Em 8 de agosto de 2019, a Wines of Chile, com apoio do ProChile – Escritório Comercial do Chile no Brasil (São Paulo), promoveu degustação anual em São Paulo com organização da CH2A. O tema foi “Dez vinhos do Chile expressam a fina arte vitivinícola do país” e na oportunidade puderam ser provados vinhos representativos do atual estágio em que se encontra da produção vitivinícola do Chile. A degustação foi conduzida pelo Sommelier Manoel Beato. Também estiveram presentes o vice-presidente da Wines of Chile, Mario Pablo Silva, a Diretora Comercial da Wines of Chile Brasil – Angelica Valenzuela e Haroldo Tsuruda, representando o ProChile.
Reforçando o êxito das relações comerciais entre Brasil e Chile, o país vizinho segue apostando na expansão do nosso mercado consumidor dando atenção especial ao potencial consumo brasileiro de vinhos premium chilenos, com preço acima de R$ 90,00.
Há mais de 15 anos o Chile ocupa o primeiro lugar no ranking de vinhos importados no Brasil e fechou 2018 com 44% de participação. Com sua presença consolidada nas taças e prateleiras brasileiras, a estratégia é aumentar a fatia de mercado em valor e, para isso, trouxe à capital paulista uma comitiva de mais de 30 vinícolas, que apresentaram seus vinhos premium a profissionais de restaurantes, supermercados, bares, hotéis e importadoras no 9º Tasting Wines of Chile em São Paulo, evento que promove, anualmente, os negócios do vinho entre os dois países.
A altíssima qualidade, diversidade, inovação, sustentabilidade e a rica história vitivinícola que marcam a trajetória e o atual contexto dos vinhos ícones do Chile estiveram presentes nos mais de 150 rótulos que desembarcam em SP, elaborados em diferentes terroirs e regiões extremas (como o Deserto do Atacama) por enólogos e enólogas reconhecidos e premiados em todo o mundo. “Apresentamos novas safras, lançamentos e tendências a sommeliers, chefs, donos de lojas, empórios e importadoras, que são canais vitais entre os produtores e o consumidor final. O Tasting Wines of Chile em SP é a grande oportunidade de reunirmos nossos vinhos em um encontro com profissionais de diferentes cidades, que repercutem as novidades em seus mercados”, resume Angelica Valenzuela, diretora comercial da Wines of Chile, associação que promove a indústria vitivinícola chilena no mercado internacional.
Reforçando a estratégia de comunicar os vinhos premium do Chile no Brasil, o premiado sommelier Manoel Beato, responsável pelas cartas de vinhos do luxuoso grupo Fasano, foi convocado para conduzir uma masterclass de 10 vinhos ícones com preço acima de R$ 200. A masterclass abriu a programação da 9ª edição do Tasting Wines of Chile em São Paulo. Os eventos são exclusivos para profissionais do setor.
Wines of Chile –
A Wines of Chile é a associação responsável por divulgar os vinhos chilenos no mercado mundial. Além de sua sede em Santiago, tem escritórios em Nova York e Ásia, e representantes no Brasil, Canadá e Londres. Trabalha em parceria com a ProChile (Direção de Promoção de Exportações, instituição do Ministério de Relações Exteriores do Chile) para desenvolver e oferecer programas promocionais e educacionais na Ásia, América (Norte e Sul) e Europa. www.winesofchile.org
A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados:
01. – Cuarteles Experimentales Santa Carolina País 2017 – Álcool: 11% – Preço: R$ 200,38 – vermelho-rubi límpido, brilhante, com reflexo violáceo. Aberto nos aromas com a fruta se destacando: muita cereja e framboesa. Paladar no mesmo diapasão. Aqui os taninos são finos no lugar da rusticidade habitual da variedade. Corpo médio, bom frescor e persistência final média/curta num tinto equilibrado, um dos melhores exemplares dessa antiga casta chilena. Avaliação: 89/100 pts.
