexo púrpura. Este vinho é produzido com uvas oriundas na parte mais fria do vale de Casablanca e amadureceu em barrica francesa na integralidade durante doze meses. Aberto nos aromas  com notas de cerejas, amoras e morangos sobre uma ponta de licor de cassis. Na boca sua entrada provocou um leve aquecimento não o suficiente para desequilibrar o conjunto. Na boca taninos macios, firmes e de boa textura. Acidez firme, promovendo uma gostosa sensação de boca fresca, Cresceu à mesa na harmonização com pastel de caranguejo. Avaliação: 89-90/100 pts. 

20 Barrels Pinot Noir - um dos principais vinhos da Cono Sur
20 Barrels Pinot Noir – um dos principais vinhos da Cono Sur

Cono Sur Carménère Reserva Especial 2012 – Álcool: 14% – Região: Peumo/Cachapoal – Preço: R$ 53,50 – Violáceo intenso com reflexo púrpura na taça. Muito apetecível nos aromas eis que amadureceu durante doze meses em barrica de carvalho francês. Refinado nos aromas com notas de licor de cacau e de cássis sobre framboesa. No paladar taninos gentis, de textura suave. Enfim, um Carménère bem elaborado, sem as cansativas notas herbáceas, cujas uvas são colhidas no momento certo, eis que a Pirazina é fotossensível, portante sofre com a luz e os polifenóis também. Esse tinto amadureceu 12 meses em carvalho francês de segundo uso e o resultado é que no fim-de-boca se revelou fresco e macio. Avaliação: 87-8/100 pts.+

Single Vineyard Viento Mar - novidade que vem do Vale de San Antonio
Single Vineyard Viento Mar – novidade que vem do Vale de San Antonio

Cono Sur 20 Barrels Cabernet Sauvignon 2012 – Álcool: 13,5% – Região: Vale do Maipo/Pirque – cor violácea intensa com reflexo púrpura. Este vinho é produzido com uvas oriundas na parte mais próxima da Cordilheira, no vale do Maipo e amadureceu em barrica francesa na integralidade durante doze meses. Aberto nos aromas  com notas de ameixas, licor de cacau, madeira nobre sobre discreto mentol. Na boca sua entrada revelou um vinho de taninos redondos, álcool integrado, madeira deixando espaço para fruta e corpo pleno. Acidez firme, promovendo uma gostosa sensação de boca fresca. Um vinho que deve crescer à mesa, notadamente como acompanhamento de carnes grelhadas. Avaliação: 90/100 pts.+

Espumante Cono Sur método Charmat - boa tipicidade e efervescência
Espumante Cono Sur método Charmat – boa tipicidade e efervescência

Cono Sur 20 Barrels Syrah 2011 – Álcool: 14% – Região: Vale de Limarí/Los Almendros – Variedades: Syrah (94%), Cabernet Sauvignon (4% – Puente Alto) e Carménère (2% – Peumo) Preço: R$ 130 – Retinto na cor já adiantando se tratar de um vinho poderoso, forte e concentrado. Uma verdadeira paleta de aromas difíceis de encontrar nos Syrah Sul-americanos. O ataque inicial é de cravo, noz-moscada e cardamomo. Depois a fruta copiosa e fresca deu o ar da sua graça. Amora, ameixa, cereja e até uma pitada de groselha revezaram-se entre si por longo período na taça. Tudo isso sobre um fundo levemente mentolado que não predominou como normalmente acontece em alguns tintos chilenos. Na boca sua entrada provocou um leve aquecimento que não foi suficiente para desequilibrar o conjunto, mas sim para dar-lhe estrutura e nervo. E que pegada, que estrutura! Lembra os tintos do Rhône. Um tinto corpulento, de taninos volumosos e macios, acidez firme promovendo uma gostosa sensação de boca fresca, num perfil extremamente elegante que serve como paradigma de Syrah de clima frio do Cone Sul. No Brasil custa pouco mais de R$ 100, mas não decepcionará que desembolsar essa importância. Avaliação: 91/100 pts.+

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Cono Sur Ocio Pinot Noir 2011 – Álcool: 14% – Região: Vale de Casablanca – preço: R$ 270 – Vinho resultado da seleção das melhores barricas de Casablanca (85%) e San Antonio (15%). O vinho é amadurecido durante 14 meses em barrica de carvalho francês novo e a sua elaboração segue os preceitos da agricultura orgânica. Análise organoléptica: vermelho rubi intenso e profundo. No nariz apresentou aromas de frutas vermelhas e negras, baunilha e uma leve nota tostada. Depois de algum tempo exibiu aromas característicos da variedade com notas de morangos sobre um fundo defumado. Na boca praticamente subscreveu esses aromas exibindo os taninos macios, elegantes e refinados. Álcool na medida. Madeira dando algum espaço para fruta. Acento mineral. Acidez mediana. Intenso, concentrado, profundo, macio e suculento, promete evoluir na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 90-91/100 pts.+ 

