Entre os dias 16 a 19 de março de 2014, este escriba visitou as vinícolas Emiliana e Cono Sur, através de convite da importadora La Pastina. Tivemos como companheiro de viagem o jornalista Mauro Marcelo Alves, editor da Revista Gula. Pela La Pastina, nos acompanhou Leandro Moscoso Macuco (Marketing Manager – Wines), Manuela M. Marques Oliveira, Gerente de Produto – Product Manager Marketing) e Denilson Moraes, Diretor de Operações da importadora.

DSCF4010_3216x2412

Sobre a Emiliana

Tudo começou quando José Manuel Guilisasti Gana (Concha y Toro) constatou que ao utilizar pesticidas nos vinhedos ficava com os olhos vermelhos, irritados. Então contratou Álvaro Espinoza, famoso enólogo adepto dos métodos orgânicos que deu início à conversão dos vinhedos da agricultura convencional para orgânica. O principal vinho da vinícola continua sendo o Biodinâmico Coyam, lançado em 2003 sendo da safra 2001, eleito logo no seu lançamento o melhor blend chileno. A Emiliana situa-se a 90 km de Santiago e possui 1.000 ha de vinhedos espalhados pelos Vales do Maipo, Casablanca, Bio-Bio, Cachapoal e seus vinhos são certificados pelo Instituto Demeter e no Brasil são certificados pelo Ministério da Agricultura, por isso ostentam o selo “orgânico”. A Emiliana foi adquirida pelo grupo Concha y Toro em 1986 e em 1998 passou a se chamar somente Emiliana, todavia, no Chile ainda é comercializado pela VCT a marca “Santa Emiliana”. A Emiliana fica no Fundo Los Robles, em Nancágua, Vale de Colchágua, onde são produzidos os vinhos das linhas Signos de Origen, Coyam e “G”. Coyam em idioma mapuche quer dizer “floresta de carvalho”.

Ao chegar na vinícola fomos recebidos por Stefanie Schotte, Brand Manager da Emiliana que salientou que no Fundo Los Robles, os vinhedos estão a 280 metros sobre o nível do mar e que dez variedades tintas são cultivadas naquele local. Noelia Orts Agulló, enóloga da bodega los Robles também estava presente.

Gerência Enológica

O Coyam, sem dúvida, é o vinho mais importante da Emiliana (no Brasil também é bem conhecido). Corte de diversas variedades, na qual se destacam Syrah e Carménère, outras variedades como Cabernet Sauvignon, Merlot, Mourvèdre e Malbec também completam o corte em proporções que variam de acordo com a safra. As barricas utilizadas são 1/3 novas, 1/3 de um ano e 1/3 de dois anos. O período é de 13 meses; as barricas são de 225 litros, francesas (80%) e americanas (20%).

Todo cuidado é adotado nos vinhedos. Um borrifador de feromônio feminino para enganar mosquitos e insetos nocivos às videiras é utilizado. Galinhas são utilizadas para combater o principal inimigo das videiras, o Burrito de la vid (Naupactus xanthographus). O anidrido sulfuroso é utilizado para combater o oídio.  A agricultura biodinâmica favorece a interrelação de todos os reinos: mineral, vegetal e  animal. Estuda a complexa interação entre eles e os ritmos e atividades do cosmos. Por este motivo, nos campos biodinâmicos vivem animais como alpacas, galinhas, etc. Importante ressaltar que somente leveduras indígenas são utilizadas na elaboração dos vinhos.

Um dos equipamentos mais modernos da vinícola é o “Huevo”, uma cuba ovóide. Sem ângulo, o mosto move-se num movimento circular perpétuo e as borras depositam-se no fundo. Sua origem é francesa e seu formato é ovóide, de concreto por fora.

cacho de Mourvèdre
cacho de Mourvèdre

Nove preparados biodinâmicos –

Quais são os benefícios do manejo orgânico de um vinhedo? –  O manejo orgânico permite obter uvas sem produtos químicos e,  portanto, vinhos mais sãos, puros, com caráter próprio, que expressam com força as características e atributos do terroir onde crescem. Nunca é demais lembrar que a biodinâmica  é uma ciência que nasce do pensamento do filósofo austro-húngaro Rudolf Steiner (1861-1925).

