Em 8 de agosto de 2018, a Wines of Chile, com apoio do ProChile – Escritório Comercial do Chile no Brasil (São Paulo), promoveu degustação anual em São Paulo com organização da CH2A. O tema foi “Blends Surpreendentes” e na oportunidade puderam ser provados dez vinhos representativos da diversidade de blends existentes no Chile. A degustação foi conduzida pelo Sommelier chileno Héctor Riquelme. Também estiveram presentes o Ministro das Relações Exteriores do Chile, Roberto Ampuero – o Presidente da Wines of Chile Mario Pablo Silva, a Diretora ProChile Brasil Maria Julia Riquelme e a Diretora Comercial da Wines of Chile Brasil – Angelica Valenzuela. 

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No Brasil o êxito dos vinhos do Chile está impresso nos números: o país lidera o ranking de vinhos importados há 16 anos e fechou 2017 detendo, em volume, mais de 45% do nosso mercado – mais do que o dobro do segundo colocado, com aumento de 18,2%. Em valor, o crescimento foi de 17,4% no ano passado, que representa uma fatia de mercado de 43,7%.

Vinhos desafiadores, diferenciados e de altíssima qualidade desembarcam por aqui e conquistam cada vez mais os consumidores. O desenvolvimento de tecnologias, de novos métodos e a geografia privilegiada permitiram a expansão do mapa do vinho no Chile, onde viticultores vanguardistas e visionários estão elaborando rótulos em terroirs adversos, extremos e condições insólitas, como o Deserto do Atacama, além de empregarem técnicas modernas em vales tradicionais e promoverem o resgate de uvas antigas.

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“Este ano reunimos uma comitiva de 37 das mais expressivas vinícolas do Chile para apresentar ao mercado as novas safras, novos rótulos e destaques que a nossa indústria produziu no último ano. É o resultado de muito investimento em pesquisa, estudo dos solos, novo manejo de vinhedos e uvas e desenvolvimento de tecnologias que reforçam o posicionamento de nossa indústria moderna e altamente competitiva”, explica Mario Pablo Silva, presidente da Wines of Chile.

“A geografia privilegiada do Chile e suas barreiras naturais permitem a elaboração de vinhos nos mais diversos terroirs: em vales que são joias de nosso país, como Colchágua e Apalta, e em regiões extremas, como oDeserto do Atacama. São condições desafiadoras para extrairmos a expressão máxima de cada vinhedo e isso estimula o desenvolvimento de novas tecnologias na indústria vitivinícola chilena, uma das mais expressivas no mundo”, resume Angelica Valenzuela, diretora comercial da Wines of Chile, associação responsável por difundir em todo o mundo os vinhos chilenos.

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“O Brasil é um dos nossos três mercados prioritários e em 2019 vamos ampliar a promoção dos vinhos chilenos para outras regiões do país”, antecipa Angelica Valenzuela, diretora comercial da associação.

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8º Tasting Wines of Chile em São Paulo

As 37 vinícolas que participam do 8º Tasting Wines of Chile em São Paulo são: Alto Quilipin, Apaltagua, Casas del Toqui, Chilean Wines Company, Cousiño Macul, Dos Almas, Encierra, J. A. Jofré Wines, Odfjell, Viña Bisquertt, Viña Carmen, Viña Casa Silva, Viña Casablanca, Viña Concha y Toro, Viña Cono Sur, Viña Echeverria, Viña El Principal, Viña Emiliana, Viña Gandolini, Viña Indómita, Viña La Rosa, Viña Las Niñas, Viña Leyda, Viña Montes, Viña Pérez Cruz, Viña Requingua, Viña San Esteban, Viña San José de Apalta, Viña San Pedro, Viña San Pedro Tarapacá, Viña Santa Rita, Viña Siegel, Viña Tres Palacios, Viña Valdivieso, Viña Ventisquero, Viñedos Marchigüe e Viñedos Veramonte.