02. – Cono Sur Vinte Barricas Pinot Noir 2017 – Álcool: 14,3% – Região: Vale de Casablanca – Preço: R$ 220,00 – elaborado com uvas dos vinhedos “El Triangulo” e do “Fundo Campo Lindo”, exibiu cor intensa com nítido reflexo violáceo límpido e brilhante. No nariz aromas complexos com destaque para notas de frutas negras sobre um fundo levemente balsâmico. Na boca taninos macios, média acidez, álcool generoso completando um conjunto de grande fluidez mas que fica devendo um pouco mais de tipicidade, o que chega a causar alguma estranheza eis que essa vinícola sempre se notabilizou por elaborar Pinots corretos e de boa tipicidade no Chile, quiçá no Novo Mundo. Suponho que um pouco menos de madeira para lhe agregar mais fruta…mas inegavelmente é um vinho prazeroso! Avaliação: 88-89/100 pts.
03. – Ventisquero Tara Chardonnay 2016 – Álcool: 12,5% – Região: Atacama (próxima ao deserto) – Preço: R$ 364,90 – Amarelo-palha com ligeira turbidez. Notas de madeira predominam inicialmente para ceder espaço para aromas que lembram fruta cítrica bem madura, damasco, carambola, pêssego em calda sobre uma ponta defumada. Na boca é seco, mineral (quase salino), volumoso, com a confirmação do cítrico maduro do nariz. Tem boa tipicidade, mas poderia ter mais acidez. Terminou persistente, salino, sem amargor. Avaliação: 89/100 pts.+
04. – Ritual Supertuga Chardonnay 2016 – Álcool: 14% – Região: Vale de Casablanca – Preço: R$ 275,00 – vinhedos cultivados de forma orgânica, o mosto amadureceu onze meses em barrica de carvalho francês – aqui estamos diante de um excelente branco representante do Vale de Casablanca, resultado da incursão do gigante espanhol González-Byass no Chile. Um Chardonnay clássico com bons aromas, mineralidade, bastante fruta, corpo pleno, fiel ao estilo da variedade. Um dos destaques da degustação em razão da sensação de frescor e persistência deixadas no palato. Avaliação: 90/100 pts.+
05. – Maquis Franco Cabernet Franc 2013 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Colchágua – Preço: não divulgado (a safra 2010 está por R$ 656,65 no domno.com.br) – Intensa coloração vermelho-rubi profunda, sem halo de envelhecimento apesar dos seis anos. No nariz personalidade e complexidade são seus destaques. A Cabernet Franc é uma das mais aromáticas variedades bordalesas e aqui não foi diferente. O início é de fruta madura, com notas de amora e figo. À medida que evolui, transparecem notas terrosas, minerais e o herbáceo fino que caracteriza a variedade. No paladar tem taninos muito macios, é encorpado, cheio de camadas, regido pelo pleno equilíbrio de seus componentes. Dotado de boa acidez, é um vinho longevo, que está num ótimo momento mas que continuará a evoluir na garrafa nos próximos anos. Seu sabor remete a chocolate amargo. O estilo é de um vinho de clima quente (em Colchágua há setores mais quentes do que frescos/frios) mas muito elegante, por conta de seu frutado maduro e de sua sólida estrutura e volume, sem os habituais exageros. Enfim, um excepcional Cabernet Franc! Avaliação: 92/100 pts.++
06. – Des Complicados Black Label Syrah 2017 – Álcool: 14% – Região: Vale do Maule – Preço: R$ 300 – Púrpura brilhante com reflexo azulado a prenunciar um tinto de grande extração. Nariz intenso e complexo com notas florais (violetas), groselha, amora sobre um fundo ligeiramente herbáceo. No paladar sua entrada revelou um vinho quente, macio, concentrado, musculoso, como convém a um legítimo Syrah. Flui deliciosamente, tem a esperada suculência, amadurece 18 meses em barricas francesas de primeiro uso e suas uvas vem de um setor fresco do Maule. Uma prova de que a Syrah é a variedade francesa de melhor adaptação à diversidade de terroirs do Chile. Avaliação: 90-91/100 pts.+
07. – Siegel Family Wines Ketran Cordón de Fuego 2013 – Variedades: Syrah (35%), Petit Verdot (30%), Carménère (25%) e Cabernet Franc (10%) – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Colchágua – Preço: R$ 990,00 – elaborado com uvas cultivadas em San Fernando, no Fundo Los Lingues, amadurecido 30 meses em barricas de carvalho francês e afinado por mais doze meses em garrafa antes de sua liberação ao mercado, este imponente tinto apresentou cor intensa, quase retinta, com pouca evolução. Aromas fechados, quase unidimensionais. No paladar a sua entrada revelou expressão gustativa, taninos macios, álcool generoso sem incomodar num tinto agradável de se beber, mas com a madeira se destacando mais do que a fruta. O final é persistente, mas pede mais algum tempo de garrafa para o correto afinamento do conjunto. Avaliação: 88/100 pts.+
08. – 380 Codigo de Familia Aresti 2012 – Variedades: Cabernet Sauvignon, Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Curicó – Preço: R$ 600,00 – Retinto na cor, tem aromas finos mas pouco intensos. Na boca é um vinho de taninos presentes com discreta sobra de álcool, razoável expressão de fruta e boa persistência, sem amargor ou qualquer aspereza. Avaliação: 88/100 pts.