A seguir os preparados homeopáticos propostos por Steiner –

São nove os preparados que se ocupam da energia do cosmos e da energia animal. Cada um deles têm relação com elementos minerais e com uma constelação. Tivemos oportunidade de vê-los “in loco”. Todos se aplicam anualmente: Bexiga de Cervo, Esterco de vaca – Sílica ou quartzo – Milenrama (Achillea millefolium) – Manzanilla (Chamomilla recutita) – Urtiga (urtica dioica) – Casca de carvalho (quercus pedunculata) – Dente de leão (Taraxacum officinate) – Valeriana (Valeriana officinate) – Hierba de la plata (Equisetum officinate).

O esterco de vaca e o quartzo  por exemplo são aplicados nos vinhedos, sendo que o segundo absorve toda energia e a devolve lentamente para a planta. As quantidades utilizadas são diminutas: 4-5 gramas por hectare são aplicados nos vinhedos entre o Inverno e a Primavera. Os outros elementos como Dente de Leão, Valeriana (plantada junto dos vinhedos), Camomila, Chifre de Boi também são utilizados de acordo com as prescrições de Rudolf Steiner.

César Morales, Chefe da Enologia das quatro unidades da Emiliana
César Morales, Chefe da Enologia das quatro unidades da Emiliana

Portfólio Emiliana –  vinícola eleita  “GREEN COMPANY OF THE YEAR” pela prestigiada revista inglesa The Drinks Business. “Gê” – Vinho produzido com uvas Biodinâmicas | Ícone COYAM – Vinho produzido com uvas Biodinâmicas | Ultra Premium

SIGNOS DE ORIGEN | Vinhos produzidos com uvas Orgânicas | Super Premium

Cabernet Sauvignon/Carménère/Chardonnay-Viognier-Marsanne-Roussanne/Syrah/Pinot Noir

NOVAS GRAN RESERVA | Vinhos produzidos com uvas orgânicas | Gran Reserva

CabernetSauvignon/Carménère-CabernetSauvignon/Merlot/Syrah-Mourvèdre/PinotNoir/Sauvignon Blanc/Chardonnay/Viognier ADOBE | Vinhos produzidos com uvas orgânicas | Reserva Carménère/Merlot/Malbec/Syrah/Rosé/Sauvignon Blanc/CabernetSauvignon/Chardonnay/Viognier/Gewürztraminer

Degustação de vinhos na vinícola Emiliana

 

A seguir a relação dos vinhos degustados na sala de degustações da Viñedos Orgánicos Emiliana na manhã de 17.03.2014:

Adobe Reserva Sauvignon Blanc 2013 – Álcool:12% – Região: Vale de Casablanca – R$ 38

Signos de Origen 2012 – Álcool: 14,5% – Variedades: Chardonnay, Roussane, Marsanne e Viognier – Região: Vale de Casablanca/La Vinilla – R$ 99 

Novas Gran Reserva Pinot Noir 2011 – Álcool: 14% – Região: Vale de Casablanca – R$ 51 – 

Adobe Reserva Carménère 2013 – Álcool: 13,5% – Região: Vale de Colchágua – Preço: R$ 38 –

Novas Gran Reserva Cabernet Sauvignon/Merlot 2012 – Álcool: 14% – Região: Vale do Maipo – R$ 51 – Coyam 2011 – Álcool: 14,5% – Variedades: Carménère (38%), Syrah (31%), Merlot (19%), Cabernet Sauvignon (10%), Mourvèdre (1%) e Malbec (1% ) – R$ 124 –

“Gê” Biodinâmico 2011 – Álcool: 14,5% – Região: Fundo Los Robles/Colchágua – Variedades: Carménère (45%), Syrah (40%) e Cabernet Sauvignon (15%) – Preço: R$ 272 –  

 DSCF4014 - Cópia (3)_1107x897

 

No almoço também puderam ser provados os seguintes vinhos:

Novas Gran Reserva Viognier 2013 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Casablanca/La Vinilla – R$ 51 –   

Novas Gran Reserva Syrah/Mourvèdre 2012 – Álcool: 14,5% – Variedades: Syrah (85%) e Mourvèdre (15%) – Região: Vale de Cachapoal – R$ 51 –

Novas Gran Reserva Garnacha/Syrah – Álcool: 14,5% –  Variedades: Garnacha (70%) e Syrah (30%) – Vale de Cachapoal – R$ 51 –

Signos de Origen Carménère 2010 – Álcool: 14,5% – Variedades: Carménère (85%) e Cabernet Sauvignon (15%) – Região: Vale de Colchágua/Fundo Los Robles – R$ 99 – 

