Na prova de vinhos da Península de Setúbal ocorrida em São Paulo no último dia 06.06.2019, os vinhos da Quinta do Piloto chamaram nossa atenção. Não só pela variedade de rótulos, mas principalmente pela qualidade de espumantes, brancos e tintos. Estabelecida em Palmela onde possui nada menos que 200 hectares de vinhedos, sendo 20 de vinhas velhas cujos vinhos são vinificados por métodos ancestrais, essa quinta no passado chegou a ser uma das maiores vinícolas de Portugal. A seguir, nossas impressões sobre o que provamos: um magnífico branco de Antão Vaz e Arinto “Coleção de Família 2015” é um verdadeiro vinho de exceção, formidável nos aromas e delicado/refinado no paladar. Já o tinto Trois 2015 de vinhas velhas de Castelão, de grande complexidade aromática e concentração de sabor é um dos expoentes da multifacetada casta Castelão em Setúbal. A seguir nossas descrições e avaliações dos vinhos provados, mediante explicações do produtor Filipe Cardoso e de Vera Villaça, da Buena Importadora :

Espumante Quinta do Piloto Palmela DOC Extra Brut Reserva 2014 – Variedade: Arinto, Chardonnay e Castelão – destaca-se pela presença desta casta tinta, a mais representativa da região, aqui vinificada à semelhança do que se faz em champagne com a Pinot Noir. Fiel aos princípios tradicionais, foi elaborado pelo método clássico, com fermentação em garrafa, 24 meses de autólise e degorgément em maio de 2017. Análise organoléptica: palha claro brilhante com boa efervescência. Aromas de panificação, brioche e frutas secas. No paladar é seco, rico e balanceado. De bom cumprimento, termina refrescante, sem amargor.

Vinha dos Pardais Vinho Regional Península de Setúbal 2018 – Variedade: Sauvignon Blanc – palha claro translúcido. Uma nota vegetal unidimensional domina os aromas. Paladar fresco e balanceado, com certa mineralidade e ausência de amargor vegetal. Corpo e persistência médios.

Piloto Collection Branco Vinho Regional Península de Setúbal 2017 – Variedade: Síria – Álcool: 12,5% – Síria é a Roupeiro do Alentejo ou a Códega do Douro. Segundo o produtor, “este vinho foi criado a partir de uvas oriundas de uma pequena vinha chamada malhada Alta, perto do Lau, pertencente à família Cardoso desde há muitos anos. A casta Síria é elegante e muito mineral originando vinhos frescos e leves”. Análise organoléptica: as nossas impressões gustativas se coadunam com as informações do produtor. Trata-se de branco leve, mineral, fresco e balanceado, caracterizado por sua acidez delicada e aromas florais.

Quinta do Piloto Branco Reserva Palmela DOC 2015 – Variedades: Antão Vaz e Arinto – Álcool: 13% – Informa o produtor sobre este vinho que “Produzido com uvas de Antão Vaz e Arinto, sua fermentação sedá em contacto com as películas, fazendo uma ligeira curtimenta. Passa depois para barricas novas de carvalho francês, onde termina a fermentação e estagia durante 10 meses. Com personalidade forte, é um vinho envolvente e poderoso, sem prescindir da frescura e mineralidade características da Quinta do Piloto. É um clássico, um branco de família”. Análise organoléptica: este branco é um dos principais vinhos dessa quinta e seus aromas formidáveis chamaram muito nossa atenção. Mineral, delicado, intenso, fresco e complexo, na boca sua complexidade nos faz lembrar um Meursault. Um branco de exceção, de longa persistência e de grande sobrevida na garrafa. Um dos melhores brancos de Portugal provado por este redator até hoje.

Quinta do Piloto Reserva Palmela DOC 2015 – Variedade: Castelão –  Álcool: 14% –  Elaborado a partir de uvas produzidas numa pequena vinha velha situada no Monte da nossa Herdade de Agualva. A casta predominante desta vinha é a Castelão, no entanto, os antigos misturavam sempre pequenas percentagens de outras castas para dar maior complexidade e intensidade aos seus vinhos. Esta vinha imprime aos vinhos elegância, delicadeza e complexidade; plantada em solos arenosos, o vinho resultante é intenso, complexo e elegante. Análise organoléptica: dezesseis meses em barricas resultaram num tinto elegante, suculento, complexo e persistente.

Quinta do Piloto Coleção da Família Palmela DOC 2015 – Variedade: Castelão –  Álcool: 14,5% –  vinte e quatro meses em barricas e doze meses na garrafa, apenas  mil e duzentas garrafas produzidas. Análise organoléptica: feito de uvas de Castelão de uma vinha velha situada na Herdade da Agualva, é um vinho de enorme extração, vinificado para durar décadas. Depois dos primeiros 12 meses de estágio em barrica, a família reúne-se em prova e seleciona as três melhores barricas para prolongar o estágio por mais 12 meses. Vinho de caráter forte e personalidade vincada, reclama para si a responsabilidade de ser um verdadeiro Castelão de Palmela. Análise organoléptica: escurão na cor, complexo nos aromas predominados por fruta em compota entrelaçada às especiarias doces, este tinto se agigantou na taça, com várias camadas de sabores e suculência única. O final é interminável e harmônico.

Quinta do Piloto “Trois” Castelão DOC Palmela 2015 – Álcool: 14,5%  –  elaborado com Vinhas Velhas da Península de Setúbal, assinado por Filipe Cardoso, Luis Simões e José Nuno Caminhas, agressivo e elegante nos primeiros anos, com grande concentração e complexidade aromática, faz o casamento perfeito com a madeira certa e permite uma guarda quase intemporal. Análise organoléptica: retinto na cor e extremamente complexo nos aromas, este tinto de taninos macios de excelente qualidade mostrou até onde pode-se chegar com a Castelão. Aqui verificamos um tinto de grande concentração e finesse, amplo e profundo no paladar, generoso no álcool, boa acidez tudo isso resultando profundo num tinto potente e ao mesmo tempo elegante.

Quinta do Piloto Moscatel de Setúbal Superior D. O. Setúbal 2011 – Álcool: 17% – vinho fortificado de coloração topázio brilhante. No nariz, notas florais e cítricas (casca de laranja), uva-passa, mel e avelãs. No paladar é untuoso, solidamente estruturado, dotado de invejável equilíbrio entre doçura e acidez. Amplo, expansivo termina com longa persistência.

Quinta do Piloto Moscatel de Setúbal 10 anos  D. O. Setúbal 2011 – coloração topázio com ligeira turbidez. Nariz complexo, cheio de nuances com notas florais, cítricos e mel. Boca fina, macia, fresca com uma ponta de álcool e de doçura (laranja cristalizada), acidez razoável e fim de boca envolvente. Um vinho de excelente tipicidade.

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