09. – Perez Cruz Quelen 2013 – Variedades: Petit Verdot (52%), Côt (Malbec 28%) e Carménère (20%) – Álcool: 14,2% – Região: Vale do Maipo – Preço: R$ 280,00 – vinho amadurecido 16 meses em barricas francesas novas e de segundo uso em partes iguais. Na taça sua cor profunda denuncia sua boa extração. Aromas complexos: fruta em compota (goiabada), especiarias, tostado sobre um fundo mentolado com ampla sustentação. Na boca revelou-se um tinto de perfil amigável com tudo no lugar certo: álcool, madeira, fruta, acidez e taninos. O resultado é um caldo potente, concentrado, mas sem os habituais exageros. Frutado, termina longo, remetendo o degustador às sensações olfativas iniciais. Enfim, mais um excelente tinto do Alto Maipo, de um corte de variedades pouco usual mas de grande tipicidade. Avaliação: 90-91/100 pts.+
10. – Casa Silva Single Block S38 Cabernet Sauvignon D.O. Los Lingues 2016 – Álcool: 14,5% – Preço: R$ 398,00 – vinho amadurecido em barricas novas de carvalho francês por 14 meses. As melhores barricas são selecionadas por degustação e misturadas depois. Após o engarrafamento, o vinho afina por mais um ano em garrafa antes de ser lançado no mercado. Los Lingues é um dos setores mais frescos de Colchágua em razão da sua proximidade da Cordilheira. Vamos ao vinho: vermelho-rubi intenso com reflexo violáceo e halo púrpura a indicar um vinho jovem. Aromas típicos da Cabernet Sauvignon no Chile com uma profusão de notas balsâmicas, licor de cassis, pimenta-do-reino, mentol sobre fruta vermelha e negra. Paladar intenso, sofisticado, no qual a maciez dos taninos, o álcool integrado e a perfeita comunhão da madeira com a fruta resultam num vinho concentrado, amplo e profundo, a revelar toda expertise do enólogo-chefe da Casa Silva, o conhecido Mario Geisse na elaboração de vinhos de classe internacional. Termina expressivo, persistente e empolgante, demonstrando grande potencial de guarda. Avaliação: 92/100 pts.++
CONCLUSÃO –
A degustação revelou que os vinhos chilenos premium são de ótima qualidade, mas há espaço de sobra para crescimento neste segmento do mercado brasileiro. Com a diversidade de terroirs existentes nos vales chilenos, alguns produtores mais atentos estão a produzir vinhos com sentido de lugar, com novas variedades e métodos modernos conjugados com métodos ancestrais, portanto, basta que cheguem ao Brasil com precificação correta e uma boa divulgação para disputarem espaço no portfólio das melhores importadoras e até supermercados. De certa forma isto já acontece, mas à partir de certa faixa de preço, os vinhos do Velho Mundo chamam muito a atenção dos consumidores brasileiros. Mas a degustação serviu para demonstrar justamente isso: os produtos chilenos, campeões mundiais no quesito “preço-qualidade”, têm atributos suficientes para crescer nos segmentos superiores, não somente por sua intrínseca qualidade, mas também porque já contam com a simpatia do consumidor brasileiro!