Signos de Origen Cabernet Sauvignon 2011 – Álcool: 14,5% – Região: Vale do Maipo/Fundo Los Morros – R$ 99 – 

Dispensador de feromônio para repelir mosquitos
Dispensador de feromônio para confundir/repelir mosquitos

A seguir os vinhos que se destacaram na degustação e no almoço (para ser sincero a escolha foi difícil porque o nível de qualidade dos vinhos orgânicos Emiliana é bastante homogêneo):

Novas Gran Reserva Viognier 2013 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Casablanca – R$ 51 – vinho amadurecido durante 6 meses em tanques de aço inoxidável (90%) e barricas francesas (10%). Análise organoléptica: amarelo dourado intenso, com aromas de flores brancas sobre um fundo amanteigado. Notas de frutas frescas como lichia e damasco permaneceram na taça ao longo da degustação. Na boca sua entrada revelou um vinho denso, suave com alguma cremosidade e peso. Acidez vibrante, madeira imperceptível e final longo, fresco, de grande persistência. Deve crescer à mesa. Avaliação: 88-89/100 pts.

Um branco espetacular, fora do eixo Chardonnay e Sauvignon Blanc - crédito da imagem: Vivino
Um branco espetacular, fora do eixo Chardonnay e Sauvignon Blanc –  Denso, untuoso, complexo e gastronômico. Crédito da imagem: Vivino

 

Signos de Origen “La Vinilla” 2012 – Álcool: 14,5% – Variedades: Chardonnay (68%), Roussane (12%), Marsanne (11%) e Viognier (9%) – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Casablanca/La Vinilla – R$ 99 – vinho amadurecido 6 meses em barricas de carvalho francês (90%) e 10% cuba ovoide – Análise organoléptica: Amarelo com reflexo na transição para dourado. Aberto, intenso e sobretudo complexo nos aromas com sugestões florais secundadas por frutas de caroço (pêssego, manga, damasco) sobre um fundo amanteigado, nozes que lhe confere elegância e sofisticação. Na boca sua entrada revelou um branco poderoso (álcool generoso), denso, encorpado, com álcool generoso, sólida estrutura e muita fruta tropical. O frescor deste vinho o faz singular, num corte que remete diretamente aos elegantes brancos do Vale do Rhône. Seu final é prolongado e confirma as sensações gustativas iniciais. Avaliação: 90/100 pts.+ 

 

Fiel creyente de que los humanos no estamos solos en el planeta, consideraba que la importancia de la energía transmitida por la luna y el mar afectaba a los cuerpos, incluso la consideró en los procesos de vendimia de Emiliana. Cercano y preocupado del bienestar de sus trabajadores, a los que consideraba parte de una familia a la que había que cuidar y respetar. José era un convencido de que el trato digno, justo y en condiciones armónicas era fundamental para desarrollar un proyecto exitoso.
Fiel creyente de que los humanos no estamos solos en el planeta, consideraba que la importancia de la energía transmitida por la luna y el mar afectaba a los cuerpos, incluso la consideró en los procesos de vendimia de Emiliana.
Cercano y preocupado del bienestar de sus trabajadores, a los que consideraba parte de una familia a la que había que cuidar y respetar. José era un convencido de que el trato digno, justo y en condiciones armónicas era fundamental para desarrollar un proyecto exitoso.

Novas Gran Reserva Cabernet Sauvignon/Merlot 2012 – Álcool: 14% – Região: Vale do Maipo – R$ 51 – vinho amadurecido 12 meses em barricas francesas (35%), barricas americanas (35%) e tonel de aço inoxidável (30%) – Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso de média profundidade. Nos aromas notas de cerejas, ameixas, mentol sobre um fundo de madeira fina (cedro). O nariz é complexo e praticamente subscreve os aromas, com taninos volumosos, de boa textura e de grande amplitude. De sabor agradável, é um tinto de clara feição bordalesa, eis que seu equilíbrio gustativo e tipicidade fazem deste vinho um dos destaques da linha Novas. O final é limpo e persistente. Avaliação: 88-89/100 pts. 