 

“Guia de Vinhos Chilenos de Ariel Perez Navarro e Cláudia Fusatto’ informa que “ Fundada em 1993, a vinícola Cono Sur nasceu com o propósito de criar vinhos inovadores e expressivos que transmitam o espírito do Novo Mundo. Desde então, seus vinhos se diferenciam por expressar a paixão do homem e a riqueza desta terra. Uma combinação que dá como resultado vinhos de grande intensidade aromática e paladares complexos e elegantes. A empresa pretende produzir grandes vinhos e almeja alcançar patamares cada vez mais altos tratando-se de qualidade do produto. A vinícola Cono Sur é uma indústria jovem e de vanguarda, diferenciada pelo uso criativo da tecnologia de ponta, optando pela qualidade e inovação. É uma empresa de estilo próprio, de pessoas apaixonadas e entusiasmadas pelos vinhos que produzem”. No Brasil as linhas encontradas são “20 Barrels”, “Single Vineyard”, “Reserva Especial” e “Bicicleta”. O ícone Ócio Pinot Noir também é importado. Normalmente os vinhos brancos trazem muita fruta fresca sustentada por ótima acidez valorizando o lado refrescante. A vinícola sempre destacou  seus pinots (7) – desde o Bicicleta na faixa de R$ 35 (safra 2013) até o Ócio de mais de R$ 250. Na ala dos brancos, o Viognier, que atualmente não é importado mas era até alguns anos atrás, sempre se destacou por conta de sua tipicidade e baixo preço. O Chardonnay também sempre se destacou – aqui damos o nosso recentíssimo depoimento, eis que abrimos um 20 Barrels 2006 que exibiu bom frescor, madeira bem dosada e bastante espaço para fruta, enfim,  equilibrado, típico sem demonstrar o peso oito anos. Na linha “Reserva Especial” o Syrah e o Sauvignon Blanc também se destacraam. Na “20 Barrels” todos se destacaram: Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e principalmente o Syrah. Na “Bicicleta” idem, inclusive o Gewürztraminer, com boa presença de fruta e também no mesmo time, o Cono Sur Riesling vem agradando por conta de sua tipicidade, eis que as uvas são originárias do distante Vale de Bio Bio, o mais austral dos vales produtores chilenos porque está situado a 500 km ao sul de Santiago e que demonstra que a cepa tem plenas condições de evoluir nessa região de clima ameno, de invernos suaves e chuvosos. Os verões são mais frescos que outros vales do país devido à sua latitude. Isso faz com que as uvas atinjam seu ciclo lentamente, conservando seu frescor, intensidade de sabores e de aromas. O solo da região contém uma expressiva quantidade de areia e de pedras, o que permite obter de maneira natural rendimentos baixos. A altura da Cordilheira dos Andes baixa consideravelmente com menores temperaturas a determinar que a colheita ocorra duas semanas depois das verificadas nas regiões mais quentes e o resultado do cultivo principalmente de uvas brancas como Riesling, Gewürztraminer, Sauvignon Blanc e Chardonnay são bastante animadores. A Pinot Noir também é cultivada com algum sucesso, mas se destaca mesmo no Vale de Casablanca e San Antonio. Para encerrar, também impressiona a quantidade recente de premiações dos vinhos Cono Sur no Chile e em países como Austrália, Coréia do Sul, Reino Unido, França, altas pontuações no Descorchados 2014, etc.. A Viña Cono Sur foi a única vinícola chilena com três vinhos eleitos o melhor na sua categoria no concurso Awoca 2013 (três jurados brasileiros), senão vejamos:

  • Melhor Late Harvest: Cono Sur’s Cosecha Noble from Bio Bio, 2012 – 91/100 pts.
  • Melhor outros brancos: Cono Sur Single Vineyard Riesling, 2012 – 91/100 pts.
  • Melhor Pinot Noir: Cono Sur Single Vineyard Pinot Noir, 2012 – 92/100 pts.

TO BE CONTINUED!

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2 thoughts on “Visita à vinícola Cono Sur – Chimbarongo, Vale de Colchágua – segunda parte”

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