#WinesofChileSP #amovinhoamochile

Os dez tintos do 8º Tasting Wines of Chile em SP na ordem de serviço da esquerda para a direita – Blogdojeriel.jpg

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEGUSTAÇÃO –

A degustação magistralmente conduzida pelo hábil e profundo conhecedor de vinhos chilenos,  Sommelier Héctor Riquelme, ao contrario das versões anteriores não revelou muitas surpresas. A maior parte dos vinhos escolhidos são facilmente encontrados no mercado brasileiro, o que é um dado significativo, com preço médio entre R$ 60 (Toro de Piedra) a R$ 450 (Cousiño-Macul Lota e Ventisquero Enclave). A maioria se situou entre R$ 60 a R$ 150, faixa de preço na qual os vinhos chilenos tem grande participação no mercado brasileiro. Dos vinhos escolhidos, todos tinham Cabernet Sauvignon e apenas três blends não tinham Carménère na sua composição. Dois tintos contavam com sete anos (safra 2011, apontada por Héctor Riquelme como excelente no Maipo): Cousiño-Macul Lota e Ventisquero Enclave e nenhum deu sinais de cansaço, ao contrário, estão a se aproximar do auge para assim permanecer durante muitos anos. Apontou-se, acertadamente, a ausência de vinhos brancos mas Hector explicou que o objetivo da degustação era de mostrar o atual estágio de evolução dos blends chilenos protagonizados por Cabernet Sauvignon e Carménère. A pergunta que fizemos foi a seguinte: qual será a próxima fronteira do mercado chileno? Héctor de plano nos respondeu que é o mercado interno. Concordamos com essa afirmação, mas o que notamos na degustação é que a Carménère não cresce nas parcerias como, por exemplo, variedades bastante conhecidas como a Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Grenache (França), Sangiovese (Itália), Touriga Nacional (Portugal), Tannat (Uruguai) ou Malbec (Argentina). A Carménère é uma variedade que ano após ano vem evoluindo a passos largos, resultando em tintos de grande personalidade, elegância e longevidade. Mas acrescentar-lhe Cabernet Sauvignon ou outras variedades teremos apenas “mais do mesmo”, salvo raras exceções, talvez isso ocorra por força do caráter predominante de seu sabor. Por fim, esclareço que, ainda há muito espaço para que os vinhos dessa variedade franco-chilena continuem sua evolução no Chile. Aliás, no momento que escrevemos o respeitado crítico chileno Eduardo Bretauer havia emitido a sua opinião (coincidente, por isso a transcrevemos) no Facebook sobre um Concurso de Vinhos do Novo Mundo (Austrália, Nova Zelândia, EUA, Canadá, Chile e África do Sul) que vem ganhando importância , o complexo “6 Nations Wine Challenge” que tem apenas seis julgadores – um de cada país participante. Bretauer assinalou que: “La competencia es feroz. La escena está entretenida. Y #chile debe seguir por el camino de la innovación. No puede quedarse dormido en los laureles, ofreciendo sólo más de lo mismo, empujando solo lo que cuesta menos vender. Tiene que seguir profundizando en sus terruños, salir con más frecuencia de su zona de confort y ampliar su portafolio para ser más competitivo en todos los frentes”. Por fim, apresentamos as descrições e avaliações dos dez vinhos degustados na ordem de serviço:

Toro de Piedra Carménère/Cabernet Sauvignon 2016 – Álcool: 13,5%  – Variedades: Carménère (85%) e Cabernet Sauvignon (15%) – Região: Maule – preço médio: R$ 60 – Álcool: 13,5% – Importador: Orion Vinhos – vermelho-rubi intenso com reflexo púrpura. No nariz tem bons aromas, com notas de especiarias, groselha e café torrado, tudo harmonicamente entrelaçado. Na boca é um tinto encorpado, de taninos macios, álcool sobrando, acidez mediana e leve prevalência da madeira sobre a fruta (doze meses em barricas americanas e francesas). Fim de boca médio, sem adstringência, pedindo mais algum tempo na garrafa para o total afinamento do conjunto, detentor de relação preço-qualidade. Avaliação: 87/100 pts.+

Novas Carménère-Cabernet Sauvignon Gran Reserva Orgânico 2015 – álcool: 14% – Variedades: Carménère (85%) e Cabernet Sauvignon (15%) – região: Colchágua – preço médio: R$ 79 – Importador: La Pastina – Vermelho-rubi intenso, brilhante. Aromas abertos com notas de groselha, cerejas, humus sobre um fundo balsâmico. Na boca subimos mais um degrau: taninos macios, quase aveludados, álcool generoso sem incomodar, presença de fruta doce, especiarias e final suavemente picante. Madeira integrada (amadurecido 12 meses em barricas francesas (40%), americanas (30%) e aço inoxidável – 30%). Vinho bem feito, prazeroso, sem arestas. Boa relação preço-qualidade com alguma elegância. Avaliação: 88/100 pts. 

Casa Silva Quinta Generación 2015 – Álcool: 14,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (45%), Carménère (45%), Syrah (5%) e Petit Verdot (5%) – Importador: Vinhos do Mundo – Preço médio: R$ 199 – Amadurecido 12 meses em barricas francesas – Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo, concentrado. Aromas complexos com licor de cassis, especiarias, tabaco sobre ameixas. Boca fina, taninos de ótima qualidade, boa fluidez no paladar, enfim um blend sofisticado e gostoso de beber. Segundo Mario Geisse cada variedade desempenha um papel, a saber: a CS contribui com seus taninos, a Carménère aporta suavidade, a Syrah e a Petit Verdot conferem “fundo de boca”. Termina longo. Deverá apresentar uma boa evolução na garrafa. Avaliação: 91/100 pts.+

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Siegel Unique Seléction 2014 – Variedades: Cabernet Sauvignon (45%), Carménère (35%) e Syrah (20%) – Região: Vale de Colchágua – Álcool: 14% – vermelho-rubi intenso com reflexo violáceo. Aberto nos aromas que vão das ervas aromáticas às frutas negras como ameixa e especiarias Sem pirazina, sem o herbáceo cansativo exibido por alguns tintos chilenos, depois de algum tempo exibiu notas de tabaco e grafite. No paladar taninos sedosos e suaves. A acidez também é razoável. Não é  muito potente, mas isso não tem o condão de tirar o brilho e o frescor deste blend que se destacou por sua elegância. Poderia ter um pouco mais de meio de boca, mas é macio e tem muita vida na garrafa pela frente. Avaliação: 89/100 pts.+

Caballo Loco Grand Cru Apalta 2014 – Blogdojeriel.jpg

Caballo Loco Grand Cru Apalta 2014 – Álcool: 14,5% – Variedades: Carménère (70%) e Cabernet Sauvignon – Vermelho-rubi intenso, profundo com reflexo púrpura. Nariz aberto, intenso e complexo. Convidativas notas de especiarias doces revezam-se com nuances de frutas negras (figo, amora e ameixa) complementadas por suaves notas de madeira fina (cedro) e um toque de “brett”. No paladar é um tinto marcante, que logo deixa entrever a cepa dominante, Carménère que traz consigo notas de pimentão, especiarias sobre sugestões balsâmicas da barrica. Macio, quente, complexo com um longo e empolgante final. Um vinho que vai ganhar complexidade na garrafa. Avaliação: 90/100 pts.+

Don Reca Cuvée 2015 – Álcool: 14% – Variedades: Carménère, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot – Região: Vale de Cachapoal/Peumo – vermelho-rubi intenso com reflexo violáceo. Aromas intensos com notas florais, frutas vermelhas, pimental sobre um fundo de compota. Na boca, sua entrada revelou um tinto potente, concentrado, macio, com reminiscências de chocolate e especiarias. Madeirado (doze meses de amadurecimento em barricas de carvalho francês) e generoso no álcool, tem uma boa acidez a lhe conferir boa fluidez no paladar. Deixa uma nota mentolada no fim-de-boca. Avaliação: 87/100 pts.+