Horta existente na vinícola. Cada cultura tem uma plaquinha com o nome do responsável
Horta existente na vinícola. Cada cultura tem uma plaquinha com o nome do funcionário responsável

Adobe Reserva Carménère 2013 – Álcool: 13,5% 0 Região – Variedades: Carménère (85%) e Merlot (15%) – Vale de Colchágua – Preço: R$ 38  cerca de vinte por cento do vinho amadureceu pelo período de seis meses em barricas de carvalho francês – Análise organoléptica: vermelho-rubi profundo, no olfato exibiu aromas típicos da casta com pimenta verde, café torrado sobre uma nota tostada. Na boca a sua entrada revelou um vinho de taninos macios, frutado, “sem maquiagem” porque é um autêntico Carménère, muito bem feito para a sua faixa de preço. O álcool não incomoda e a acidez é regular. Robusto, termina sem adstringência ou qualquer secura. Avaliação: 87-8/100 pts.

          DSCF4004_3216x2412

Novas Gran Reserva Syrah/Mourvèdre 2012 – Álcool: 14,5% – Variedades: Syrah (85%) e Mourvèdre (15%) Região: Vale de Cachapoal – Indisponível no Brasil. Amadurecido em barrica de carvalho francês (70% novas) durante doze meses. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo. Nariz complexo e sofisticado com aromas de frutas negras e vermelhas frescas, como framboesas, amoras e morangos secundados por um toque de licor de  cassis com razoável sustentação na taça. Na boca sua entrada revelou um vinho empolgante, de taninos balanceados, elegantes, que  combinam com sua acidez rica e gastronômica. O perfil é de um tinto quase guloso, daqueles que te convidam ao próximo gole. Detentor de ótima relação preço-qualidade. Avaliação: 89/100 pts.+

DSCF4010_3216x2412

 Novas Gran Reserva Garnacha/Syrah – Álcool: 14,5% –  Variedades: Garnacha (70%) e Syrah (30%) – Vale de Cachapoal – indisponível no Brasil – amadurecido em barrica de carvalho francês e americana  (70% novas) durante doze meses – Análise organoléptica: vermelho-rubi de média profundidade. No nariz muita fruta vermelha secundada por especiarias. Na boca sua acidez é pungente e quase cobre o taninos. É um tinto de perfil mediterrâneo, eis que provoca intensa salivação no paladar e pede comida. Seu final é intenso, com ligeira adstringência que não macula sua imagem, eis que na verdade marca sua tipicidade. Avaliação: 87/100 pts.

Galinheiro. Aqui moram as galinhas que comem insetos e larvas indesejados. E o melhor: elas não se interessam pelas uvas.
Galinheiro. Aqui moram as galinhas que comem insetos e larvas indesejados. E o melhor: elas não se interessam pelas uvas.

 

Coyam 2011 – Álcool: 14,5% – Variedades: Carménère (38%), Syrah (31%), Merlot (19%), Cabernet Sauvignon (10%), Mourvèdre (1%) e Malbec (1% ) – Preço: R$ 124 – vinho amadurecido 13 meses em barricas francesas (80%) e americanas (20%). Análise organoléptica: vermelho-rubi profundo com reflexo púrpura. No olfato apresentou aromas intensos e complexos que recordam licor de cassis, ameixas, especiarias combinadas delicadamente com notas de tabaco e cedro com suaves nuances defumadas. Na boca sua entrada revelou um vinho imponente, de taninos rugosos de boa textura que certamente arredondarão com mais tempo na garrafa. Um tinto de sólida estrutura, concentrado, muito gostoso mesmo. Vinho de guarda, eis que suporta vários anos na garrafa ganhando harmonia. Seu final é longo, elegante, de destacada tipicidade. Avaliação: 90/100 pts.+

 

César Morales, Chefe da Enologia das quatro unidades da Emiliana

“Gê” Biodinâmico 2011 – Álcool: 14,5% – Região: Fundo Los Robles/Colchágua – Variedades: Carménère (45%), Syrah (40%) e Cabernet Sauvignon (15%) – Preço: R$ 272  vinho amadurecido 16 meses em barricas de carvalho francês novas – Análise organoléptica:  profundo e muito concentrado na cor, quase retinto. Aromas intensos com a madeira em primeiro plano (cedro) sem ofuscar a fruta, que se manifesta nas notas de ameixas e cerejas pretas. Tabaco, licor de cacau e um suave toque de violetas se revezam nos aromas. No paladar sua harmônia se destaca, eis que taninos, álcool, acidez e madeira estão plenamente entrosados entre si. O resultado é um tinto amplo, potente e elegante, de acidez fresca, recomendado para a guarda, eis que o tempo joga a seu favor. Avaliação: 91/100 pts.++

 

TO BE CONTINUED!

(Visited 4.325 times, 4.327 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *