Uruguai: Bodega Casa Filgueira

A Bodega Filgueira é uma empresa familiar estabelecida há quase um século no Departamento de Canelones e atualmente é conduzida por Martha Chiossoni, esposa de José Luiz Filgueira, filho do fundador da bodega. Seus vinhedos totalizam 46 hectares, dispostos em torno da cantina. A tecnologia disponível é uma das mais modernas do país e sua assessoria enológica conta com a atuação do festejado Pascoal Marty. A vinícola faz parte da rota “Descubra Las Bodegas Familiares de Uruguay” e as visitas poderão ser agendadas através do telefone +598 2 336 6868 com Sebastián Delorrio ou através do e-mail sdelorrio@bodegalgueira.com – www.bodegalgueira.com

A Bodega Filgueira atualmente exporta 40% de sua produção (somente vinhedos próprios) para Brasil, México, EUA, Canadá, Polônia, Eslovaquia e Espanha. Possui cinco linhas de produtos, à saber: Patio Sur, Reserva Familiar, Premium, Reserva e Super Premium. Apenas para informar, produz cinco Tannats e três Sauvignon Gris: Premium (24 meses em carvalho), Reserva (18 meses) e Clássico (sem madeira). É detentora de “Certificado de norma ISO 1.400 – Gestão do meio ambiente”.

Segundo Sebastián Delorrio, a bodega foi criada em 1927 pelo imigrante espanhol (Galícia) Don Manoel Filgueiras que foi sucedido por seu filho José Luiz Filgueiras, médico-cirurgião cardiovascular. Um marco importante se deu no ano 2000 com a inauguração da nova bodega, apta para produzir vinhos de qualidade denominados no Uruguai por VCP. A Casa Filgueira é a única vinícola no Uruguai que possui a Vinomatic, equipamento que permite a maceração à frio de uvas como Sauvignon Gris e Tannat. Piletas de concreto com revestimento de époxi ainda são utilizadas para conservação de vinhos tintos, principalmente para o “licor de tannat”. Por último, cabe destacar que toda água utilizada na bodega é tratada com O3 – Ozônio. De modo que a lavagem das piletas assim como toda água da limpeza é purificada, o que garante a assepsia da adega item importante na elaboração para preservar a qualidade dos vinhos.

Abaixo segue a descrição de cada um dos vinhos degustados:

Filgueira Sauvignon Blanc 2010 – álcool: 13% – palha claro com reflexo esverdeado. Aromas com prevalência de notas vegetais (típicas da casta no Novo Mundo) sobre frutas tropicais como maracujá e lima. Limpo e redondo, termina sem arestas, com destaque para seu frescor. Para ser consumido já ou ao longo de 2011 ou pouco mais de tempo, tudo depende da conservação.

Filgueira Sauvignon Gris 2010 – álcool: 13,5% – Como sabemos, a Sauvignon Gris, originária do Sul da França, é uma mutação natural da Sauvignon Blanc. Atualmente é a cepa branca emblemática dessa casa vinícola que exibe um invejável manejo dessa casta. Poucas vinícolas na América do Sul conseguem vinificá-la tão bem como a Bodega Cisplatina Filgueira. Cor mais intensa do que o exemplar anterior. Nariz aberto com destacadas notas de marmelo sobre delicadas notas florais e algum vegetal. Na boca é um vinho denso que exibe um delicioso frescor com a confirmação das notas olfativas. Intenso, termina limpo e redondo. Pode evoluir na garrafa.

Filgueira Sauvignon Gris Reserva 2008 – álcool: 14% – cor mais intensa do que o exemplar anterior. Um dos fatores é a passagem por barrica francesa por até 18 meses, para lhe conferir complexidade. Exibiu aromas mais fechados mas compensou no palato com mais complexidade e a madeira é mais integrante e não a protagonista. Sebastián Delorrio disse que esse vinho evoluirá positivamente na garrafa nos próximos anos.

Filgueira Tannat 2009 – álcool: 13% – Rubi violáceo intenso. Frutas negras no nariz com destaque para ameixa e framboesa. Na boca taninos macios contrabalançados por boa fruta, sem rusticidade. Termina limpo e redondo.

Filgueira Reserva Merlot 2007 – álcool: 13% – Rubi violáceo intenso. No nariz notas de ameixas e baunilha. Na boca apresenta taninos presentes de qualidade muito boa. Denso e carnudo, tem perfil distinto dos Merlots brasileiros da Serra Gaúcha. Aqui temos um Merlot que desafia carnes assadas que não sejam muito gordurosas. Sua tipicidade é um dos destaques, eis que somente no Brasil a Merlot consegue obter algum destaque, não o suficiente para ser alçada à condição de “uva-símbolo”. Na Argentina só é utilizada para cortes e no Chile, com a ascenção da Carménère, Syrah e agora Pinot Noir, deve seguir o mesmo caminho.

Filgueira Reserva Tannat 2007 – álcool: 13,5% – Rubi violáceo intenso e profundo. Aromas terrosos sobre frutas negras. Taninos redondos. Fruta integrando-se à madeira. Carnudo e mastigável, tem estilo entre o tradicional e o moderno. Boa tipicidade. Termina persistente e deixa uma nota herbácea no retrogosto.

Filgueira Super Premium Estirpe 2004 – álcool: 13,5% – Rubi violáceo intenso, profundo com halo granada em formação. Assemblage de quatro partes iguais de Cabernet Sauvignon, Franc, Merlot e Syrah. Aromas finos com notas de cassis, pimentão, especiarias e tostado. Na boca confirmou esses aromas, com taninos polidos, fruta em evidência, acidez mediana e ótima concentração de sabor. Seu estilo evoca um Bordeaux, quem sabe até um “Cru Bourgeois”. Um grande vinho Uruguaio, mas muito pouco conhecido no Brasil. Custa R$ 85 na Decanter. E vale! À Conferir. Ressalto que foi previamente decantado.