Memorias 2014 – Álcool: 14,8% – Variedades: Cabernet Sauvignon (63%), Syrah (22%) e Petit Verdot (15%) – Região: Pirque/Alto Maipo –  Importador: Decanter – é um tinto amadurecido 16 meses em barricas de carvalho francês novas (30%) e de segundo uso (70%) e um ano na garrafa antes de sair ao mercado, blend de variedades bordalesas, vinho de cor intensa a indicar juventude, aromas sérios com notas balsâmicas, groselha, leve mentolado sobre madeira tostada. Na boca, complexo, frutado e de boa profundidade gustativa, com taninos finos e um final persistente, equilibrado, expansivo, longo e sedoso. Um dos melhores vinhos do painel, um verdadeiro “super segundo”. Avaliação: 90-91/100 pts.+

Marques de Casa Concha Etiqueta Negra 2016 – Álcool: 14% – Variedades: Cabernet Sauvignon (60%), Cabernet Franc (32%) e Petit Verdot (8%) – Região: Vale do Maipo/Puente Alto – Importador: VCT Brasil – escurão com reflexo púrpura nas bordas. Aromas complexos e bem definidos com notas de cerejas, amoras, licor de cassis sobre um fundo mentolado. No paladar taninos finos, álcool integrado, acidez mediana e álcool integrado. Um vinho de perfil clássico, com um importante percentual de Cabernet Franc conferindo-lhe elegância. A madeira aqui apesar de expressiva – 16 meses em barricas 60% novas e o restante de segundo uso – não desequilibra o conjunto que está calcado na solidez, firmeza e competência que são os estandartes da VCT. Vai ganhar harmonia na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 90/100 pts.++

Ventisquero Enclave Cabernet Sauvignon 2011 – Álcool: 13,8% – Variedades: Cabernet Sauvignon (87%), Petit Verdot (6%), Carménère (5%) e Cabernet Franc (3%) – Região: Vale do Maipo/Pirque – vermelho-rubi intenso, concentrado, profundo com nítido halo granada. Aberto nos aromas que vão desde as frutas vermelhas e negras, passando por licor de cassis, vermute, tabaco, compota sobre uma nota de mentol que emoldura o conjunto. No paladar o seu ingresso revela um vinho multifacetado que corrobora a tradição do Alto Maipo na produção dos melhores Cabernets chilenos, quiçá do Novo Mundo. Os taninos são os típicos da variedade, aveludados e ao mesmo tempo com levíssima adstringência para marcar sua tipicidade. Fruta e madeira em comunhão. Enfim, um vinho com tudo no lugar certo, sem dar sinais de cansaço, com o frescor se destacando. Termina longo, profundo e persistente. Avaliação: 91/100 pts.+

Cousiño Macul Lota Gran Vino 2011 – Álcool: 14% – Variedades: Cabernet Sauvignon (75%) e Merlot (25%) – O Cousiño-Macul é um vinho de grande estatura na vitivinicultura chilena, que se beneficia de excelente reputação por conta de sua consistência e regularidade. É uma das poucas vinícolas chilenas que continua nas mãos da mesma família fundadora, talvez esse fator contribua para sua qualidade, mas como bem salientado por Héctor Riquelme, Cousiño-Macul é conhecido como Latour chileno em razão de sua elegância e longevidade. Aqui mesmo neste blog o prezado leitor terá a confirmação dessas escorreitas palavras deste prestigiado sommelier chileno, eis que um vinho como o Antiguas Reservas Cabernet Sauvignon suporta décadas na garrafa e sempre que degustado na presença de vinhos muito mais caros normalmente não se intimida! Bom, vamos à análise organoléptica deste tinto ícone do Maipo que é Lota: vermelho-rubi intenso, profundo com nítido halo de evolução. Aberto nos aromas exibindo frutas vermelhas e negras em profusão sobre notas de chá preto, mentol, grafite e especiarias. Melhor na boca com taninos macios, ótima concentração de sabor e nenhuma sobra de álcool ou madeira. Profundo, intenso, longo e profundo, sua estrada na garrafa é longa. Avaliação: 92/100 pts.++

 

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